Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!
Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Resenha de Filme - Corações de Ferro

Corações De Ferro. Bom Filme De Guerra, Apesar Dos Clichês.
O cinema mais uma vez aborda o tema da Segunda Guerra Mundial. O filme “Corações de Ferro” (“Fury”, 2014) é estrelado por Brad Pitt e enfoca a fase final da guerra, quando as tropas aliadas já haviam invadido a Normandia e chegado ao território alemão. Faltava pouco para o fim da guerra. Mas a situação dos americanos no “front” alemão era contraditória à situação do fim da guerra, já que os tanques alemães eram bem mais fortes e resistentes que os americanos. Somado a isso, estava o fato de que os alemães buscavam rechaçar o ataque aliado em pleno território pátrio, combatendo com muito mais ferocidade. O sargento Don (interpretado por Pitt) comandava cinco soldados que faziam parte da equipe do tanque “Fury”, que avançava bem na linha de frente, evitando que os alemães conquistassem posições estratégicas importantes. A quantidade exagerada de mortes levou um datilógrafo, Roman (interpretado por Logan Lerman) a fazer parte da equipe, depois da morte de um dos membros do “Fury”. Roman terá que se adaptar a toda a violência da guerra e à matança totalmente indiscriminada, para poder sobreviver. Dentre o staff do tanque Fury, ainda temos a presença do militar cujo apelido é “Bíblia”, já que ele sempre lê o livro sagrado e faz pequenas citações no dia a dia. Esse personagem é interpretado por Shia LaBeoulf, o jovem ator problema conhecido por “Transformers”.
Esse é um bom filme, apesar dos clichês. Vemos aqui o soldado sensível que não quer matar, sendo tripudiado por seus colegas e pelo seu superior, muito barbarizados pelas atrocidades da guerra. Outro clichê é o superior, o sargento Don que acaba amolecendo seu coração com o contato com o soldado sensível. O lampejo de amor impossível entre Roman e uma cidadã alemã é algo também um tanto que manjado. Todo filme de guerra também tem aquela coisa de virmos vários personagens que já sabemos que irão morrer como moscas ao final da história, numa situação sem saída.
Um aspecto curioso eram as cenas de combate. Os efeitos especiais para os tiros de balas traçantes e as explosões eram um tanto multicoloridos e, em alguns momentos, parecia que víamos um combate digno de  “Star Wars”. Esteticamente bonito, mas um tanto forçado. Outra curiosidade foi ver Brad Pitt falando em alemão, em contraste ao sotaque caipira de “Bastardos Inglórios”, aquele delírio divertido do Tarantino.
Quais as virtudes da película? Todo e qualquer filme que denuncie os horrores da guerra já é em si algo muito positivo. Embora não tenha o realismo daqueles trinta minutos iniciais de “O Resgate do Soldado Ryan”, o cenário da guerra foi bem reproduzido, onde um ambiente que nutria total desprezo pela existência humana unia aliados e nazistas. São emblemáticas duas situações. Numa delas, Roman limpa o sangue dentro do tanque depois que o corpo de seu antecessor é removido. No meio da poça de sangue, há um pedaço de rosto. A segunda situação mostra um corpo esmagado no meio da lama sendo mais destroçado ainda pelos tanques que passam. O filme também denunciou o uso cada vez maior de jovens nos campos de batalha, quando os exércitos já estavam bem exauridos, seja do lado dos aliados, seja dos nazistas. Os horrores da guerra eram mostrados em ambos os lados. Se os nazistas enforcavam alemães que se recusavam a combater, os aliados matavam indiscriminadamente soldados que já haviam se rendido, cometendo claramente crimes de guerra, embora toda a matança sempre fosse legitimada com a máxima de “matar ou morrer”. Mas o momento mais interessante do filme, que talvez tenha levado a uma reflexão mais profunda, foi a frase do sargento Don a Roman depois de lhe apresentar uma sala com membros da elite nazista que haviam se suicidado: “os ideais são belos, mas a História é violenta”. Uma passagem tocante é a aquela onde os soldados de Don se recordam, cheios de lágrimas nos olhos, que foram obrigados a matar cavalos para que os nazistas não o aproveitassem, enquanto matavam soldados nazistas indefesos às gargalhadas (sobretudo os da SS), exibindo os paradoxos da guerra.

