Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Resenha de Filme - Barry Lyndon, de Kubrick

Barry Lyndon: Drama com Tons de Comédia e Tragédia.
O filme “Barry Lyndon”, de Stanley Kubrick, cujo roteiro foi baseado no romance de William Makepeace Thackeray, tem uma história muito cativante, que prende nossa atenção em todas as três horas de duração. Vamos aqui falar um pouquinho sobre o que essa história nos conta.
O filme se passa na Irlanda, em pleno século XVIII. Redmond Barry (interpretado por Ryan O’Neal) é um jovem camponês que perdeu seu pai num duelo e vivia em dificuldades com sua mãe. Ele era apaixonado por sua prima Nora (interpretada por Gay Hamilton), mas ela estava prometida a um militar inglês. Redmond o desafia para um duelo mas, sem saber, a bala de sua arma é trocada por uma bala de estopa, para que o noivo de Nora não fosse morto. O pai de Nora precisava de uma ajuda financeira para quitar suas dívidas e o oficial inglês iria bancar tudo. Assim, foi forjada a fraude no duelo, o que não isentou Redmond de uma fuga. Redmond vai para o mundo, ficando sem eira nem beira após ser assaltado.  Ele alista-se no exército inglês e presencia os horrores da guerra, desertando. Sua vida, então, passa a ser uma sucessão de aventuras onde vemos situações engraçadas e inusitadas (numa espécie de “Forest Gump” do século XVIII). Ele é preso por um oficial prussiano (aliado dos ingleses) como desertor, passa a combater pelos prussianos para não ser julgado, trabalha como espião para os prussianos, mas faz um acordo com o irlandês (da mesma nacionalidade dele) que tinha que espionar. Os dois conseguem fugir do controle dos prussianos e ganham a vida com o jogo de cartas, tirando dinheiro dos nobres por onde passavam. Os nobres que não pagassem as promissórias eram obrigados a enfrentar duelos com Redmond. O duelo, inclusive, é um elemento que permeia todo o filme. Vamos falar dele com detalhes mais tarde. Até esse momento, podemos dizer que a história possui uma característica que se aproxima mais do gênero aventura, onde nosso protagonista é um herói que se safa das mais variadas situações e torcemos muito por ele. A coisa começa a mudar na segunda parte do filme. Ele se apaixona por uma moça chamada Lady Honoria Lyndon (interpretada por Marisa Berenson), mas ela é casada com o ancião Sir Charles Lyndon. Redmond e Lady Lyndon se tornam amantes e Sir Charles morre após discutir com Redmond. Assim, há o casamento entre os dois amantes, algo reprovado pelo filho de Lady Lyndon, Lord Bullingdon. Após esse casamento, Redmond passa a se chamar Barry Lyndon e tem um filho com sua esposa. Mas as coisas serão muito turbulentas, pois Barry tem várias amantes, deixando claro que somente se casou com Lady Lyndon por conveniência, o que despertou o ódio de Lord Bullingdon. Barry e Bullingdon se tornariam inimigos mortais. A mãe de Barry advertiu o filho dizendo que ele não tinha um patrimônio próprio, que o dinheiro que ele desfrutava era todo da esposa. Para que ele não dependesse tanto da esposa, era necessário que ele tivesse um título de nobreza. E aí Barry passou a gastar muito dinheiro com favores e paparicos a membros da nobreza para obter o título em troca, o que praticamente acabou com a fortuna de Lady Lyndon. Só que o plano de Barry foi por água abaixo, pois ele se desentendeu publicamente com Lord Bullingdon, chegando às vias de fato, o que afastou os nobres. Para piorar a situação, o filho de Barry morreu num acidente, o que tornou Lady Lyndon praticamente louca e fez Barry se entregar a bebida. Nesse momento, Lord Bullingdon, que havia saído de sua casa depois do ataque de Barry contra ele, retorna e propõe um duelo. Barry chegou a ter a vida de Bullingdon nas mãos no duelo, mas atirou para o lado, algo que Bullingdon não fez, atirando na perna de Barry, o que provocou sua amputação. Com isso, Barry foi expulso da casa dos Lyndon e Bullingdon lhe deu uma pensão vitalícia, desde que Barry abandonasse de vez a Inglaterra, até porque, se ele continuasse por lá, suas dívidas o colocariam na cadeia. Assim, resignado, Barry retorna à Irlanda. Ainda tenta retornar ao jogo, mas sem sucesso. Lady Lyndon se recupera e Lord Bullingdon volta a viver com a mãe.
