Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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sábado, 1 de novembro de 2014

Resenha de Filme - O Último Concerto

O Último Concerto. Implosões De Quartetos E De Vidas.
Música erudita. O cinema já abordou várias vezes esse tema. Quem não se lembra de “Amadeus” lá na já longínqua década de 1980, que falava sobre a vida de Mozart e tanto sucesso fez, ganhando vários Oscars? Desta vez, “O Último Concerto” vai enfocar as relações de um quarteto de cordas de Nova York. E que relações! Por trás de uma música harmoniosa e de realização difícil composta por Beethoven, a vida do quarteto se entrelaça de uma forma extremamente caótica, tanto no contexto profissional quanto no contexto pessoal. O mais velho deles, Peter (interpretado pelo sempre eficaz Christopher Walken), não consegue mais acompanhar o andamento do grupo com o seu violoncelo. Ao se consultar com a sua médica, o violoncelista descobre que está com Mal de Parkinson e sua carreira está com os dias contados. A partir daí, todo o quarteto implode. A responsável pela viola, Juliette (interpretada por Catherine Keener) não quer continuar no quarteto se Peter sair, dadas as fortes ligações afetivas alicerçadas no passado, que têm relação com outro quarteto desfeito. O segundo violino, Robert (interpretado por Philip Seymour Hoffman) insiste em ser o primeiro, mas o primeiro violino, Daniel (interpretado por Mark Ivanir), não quer largar o osso e, ainda por cima, não abre mão de sua postura conservadora quanto ao estilo da performance do quarteto, ao passo que Robert deseja uma interpretação mais desafiadora e criativa. Para apimentar as coisas, Robert e Juliette são casados e têm uma filha, Alexandra (interpretada por Imogen Poots), que é aluna de Peter e Daniel. Assim, as vidas de todos no quarteto estão muito interligadas e qualquer movimento nessas relações provoca violentas crises que afetam a sobrevivência do grupo musical, considerado a coisa mais importante para todas essas pessoas.
É um filme de sentimentos fortes. Um drama de se tirar o chapéu e aplaudir de pé. E um roteiro muito bem escrito, pois todos os relacionamentos humanos no microcosmos do quarteto estão encadeados e amarrados. O mais interessante é que esse encadeamento se revela aos poucos ao longo da trama, o que faz nossa atenção ficar focada na história do início ao fim. Walken como o violoncelista, mais velho, sereno e racional, com grandes dores sob controle (a perda da esposa e a sua doença), está simplesmente soberbo. Ele é o “pai” que chama a atenção nos momentos de crise e o ombro amigo nos momentos de desespero. Hoffman (ainda lamento demais sua morte) também está estupendo como um violonista que tem mais ambições e anseios por criatividade, algo que o primeiro violinista não quer. Mas o maior tema desse filme é como as relações pessoais afetam a vida profissional. A trama é a melhor manifestação da máxima de que não se deve misturar vida privada com trabalho. Doía muito ver o sofrimento pessoal dos personagens alimentar um sofrimento maior que era o medo do fim do quarteto. Manter o grupo coeso obrigava as pessoas a manter os relacionamentos profissionais e, inevitavelmente, os pessoais, criando “loops” de crises. Uma bola de neve que não parava de aumentar. E a única solução para aplacar toda essa agonia estava nas próprias pessoas, que deveriam assumir uma postura mais solidária e compreensiva com relação a todos.

Dessa forma, “O Último Concerto” é um filme altamente recomendável. Ótimo elenco, ótimo roteiro, ótima música, uma história para lá de envolvente. E uma lição de vida. Lição de como devemos ser tolerantes uns com os outros, de como devemos ser mais compreensivos quando alguém que amamos pisa na bola, pois, ao fim das contas, temos apenas a nós mesmos. Um filme que dá tudo isso ao espectador tem que ser visto como muito bom. Só é de se lamentar que ele não tenha o espaço que merece, seja nas salas, seja na divulgação. Não percam “O Último Concerto”. 


Cartaz do filme.


Um quarteto de cordas em ebulição.


Rotina de muitos ensaios.


E momentos de tensão.


Crises conjugais.


Uma filha envolvida na trama.


Um "pai" que ampara.

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