Dessa forma, “Corações de Ferro” é um filme de guerra típico, com todos os clichês que estamos acostumados a ver nessa situação. Mas o filme também tem suas atrações e virtudes como o fato de não recair na dicotomia bem X mal entre aliados e nazistas. Vemos nazistas tomando atitudes nobres e aliados tomando atitudes odiosas, algo que somente nos lembra de como a guerra desumaniza o ser humano, seja de qual lado ele for, mas que também o humano em sua essência pode sobreviver em situações de adversidade total. Vale a pena dar uma conferida.

Cartaz do filme


Don, um sargento extremamente duro


A equipe do "Fury"


Roman e Don. Relação conflituosa


Amor impossível




segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Impressões Sobre o Oscar 2015

Impressões Sobre O Oscar 2015.
E “Birdman” foi o grande vencedor da noite do Oscar 2015. O filme dos longos planos-sequência ganhou quatro estatuetas (filme, diretor, roteiro original e fotografia), consagrando o diretor Alejandro Iñárritu e dando uma espécie de “bicampeonato” de diretores para o México, já que no ano passado, outro diretor mexicano, Alfonso Cuarón, levou a estatueta por “Gravidade”. Outro filme que fez bonito foi “Grande Hotel Budapeste”, levando também quatro estatuetas, mas por prêmios técnicos (maquiagem, trilha sonora, direção de arte e figurino). “Whiplash” veio em seguida com três estatuetas (ator coadjuvante, mixagem de som e montagem). Todos os prêmios pareceram muito merecidos.
No mais, Eddie Redmayne ganhou a estatueta de ator por “A Teoria de Tudo”, mas não seria nenhum escândalo se Michael Keaton ganhasse. Julianne Moore era barbada para melhor atriz. Patricia Arquette, outra barbada, para atriz coadjuvante (foi lamentável ver “Boyhood” ganhar apenas esse Oscar, já que o filme teve uma proposta interessantíssima que foi a de filmar por doze anos, onde víamos os efeitos do tempo nos protagonistas.). Também foi chato ver “O Jogo da Imitação” ganhando só o roteiro adaptado. Uma grande pena “Foxcatcher” não ganhar nada. Merecia a maquiagem, pois Steve Carell estava irreconhecível como John Du Pont. A injustiça contra “Selma” foi parcialmente reparada com o Oscar de Melhor canção e lágrimas de David Oyelowo e até de Chris Pine, o capitão Kirk atual; só não se sabe se foram sinceras ou interpretadas. Muito legal foi ver “Operação Big Hero” e “Feast” ganhar as estatuetas de longa e curta de animação. “Feast” era o desenho do cachorrinho comilão que foi exibido antes de “Operação Big Hero”. Um prêmio merecido para “Interstellar” por efeitos visuais, onde o cinema imaginou um Universo em quatro dimensões. Com relação ao filme estrangeiro, “Ida”, filme polonês em preto e branco, com maravilhosa fotografia, ganhou de forma merecida, embora eu torcesse para o filme russo “Leviatã”. O Brasil tomou mais um sacode em longa de documentário. “Sal da Terra”, que fala do fotógrafo Sebastião Salgado e foi dirigido pelo filho do fotógrafo e por ninguém mais do que o lendário diretor alemão Win Winders, perdeu para “Citizen Four”, que falava sobre Edward Snowden, favoritíssimo por sinal (o Brasil realmente sempre dá um azar danado em matéria de Oscar). Ah, o “Sniper Americano” ganhou só em edição de som, um premiozinho técnico, talvez por contemplar a alta bilheteria nos Estados Unidos.
O grande momento da festa, sem dúvida foi a homenagem aos cinquenta anos de “A Noviça Rebelde” com Lady Gaga, lindíssima, com uma voz perfeita, cantando algumas músicas do lendário filme, com depois a doce presença de Julie Andrews no palco.
O que podemos dizer da premiação? Parece que buscou-se contemplar vários filmes, não concentrando as estatuetas em apenas poucas películas. Dessa forma, muita gente ficou feliz. Os indies (independentes) também tiveram muito espaço na premiação esse ano, o que é algo interessante, pois a diversidade e a variedade são contempladas. Só é de se lamentar que a maioria dos indicados tenha sido de homens brancos (ainda não engoli o que fizeram com “Selma” e com “Invencível”, da Angelina Jolie, que também não ganhou nada). De qualquer forma, discursos políticos marcaram a festa. Patricia Arquette lembrou que as mulheres têm salários menores que os homens nos Estados Unidos. A luta dos negros pelo direito de voto foi lembrada na premiação da canção “Glory”, de “Selma”. Iñárritu pediu que os mexicanos escolhessem seus líderes com mais consciência. O roteirista de “O Jogo da Imitação” confidenciou a todos que tentou o suicídio quando jovem, pois não se sentia encaixado em lugar nenhum na sociedade e estimulou os que sentem o mesmo a lutar e buscar um lugar ao Sol. Bonitos discursos.

