Eu
Não Faço a Menor Ideia do que Tô Fazendo Com a Minha Vida. E Você?
Incertezas,
inseguranças, fraquezas. E a única certeza de que nós humanos temos apenas a
nós mesmos. Essa é a principal lição deste filme brasileiro de título
quilométrico (“Eu não faço a menor ideia do que tô fazendo com a minha vida”).
A protagonista do filme, Clara (interpretada por Clarice Falcão, filha do
roteirista e escritor João Falcão) é uma pós-adolescente que não tem um rumo
para a sua vida. Ela é obrigada a fazer uma faculdade de medicina, por pressão
familiar, mas não quer isso para ela e mata sistematicamente as aulas, numa
faculdade que fica incrustada dentro de um shopping center. A impressão inicial
é a de uma menina irresponsável, inconsequente, mimadinha e que leva a vida
numa enorme brincadeira. Mas, pouco a pouco, essa impressão vai se desvanecendo
e o filme atinge temas mais profundos como a natureza das relações humanas.
Perdida num boliche do shopping, ela é encontrada por um rapaz que se interessa
por ela e começa a ouvir todas as inquietações da menina, que está totalmente
perdida em tudo na vida. Por não querer fazer medicina, Clara procura pensar em
outras profissões para a sua vida. E, nessa procura, ela começa a ter um
contato mais próximo com seus familiares, que exercem diversas profissões. Ao
invés de saber um pouco mais sobre profissões, ela passa a conhecer mais a vida
de seus parentes e suas inquietações, algo que lhe era vedado, pois seu próprio
pai se afastou de sua família. Falando nisso, a relação entre Clara e seus pais
era asséptica e distante, algo que nos ajuda a entender porque Clara é tão
indecisa em sua vida. Apesar de o filme ter uma sinopse que se aproxima muito
mais de um drama, temos na verdade alguns momentos de uma boa comédia, pois
sentimos que as situações do filme soam muito familiares para o público, que acaba
até rindo de si próprio. A situação torna-se mais tensa quando o pai descobre
que a menina mata as aulas, o que provoca a ida da mãe para a casa de uma amiga
(e isso depois de os pais reatarem, muito mais em virtude de a menina ter um
núcleo familiar do que qualquer coisa). O pai a pune com um castigo que é não
ver televisão no quarto (apesar de a menina não fazer isso há muito tempo, numa
mostra do distanciamento da relação entre pai e filha). Clara reage tendo um
conversa severa com o pai reclamando de todo o distanciamento da relação
familiar que o pai provocou, o distanciamento com os parentes provocado pelo
pai, a desistência de pai e mãe na busca pela felicidade, etc. O pai, então,
pede desculpas e fala para a filha o título do filme, numa mostra de que a
jovem Clara não é a única indecisa na trama. Pois é. No fim, todos somos
humanos, não temos certeza de nada sobre o que fazemos e temos um medo
desgraçado de errar em nossas decisões. Mas aí fica o que o avô de Clara
(interpretado por Daniel Filho) disse: vamos errar muito na nossa vida, mas não
podemos ter medo disso. Um de seus amigos, que aparentemente tomou todas as
decisões corretas na vida, era o cara mais chato que ele havia conhecido. Por
isso, não importa a idade, a experiência ou capacidade que tenhamos adquirido
ao longo da vida; sempre estamos sujeitos a escolhas erradas e precisamos
enfrentá-las. E, para podermos levar esses revezes numa boa, precisamos da
ajuda das pessoas, que passam pelos mesmos problemas. Uma bela lição de vida num
filme aparentemente despretensioso, fofinho e engraçadinho. Ah, a e presença da
Clarice Falcão já vale muito!!!!
Cartaz do Filme
A bela Clarice Falcão: Futuro Promissor...
Com Leandro Hassum...
Clara busca um rumo para a sua vida...
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