O
Estudante. Ética Ou Política Profissional?
Mais um filme de terras
portenhas. “O Estudante”, dirigido pelo argentino Santiago Mitre, produzido no
já longínquo ano de 2011, mergulha no mundo estudantil universitário de Buenos
Aires, expondo toda a politização exacerbada que esse meio provoca. Toda aula
tem um debate, uma contestação, uma defesa de posição que pode até levar as
vias de fato. É nesse ambiente que chega Roque (interpretado por Esteban
Lamothe), um estudante do interior que ingressa na Universidade de Buenos Aires
já na sua terceira tentativa. Embora tenha se envolvido com uma de suas novas
colegas e até conseguido alugar um quartinho na casa dela, convivendo com o pai
da moça, Roque tem a sua atenção chamada pela jovem professora Paula
(interpretada por Romina Paula), durante o discurso da mesma numa assembleia. A
partir daí, ele começa a frequentar as aulas da professora como ouvinte,
conseguindo se aproximar e se envolver com ela. Esse relacionamento com a
professora faz com que Roque ingresse no meio político do movimento estudantil,
abandonando de vez os estudos para fazer política. Roque irá conhecer Acevedo,
um antigo professor de Paula e caso dela, tornando-se o braço direito do velho
professor, que é engajadíssimo na carreira política, cujas ambições extrapolam
os limites do campus. O filme, então,
deslancha para a vida cotidiana de quem quer fazer da política sua profissão,
tornando-se até enfadonho em alguns momentos, não fosse por duas palavrinhas
básicas que surgirão às nossas cabeças, à medida que a trama se desenrola:
traição e ética. Até que ponto ser um politico profissional pode ou não violar
a ética? Você pode viver no meio político, almejar mais poder, e ainda assim
conseguir isso através de práticas lícitas? Ou você somente conseguirá mais
poder se sujar as mãos? Roque ficará mergulhado nessas questões, embora sua
posição seja bem clara. Fica aqui bem evidente a impressão de como o povo
argentino, altamente politizado e inflamado nas suas defesas de ideologias,
encara a questão da falta de ética do político profissional, condenando-a
mortalmente. Apesar dos tons mais radicais por parte de alguns personagens do
filme, é interessante também perceber nessa película como há um raciocínio frio
nas atitudes e articulações políticas como, por exemplo, o que um partido fará
quando um de seus membros o trai para que o partido não transpareça ser formado
de pessoas idiotas, etc.
Dessa forma, apesar de
ser um pouco enjoada a história em alguns momentos, “O Estudante” tem o mérito
de mostrar um pouco da formação intelectual e politica da elite universitária
de nosso país vizinho. E nos faz pensar: será que nossa elite intelectual e
política é tão articulada e atuante assim? E a questão da falta de ética? Somos
mais antiéticos que os argentinos? Perguntas que devem ser feitas e devemos
buscar suas respostas...
Cartaz do filme
Roque. Interagindo com
um novo meio.
Roque e Paula. Transas
e engajamento político
Roque e Acevedo. Até
onde vão a ética e a política profissional?
Apesar das pressões,
Roque sabe bem o rumo que tomará...
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