Assim, posso dizer que valeu a pena ficar acordado até duas e meia da manhã para ver os filmes assistidos no cinema durante as férias receberem suas premiações. Ah, e outra certeza: odeio mortalmente os paredões do Big Brother Brasil que mutilam a transmissão da festa do Oscar todos os anos. Deprimente. É duro ser cinéfilo em terras tupiniquins...


Alejandro Iñárritu, o grande vencedor da noite. 


Eddie Redmayne, melhor ator


Jullianne Moore, melhor atriz


Oscar merecidíssimo de ator coadjuvante para J. K. Simmons


Patricia Arquette defendendo as mulheres nos Estados Unidos



Boa participação de Lady Gaga...



,,, e de Julie Andrews.



David Oyelowo foi às lágrimas na premiação de "Selma"





domingo, 22 de fevereiro de 2015

Resenha de Filme - Dois Dias, Uma Noite

Dois Dias, Uma Noite. Novamente, A Face Maldita Do Capitalismo.
Mais um filme que aborda da crueldade do sistema capitalista. “Dois Dias, Uma Noite” tem uma indicação para Oscar de melhor atriz para Marion Cottilard que, diga-se de passagem, já ganhou um Oscar em 2008 interpretando Piaf. Dessa vez, a atriz interpreta Sandra, uma trabalhadora de fábrica na Bélgica, que adoece e passa alguns dias em casa. Seu patrão irá fazer com que os demais trabalhadores do setor onde Sandra trabalha cubram as horas que a moça está faltando, dando-lhes um bônus de mil euros. Com isso, o patrão percebeu que poderia aumentar a carga horária de seus empregados e demitir Sandra, cortando custos. Mas Sandra já se recuperou de sua doença e quer voltar a trabalhar. O problema é que, se ela voltar ao trabalho, os seus colegas perdem o bônus de mil euros. Tudo isso será decidido numa votação entre os trabalhadores. Caberá a Sandra, então, visitar seus colegas em um fim de semana, para convencê-los a abrir mão de seus bônus para ela ter seu emprego de volta.
Pela sinopse, dá para perceber que o clima do filme é extremamente tenso, não havendo mocinhos e bandidos, apenas vítimas do sistema. O capitalismo, mais uma vez, é coroado (com todos os louros, diga-se de passagem) o grande vilão da situação. Já falamos aqui de outros filmes que abordam como o neoliberalismo, há alguns anos atrás, e a crise mundial em anos mais recentes, achatam a classe trabalhadora e, por que não, toda a sociedade em si. Enquanto Sandra luta desesperadamente pelo seu emprego, sob pena de perder até o lugar em que vive, as pessoas que votarão pelo futuro da moça também são muito vulneráveis a perdas. Algumas se solidarizam e a ajudam, enquanto que outras não podem fazer isso, simplesmente por falta de opção e que precisam desesperadamente desse dinheiro extra. Toda essa situação só provoca um verdadeiro desmoronamento emocional em nossa protagonista, que se culpa a cada visita, quando ela percebe que provoca brigas internas dentro dos lares pelos quais passa. É algo totalmente cruel e doloroso para todos. Um individualismo exacerbado do tipo “o meu pirão primeiro” que o sistema provoca, levando a todo o tipo de tensão.  Há, inclusive, um dos funcionários da fábrica que faz uma propaganda contrária à Sandra, induzindo seus colegas a votarem pelo bônus.
Não é preciso nem dizer que o filme orbita em torno de Marion Cottilard, que realmente deu um show. Sua cara simultaneamente doce e abatida nos dá muito dó. Apesar da também boa atuação de Fabrizio Rongione como Manu, o marido de Sandra, não dá para não reconhecer que vemos um filme de Sandra, sobre Sandra e para Sandra. Sandra, a frágil. Sandra, a lutadora. Sandra, que se indigna com a injustiça contra ela e contra seus amigos. Uma personagem forte e delicada ao mesmo tempo. Tudo de bom. E um vilão invisível, mas muito presente, com táticas sórdidas de divisão das pessoas, para que ele possa expandir todos os tentáculos malignos de sua exploração sobre os menos favorecidos.

