Sem
Evidências. A Justiça Tarda e Falha.
Você acredita na
justiça? Um homicídio covarde deve ser punido com pena de morte? O filme “Sem
Evidências” (“Devil’s Knot”, 2013), de Atom Egoyan, nos ajuda a pensar um pouco
sobre essas questões, ao exibir nas telas um crime hediondo ocorrido em 1993,
onde três meninos na casa dos oito, nove anos foram assassinados, despidos,
castrados e seus corpos amarrados jogados no fundo de um rio nos Estados Unidos.
As investigações da polícia levaram a um grupo de três adolescentes que gostava
de heavy metal e que foi acusado de
seguir religiões satânicas. A certeza de que os adolescentes eram culpados foi
tanta que eles já estavam praticamente condenados antes do próprio julgamento. Dois
foram condenados à prisão perpétua e outro à morte por injeção letal. Mas algumas
evidências apontavam a inocência do grupo e deixaram a conclusão do crime em
aberto.
Como o filme trata de
um julgamento, ele exige muita atenção no seu fio narrativo, já que há várias
investigações e depoimentos em curso, que podem mudar a história e o rumo do
julgamento a qualquer momento. Isso deixa a história um pouco maçante, mas ao
final, as partes que realmente importam em todas as argumentações ao longo do
filme são relembradas.
A grande questão
tratada aqui é o pré-julgamento. Uma comunidade altamente religiosa
praticamente decidiu que um grupo de metaleiros fazia parte de uma seita
satânica e matou as três crianças. E o poder do Estado foi a reboque disso,
interpretando todas as investigações dentro dessa linha, chegando até a tomar
algumas atitudes ilícitas. Ou seja, os adolescentes não tiveram a mínima chance
de se defender por puro preconceito. Um investigador particular, Ron Lax
(interpretado por Colin Firth), contrário a pena de morte, vai oferecer
gratuitamente seus serviços para os advogados de defesa dos adolescentes,
ficando cheio de dúvidas sobre as condenações. Essas dúvidas também povoarão a
cabeça da mãe de uma das vítimas, Pam Hobbs (interpretada pela Avon Girl Reese Witherspoon). Tais
dúvidas provocarão algumas reviravoltas na história.
Dessa forma “Sem
Evidências”, apesar de ser um filme um tanto maçante em seu desenvolvimento,
tem a sua importância por denunciar uma situação aguda e extrema de injustiça
provocada pelo sentimento de vingança e preconceito presentes na sociedade
americana. Mesma sociedade que se vangloria de ser democrática e garantir os
direitos de todos. Mais um filme que nos ajuda a pensar, com o cinema cumprindo
sua função social.
Os acusados.
As vítimas.
Um investigador contra
a pena de morte.
Uma mãe clamando por
justiça.
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