O filme tem alguns pontos interessantes. O primeiro deles se refere a práticas presentes no Antigo Regime, como a importância dos títulos de nobreza. Redmond Barry é um camponês que quer ser alguém na vida, quer ter um título. Devemos nos lembrar que a sociedade de Antigo Regime era altamente hierarquizada, com pouquíssimas chances de mobilidade social. Tal situação se mostra bem presente na trama, pois Redmond Barry persegue uma posição de destaque na sociedade, inclusive obedecendo as regras do clientelismo (troca de favores) tão presente naquela sociedade. E, mesmo praticamente dilapidando a fortuna de sua esposa para fazer favores, não consegue atingir seu objetivo. O máximo que ele consegue é o sobrenome Lyndon depois do casamento com Lady Lyndon. Mas Bullingdon, inimigo declarado, fazia questão de chamá-lo pelo seu nome camponês: Redmond Barry. Outro fator que lembra o Antigo Regime são os duelos para defender a honra. O filme preocupa-se bastante em mostrar com detalhes todo o ritual e as variadas regras dos duelos, que ocorrem em momentos-chave do filme: a morte do pai de Barry, a ida de Barry para fora de sua cidade, a amputação da perna de Barry. A exibição dos duelos nos mostra as contradições do Antigo Regime aos nossos olhos de hoje, pois regras altamente racionalizadas (inclusive com normas de etiqueta) norteavam um evento macabro, que poderia levar à morte. 
Outro ponto marcante é a forma como a história foi construída. Ela possui dois núcleos bem definidos: o primeiro mostra a ascensão de Redmond Barry, onde ele é tratado como um herói de filmes de aventura, altamente virtuoso e sem defeitos, e torcemos pelo seu sucesso na busca de um lugar ao sol. Já o segundo núcleo mostra um Redmond Barry excessivamente ambicioso e mesquinho, que traía a esposa, espancava o enteado e buscava a qualquer custo seu título de nobreza. Se na primeira parte do filme ele se comportou como mocinho e foi presenteado com isso, na segunda parte, ele se comportou como vilão e foi castigado por isso (nunca teve seu título de nobreza, perdeu seu filho, sua perna e foi obrigado a voltar para a Irlanda e sua vida de pobreza). Aqui fica uma impressão de polarização excessiva no personagem. No início, só virtudes e prêmios. E ao fim, só defeitos e castigos. Nessa hora, a gente se lembra do personagem de Humphrey Bogart, em “Casablanca”, Rick: um mocinho de “maus modos”, mas ao longo de todo o filme, capaz de atos condenáveis, mas também de boas ações. Um dos motivos dessa polarização em Barry Lyndon pode estar no fato de que, a medida que o protagonista se afastava do campesinato e se aproximava da nobreza, seu caráter se transformava de algo positivo (o camponês) para algo negativo (o nobre).

De qualquer forma, Barry Lyndon é outro filme de Kubrick que suscita essas e mais outras discussões interessantes, sendo altamente recomendável por isso.

Cartaz do Filme


Redmond Barry sendo assaltado...


O filme tem uma bela fotografia e figurino


Cena de guerra: mais uma vez, esse tema aparece num filme de Kubrick


A cabeludíssima Lady Lyndon

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