Já cansei de falar neste meu humilde espacinho da importância maior dos filmes, que é a de fazer pensar, ideia já mencionada pelo grande cineasta polonês Andrzej Wajda. E “Dois Dias, Uma Noite” cumpre esse propósito ao lado de filmes como “Miss Violence” e “Segunda-Feira ao Sol”, já resenhados aqui. Tais filmes são extremamente necessários, pois nos identificamos com eles, são filmes de denúncia, que gritam para acordar a gente sobre os rumos pelos quais conduziremos nosso mundo no futuro. Filmes de alerta e reflexão. Filmes que devem ser sempre vistos e celebrados. Não deixem de assistir, não importa a forma, seja nas telonas, no aparelho de DVD, blu-ray, ou nos canais (bons) de TV a cabo...

Cartaz do filme


Sandra. Vítima do sistema.


Futuro incerto.


Conseguindo convencer alguns amigos...


Mas, com relação a outros...


Em algumas casas, sua presença destruiu relacionamentos...



Momentos de muita fragilidade...


Ambiente tenso no dia da votação...


Essa excelente atriz concorre ao Oscar hoje. Será que ela consegue, com filme tão agressivo ao sistema?

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Resenha de Filme - Sniper Americano

Sniper Americano. Dificuldades Em Tempos De Guerra E Paz.
Mais um candidato ao Oscar este ano. “Sniper Americano”, de Clint Eastwood, concorre a seis estatuetas (filme, ator para Bradley Cooper, roteiro adaptado, montagem, edição de som e mixagem de som). Esse filme mexe na turbulenta história recente dos Estados Unidos da era de Bush e do terrorismo. Uma história real e trágica, que conta os horrores de uma guerra recente mal exposta pela mídia, criando uma geração de veteranos sem voz numa sociedade com livre acesso à informação, por mais paradoxal que isso possa parecer.
Vemos aqui a história do texano Chris Kyle (interpretado por Bradley Cooper), um rapaz do campo que dividia o seu tempo entre a fazenda da família e rodeios onde ele montava cavalos. Sua vida parecia meio que sem rumo até que um dia ele viu no plantão do telejornal um atentado a uma embaixada americana na África. Isso despertou no cowboy o desejo de defender o seu país dos “inimigos dos Estados Unidos” tal como era apresentado no telejornal. Assim, ele irá tardiamente (beirava os trinta anos) se alistar nos SEALs da Marinha e ser submetido a rigoroso treinamento. Enquanto se preparava para os reais campos de batalha, ele se casou e houve o atentado às torres gêmeas. Isso só atiçava seu patriotismo contra os tais inimigos. Até que o moço foi enviado ao Iraque, ocupando inicialmente o posto de franco atirador, já que tinha muita experiência com armas e miras, pois caçava nos bosques com seu pai quando era criança. O problema é que ele começou a matar muita gente e ficou conhecido pelos soldados como “Lenda”. Isso fazia com que ele se sentisse na obrigação de continuar na guerra, voltando novamente para os campos de batalha com o objetivo de defender a América, para o desespero de sua esposa e filhos.
O filme peca por retratar os iraquianos como verdadeiros vilões, onde ninguém presta. Eles se comportam como inimigos dos americanos. Todos, com raríssimas exceções. Um sheik chega a ajudar os invasores, mas desde que eles lhe paguem cem mil dólares.  A trama passa uma ideia bem maniqueísta da coisa. Mas a história também tem suas virtudes. Se ela recebeu algumas críticas por não julgar os atos do protagonista, também devemos nos lembrar que a construção da ideia do inimigo aparece em sutis momentos ao longo da vida de Chris, como no almoço em sua infância onde o pai fala de carneiros (pessoas boas sem agressividade), lobos (pessoas extremamente agressivas) e cães pastores (pessoas que defendem os bons sendo agressivos com os inimigos), ressaltando que em sua família não haverá carneiros, mas sim cães pastores. A retórica do inimigo também aparece no telejornal que rotula os terroristas que destruíram a embaixada americana como “inimigos da América”. Todas essas ideias aparecem em alguns pontos do filme e fazem a cabeça de nosso personagem principal. O questionamento de se estar no campo de batalha também é nítido, sobretudo na figura do irmão de Chris. Os dois se encontram num aeroporto do Iraque, o irmão retornando para casa, nitidamente perturbado e mandando esse lugar (Iraque) para o inferno (para não dizer o que foi citado na película, de mais baixo calão), sob o olhar perplexo de Chris.
Outro elemento muito importante do filme são os efeitos que a guerra provoca em nosso protagonista. Embora aparente sempre estar totalmente protegido dos traumas de guerra, vemos que Chris realmente sofre os efeitos dos campos de batalha. Uma paranoia latente o torna distante da esposa e dos filhos. E ele só vai conseguir lidar melhor com isso quando se relaciona com os veteranos de  guerra, para aplacar seus traumas. Esse é, aliás, um grande favor que o filme nos presta. Se víamos nos telejornais a invasão das tropas americanas aos países do Oriente Médio como o Iraque e o Afeganistão, não soubemos, entretanto, dos detalhes dessa guerra. E “Sniper Americano” nos alerta da existência de veteranos da invasão do Iraque, mutilados em seus corpos e almas. Uma coisa que parece que é meio que varrida para debaixo do tapete pela mídia. São poucas as reportagens que falam desses ex-combatentes americanos. E sabe-se lá o que aconteceu com os iraquianos.

