Feito
Gente Grande: Crescemos Mesmo?
Mais um filme francês.
“Feito Gente Grande” conta a história de uma menininha, Rachel (interpretada
por Juliette Gombert), filha única de uma família judia, que passa a fazer
sessões de análise, já que dorme praticamente de uniforme e pasta da escola nas
costas. Os pais, por serem judeus e pelo filme passar no início da década de
1980, tiveram uma infância difícil em virtude das perseguições da Segunda
Guerra Mundial (o pai, inclusive, foi sobrevivente de Auschwitz), o que faz com
que a menina nunca possa pedir um brinquedinho mais carinho ou um conforto a
mais, já que os pais tiveram uma infância de tanto sofrimento e a mãe acha que
a filha deve ser condicionada desde cedo a abraçar causas sociais como combater
a fome na África. A partir das sessões de análise (tendo como psicóloga a atriz
Isabela Rosselini), Rachel começa a pôr as coisas em ordem. E a sua vida se
transforma mesmo na escola, ao conhecer a amiguinha Valérie (Anna Lemarchand),
uma menina muito espevitada, filha de mãe separada, não tão protetora quanto os
pais de Rachel. O barato desse filme será, então, a interação entre essas duas
famílias e, principalmente o relacionamento Rachel-Valérie e como esse
relacionamento muda as duas meninas. Tudo isso dentro da visão das crianças,
num universo infantil que torna o filme bonitinho e fofinho. Vemos, então,
situações como a paixão de Valérie pelo pai de Rachel, o quase caso entre o pai
de Rachel e a mãe de Valérie, a mãe de Rachel revigorando seu casamento depois
que a mãe de Valérie diz que o marido realmente ama muito a mãe de Rachel, o voyeurismo de Rachel e Valérie ao virem
a sua professora se relacionando sexualmente com o professor de educação
física, as primeiras expressões de baixo calão faladas pelas menininhas, etc.,
tudo isso num ambiente lúdico e de inocência que contrasta às vezes com
expressões mais pesadas, o que dá um tom gostosinho de humor ao filme. Tudo
seria muito legalzinho não fosse pelo destino de Valérie, que morre devido a
complicações de uma cirurgia de apendicite (complicações essas surgidas em
virtude de sua hipertrofia no coração, ao que Valérie dizia inocentemente que
tinha um grande coração!), sendo uma dose de choque de como a vida pode ser
cruel às vezes, desmoronando todo o castelo de cartas de uma visão mais
prosaica e amena das crianças. Outro detalhe que chama a atenção está no fato
de que os próprios adultos revelam ter suas inseguranças, principalmente a mãe
de Rachel, Colette (interpretada por Agnès Jaoui), numa mostra de que não é só
as crianças que precisam de sessões de análise. Fora isso, temos uma
comediazinha leve, despretensiosa, que aborda muito o Universo infantil. Uma
sessão da tarde à francesa em pleno Estação Botafogo. É isso que a gente pode
dizer de “Feito Gente Grande”. Entretenimento leve. Como dizia aquele locutor
ancestral, “simplezinho, mas bonitinho”. Nada mais que isso...
Cartaz do Filme
Valérie e Rachel
Isabela Rosselini, a
psicóloga
Rachel com seus pais.
Pai de Rachel entre
irmão e mãe de Valérie.
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