Assim, “Sniper Americano”, apesar de promover certa demonização dos iraquianos, é um bom filme por sutilmente questionar uma retórica belicista e invasiva dos americanos e por abordar mais uma vez uma história real, uma tendência do cinema americano dos últimos tempos.

 
Cartaz do filme


To kill or not to kill?


O inimigo é qualquer um... Fogo!!!!


Dificuldades de relacionamento com a família


Retornando para matar mais motherfuckers!!!


Clint Eastwood. Cada vez mais um bom diretor, apesar das ressalvas neste filme...


 O verdadeiro Sniper....

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Resenha de Filme - Se Fazendo de Morto

Se Fazendo De Morto. Comédia Francesa Vestida de Thriller Policial.
Um bom filme francês. “Se Fazendo de Morto” (2013) tem uma dupla virtude. É uma comédia e, ao mesmo tempo, um interessante thriller policial. Estrelado por François Damiens (o mesmo de “A Família Belier” e “Tango Libre”), vemos aqui a história de Jean (interpretado pot Damiens), um ator que ganhou um César (premiação do cinema francês), como revelação de ator em 1987. Entretanto, sua carreira promissora foi interrompida por ele mesmo ao tratar com rispidez as equipes de filmagem com quem trabalhava, em nome de um profissionalismo perfeito. Com sua chatice extrema, ninguém mais queria lhe dar trabalho e ele ganhava a vida fazendo propagandas de supositórios. Um dia, na agência de empregos, lhe surgiu uma oportunidade: fazer o papel de vítima nas reconstituições de assassinatos feitas pela polícia. Ele é então enviado para uma pequena cidade nas montanhas, onde será feita a reconstituição de um assassinato. Lá, ele vai conhecer a juíza Noémie (interpretada pela bela Géraldine Nakache), com quem vai se desentender... e se apaixonar. Uma série de situações engraçadas vai aparecer na reconstituição. E, ao mesmo tempo, Jean irá questionar o que aconteceu nos crimes, dando um novo rumo às investigações, dando um caráter mais policial à trama.
A comédia permeia todo o filme, tornando-o um bom entretenimento. Mas a elucidação do mistério do crime será um elemento a mais para prender a atenção. O personagem de Jean era muito interessante. De nome Jean Renault, todos faziam uma piada usando o nome do consagrado ator Jean Reno, cuja pronúncia é semelhante, o que irritava bastante nosso protagonista. As situações entre Jean e Noémie eram engraçadas. No início, havia uma repulsa entre eles, em virtude de Jean tê-la cantado no trem a caminho da cidadezinha, e a coisa piorou quando o ator teve seus arroubos de estrelismo nas reconstituições. O filme também tem a boa participação da atriz Anne Le Ny, a riponga de “Atila Marcel”, interpretando a dona do hotel onde Jean e Noémie estavam hospedados. Lucien Jean-Bapiste é outro ator de destaque, interpretando o policial Lamy, que acaba se tornando um dos suspeitos do crime.

O filme não tem grandes mensagens ou reflexões. É apenas entretenimento puro, com a virtude de trabalhar de forma competente dois gêneros. Um bom passatempo, com bons atores do cinema francês.

Cartaz do Filme


Jean Renault, um ator tentando elucidar um crime 


Relações turbulentas com a juíza.


Reconstituições hilárias


Todos acham que o carinha de gorro é o assassino, menos Jean...



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Resenha de Filme - A Entrevista

A Entrevista. Muito Barulho Por Nada.
O fim da picada. É o melhor que a gente pode falar do polêmico “A Entrevista”, estrelado por James Franco e Seth Rogen. Só para recordarmos, o filme ficou muito em evidência na mídia, pois retrataria o assassinato do líder da Coreia do Norte Kim Jong-um. É óbvio que o pessoal da Coreia do Norte não ficou nem um pouco satisfeito com isso e o site da Sony, que produziu o filme, passou a ser atacado por hackers e sofrer ameaças. Isso fez com que a empresa adiasse a estreia do filme, fazendo isso com toda a cautela possível, o que despertou críticas dos defensores da liberdade de expressão. O efeito prático de tudo isso ao fim das contas foi que o filme ganhou um marketing e tanto. E todos correram para ver.
E o que é esse filme? Vemos a história de um apresentador de TV, Dave Skylark (interpretado por Franco), que entrevista celebridades em pautas altamente vazias. Esse programa é produzido por Aaron Rapaport (interpretado por Rogen), que almeja fazer algo mais profissional e jornalístico. Surge, então, a ideia de entrevistar o líder máximo da Coreia do Norte, que naquele momento ameaçava a costa oeste americana com ogivas nucleares. Os dois vão para lá e Dave começa a se identificar com o ditador coreano, que dá uma de bom moço, com o objetivo de manipular o apresentador. Ao mesmo tempo, os americanos são obrigados pela CIA a cumprir um plano para assassinar o ditador.
Sinceramente, até que não é uma má ideia para um filme. Uma boa comédia poderia ser produzida a partir daí. Só que não foi isso que foi visto. Em primeiro lugar, as piadas são cheias de expressões idiomáticas e gírias americanas, que ficam difíceis de ser compreendidas por públicos de outros países, em virtude do contexto. As legendas ficavam sem sentido e a coisa perdia a graça, ficando até idiota. Um filme feito apenas para o nicho dos Estados Unidos. Eu me lembro que algo semelhante ocorreu com a turma do Casseta e Planeta, pois, provenientes do Rio, eles faziam piadas que, às vezes, soavam familiares somente para os cariocas, como parodiar ao comercial da Refrigeração Cascadura na chamada das Organizações Tabajara. Isso não tinha a mesma graça para um paulista, mineiro, baiano ou gaúcho. E aí, os cassetas tiveram que rever isso, momento em que surgiram muitas sátiras à novelas da Globo, de abrangência mais nacional. Como eu já disse em outros carnavais, fazer humorismo não é coisa fácil.
Mas, voltemos ao filme. Além do sério problema das piadas culturalmente restritas a apenas um local, as piadas mais “abrangentes” eram de baixíssimo calão, tornando-se enjoativas e forçadas. Toda hora aparecia alguém enfiando alguma coisa no cu de alguém. Era um horror... o relacionamento entre Skylark e Rapaport também era algo complicado, onde Skylark fazia referências doentias à Trilogia “Senhor dos Anéis” para insinuar um homossexualismo entre os dois. Não era engraçado. Era de dar nojo. A galera LGBT se sentiria ultrajada em ver aquilo, pela idiotice da coisa. Aliás, a idiotice é o carro-chefe do filme. Os personagens principais são todos imbecis de carteirinha, a começar pela dupla de protagonistas. A idiotice de Skylark beira a insanidade. Rapaport consegue ser mais imbecil, pois é enrolado por Skylark. O ditador chora com músicas da Kate Perry. É difícil, meus amigos, é difícil.
O único momento de lucidez do filme está num trechinho da entrevista onde Skylark, fingindo agradar o líder, pergunta a ele se acha justo os Estados Unidos, que têm milhares de ogivas nucleares, não querer que a Coreia do Norte tenha as suas. E só. Muito pouco.

Um desperdício de celuloide esse filme. Nem as comédias americanas mais bobinhas são tão idiotas assim. E era uma boa ideia. Era...

Cartaz do filme


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Duas bestas

Amizade com o ditador


Sofrível...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Resenha de Filme - Amor, Plástico e Barulho

Amor, Plástico E Barulho. Ascensão E Queda De Um Grupo Brega.
Filme brasileiro de 2013 que só passou nas telas há pouco tempo. “Amor, Plástico e Barulho” conta, de forma fictícia, uma situação que pode ser encarada como bem real: as bandas de música brega no Nordeste e de como são efêmeras em sua existência. Vemos como pessoas simples do povo veem na carreira artística a única chance em suas vidas. E como essas chances se desmoronam como castelos de cartas. Uma fama descartável e rapidamente consumível para uma queda cruel no ostracismo.
O filme se centra em duas personagens. A jovem Shelly (interpretada por Nash Laila) tem como grande sonho ser uma cantora de um grupo brega. A moça, praticamente menina, se inspirará em Jaqueline (interpretada por Maeve Jinkings), a vocalista principal do grupo que faz parte. As relações humanas são altamente turbulentas, baseadas em interesses, onde as protagonistas fazem favores sexuais em troca de mais chances de participações em grupos, ou até de apenas fazer um bom vídeo na internet para divulgação. Favores sexuais que depois provocam divergências entre as aspirantes de cantoras e dançarinas. O sonho das protagonistas é estar no programa local de música brega e ter uma agenda de shows, algo que não se mantém por muito tempo. Nas palavras de Jaqueline, a fama é frágil como um copinho de plástico, que se rasga enquanto se está bebendo e que depois ainda é amassado.
É uma história muito triste, em virtude do dilaceramento de corações e mentes. E mais triste ainda em saber que ela pode ser mais real e cruel do que se imagina. Fruto de um povo criado e formado de jeito totalmente displicente, abandonado pelo Estado, onde as perspectivas de futuro são muito sombrias. Tudo é dança, mídia, showbiz. Um conto de fadas entortado, que provoca dor, sofrimento, humilhação e até doenças, como a labirintite de Jaqueline em virtude do contato com o barulho excessivo das caixas de som dos shows. E, quando não se está mais em evidência na mídia, simplesmente se descarta. E resta afogar as mágoas nos frágeis copinhos de plástico cheios de cerveja, a indignação ao ser comparada com uma garota de programa e o sonho acordado no ônibus, que se torna uma grande festa regada a muita purpurina.
Enquanto no submundo se destroem sonhos, logo ali ao lado sobem espigões e shoppings ultramodernos, alheios à miséria. Mas a legião de desfavorecidos não quer se sentir excluída. É sintomática a inauguração do shopping center, onde hordas de população mais pobre invadem o prédio, chegando a destruir as portas de acesso. É o choque de classes sociais numa relação conflituosa.
No mais, resta o desabafo de Jaqueline, que quer mostrar todo o seu talento como cantora numa passagem de som dentro de um clubeco onde se cantará em playback. Apesar de ser um esforço completamente sem sentido, Jaqueline procurou se portar da maneira mais profissional possível. Nunca um “chupa que é de uva” assumiu tons tão melodramáticos.

Dessa forma, “Amor, Plástico e Barulho” é um verdadeiro tapa em nossa cara no que se refere a mostrar de forma nua e crua a destruição de perspectivas e sonhos dos menos favorecidos no Brasil, deixando-os num beco sem saída. Um filme que dói e deve ser visto.


Cartaz do filme


Jaqueline. A estrela que ascensão e queda rápidas...


 Shelly. Buscando um lugar ao Sol.


Curto estrelato


Conflitos na busca pelo sucesso...


Um arremedo de conto de fadas. Muito pouco para uma vida sofrida...


Decadência. Humilhação em pleno palco...


Confundida com garota de programa...


Resta apenas o sonho acordado no ônibus...


Promovendo um filme essencial...



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Resenha de Filme - Selma

Selma. Desconstruindo Um Mito.
O ano de 2015 já tem uma grande injustiça, que é o fato do filme “Selma” ter poucas indicações ao Oscar (apenas filme e trilha sonora original), ganhando o globo de ouro por melhor canção (“Glory”). Esse excelente filme dirigido por Ava DuVernay, escrito por Paul Webb e que tem entre os produtores executivos Oprah Winfrey e Brad Pitt,  trata da marcha pelos direitos civis e de voto para os negros nos Estados Unidos, orquestrada pelo pastor Martin Luther King Jr., e devia ter mais atenção da Academia. Racismo? Interesses comerciais? Esse não era o ano de “se premiar negros”? Difícil de dizer.
O que pode ser dito aqui é que “Selma” possui a óbvia virtude de denunciar o racismo e toda a sua truculência, sobretudo nos Estados Unidos, onde manifestações pacíficas terminavam em violentas pancadarias e até em mortes. Tudo isso porque a população negra americana queria um direito assegurado por lei, que era o direito de voto e, assim, escolher seus representantes no governo. Isso era visto com reservas pelo presidente Lyndon Johnson (interpretado por Tom Wilkinson) e com total repúdio pelo governador do Alabama, George Wallace (interpretado por Tim Roth). A estratégia de Martin Luther King Jr.(interpretado por David Oyelowo) era a mesma de Mahatma Gandhi, que conseguiu libertar a Índia do jugo inglês com uma tática de desobediência civil aplicada através de manifestações pacíficas. King organizou uma marcha de 80 quilômetros, indo da cidade de Selma até a cidade de Montgomery reivindicando o direito de voto. A polícia reagia com muita violência, agredindo os manifestantes negros com pauladas e até chicotadas. Isso provocou uma comoção nacional, pois tal agressividade era veiculada pela mídia, tanto nos telejornais da noite em horário nobre, quanto nos jornais de mídia impressa. E King aproveitava essa comoção para convocar todos os que estavam indignados (principalmente os religiosos) a participar da manifestação, o que trouxe muitos brancos e fez os racistas do Alabama recuarem. Uma estratégia calculada meticulosamente e que funcionou muito bem, já que até Lyndon Johnson recebeu pressões de manifestações em plenos jardins da Casa Branca.
Os bastidores das negociações entre King e a presidência são também explorados. Via-se uma preocupação do alto escalão do governo em preservar a integridade física de King, já que ele pregava uma solução pacífica, em detrimento de ativistas como Malcolm X, que queriam uma solução mais violenta e até hostilizavam as posições de King. O pastor recebia proteções do governo e era advertido sobre riscos de atentados. Por outro lado, o filme mostrava que todas as ligações telefônicas de King eram grampeadas e várias ligações anônimas eram feitas à sua casa, com o objetivo de desestabilizar o relacionamento com sua esposa. Pegando esse gancho, a grande virtude de “Selma” foi justamente humanizar o personagem de King. A boa interpretação de Oyelowo mostrou um pastor reticente, que reluta em tomar decisões e que é questionado por seus pares mais próximos, ou seja, uma figura humana com suas fraquezas e inseguranças, ao contrário de mitos, que parecem superiores, seguros de si e infalíveis. É, inclusive, insinuado que o pastor teve casos extraconjugais, algo que não fez a esposa se separar dele, pois ela sabia que existia uma estratégia deliberada de separá-los, como já foi dito acima. Assim, a figura de Martin Luther King Jr. torna-se mais humanizada nesse filme, o que nos ajuda a ter uma maior identificação com tão destacado personagem.
Com uma película tão cheia de virtudes, é realmente uma pena que ela não tenha sido contemplada com muitas indicações. “Selma” é um filme que cumpre a função social do cinema, que é denunciar e fazer pensar. Um filme que nos faz entender toda a turbulência da questão racial nos Estados Unidos de hoje. Um filme que nos mostra como as lutas entre brancos e negros têm um status de guerra civil, motivadas historicamente pela guerra de secessão. É um tanto inquietante ver uma quantidade enorme de bandeiras dos Estados Confederados do Sul no filme, seja nas mãos dos brancos ultrarracistas, seja no gabinete do governador Wallace. A permanência de tal símbolo em plena cultura americana do século XX é a prova viva de que a questão racial tem raízes muito mais profundas do que se pode imaginar e é um combate aberto e franco entre dois grupos étnicos, ao contrário do que ocorre no Brasil, onde um racismo latente é maquiado pelo mito da democracia racial e pela miscigenação.
Querelas sociológicas à parte, “Selma” é um excelente produto cinematográfico e deve ser visto pelos amantes do bom cinema, a despeito do que os membros da Academia pensaram do filme. Dê uma chegadinha ao cinema, indigne-se e emocione-se.


Cartaz do filme


Martin Luther King Jr. Ícone revisitado


A esposa, uma fiel escudeira


Manifestações sabiamente pacíficas


Encarando de frente a violência policial do sul americano.


Caminhada que reuniu até brancos...


...e representantes de outras religiões.


Debates tensos com Lyndon Johnson


Tim Roth como o governador Wallace


A diretora Ava DuVernay


Realidade e ficção. Mais um belo trabalho de caracterização.