Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti (Rio de Janeiro, 6 de setembro de 1897 — Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1976) foi um pintor, desenhista, ilustrador e caricaturista brasileiro.
Biografia
Di Cavalcanti nasceu em 06 de setembro de 1897, filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo e Rosalia de Sena. Era sobrinho de José do Patrocínio (que era casado com a irmã de sua mãe).
Di Cavalcanti obriga-se a trabalhar e faz ilustrações para a revista Fon-Fon. Antes que os trepidantes anos 20 se inaugurem, vamos encontrá-lo estudando Direito. Em 1916, transferindo-se para São Paulo, ingressa na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Segue fazendo ilustrações e começa a pintar. O jovem Di Cavalcanti frequenta o atelier do impressionista George Fischer Elpons e torna-se amigo de Mário e Oswald de Andrade.
Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 idealiza e organiza a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, criando para essa ocasião as peças promocionais do evento: catálogo e programa.
Faz sua primeira viagem à Europa em 1923, permanecendo em Paris até 1925. Frequenta a Academia Ranson. Expõe em diversas cidades: Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdã e Paris. Conhece Picasso, Léger, Matisse, Erik Satie, Jean Cocteau e outros intelectuais franceses.
Retorna ao Brasil em 1926 e ingressa no Partido Comunista. Segue fazendo ilustrações. Faz nova viagem a Paris e cria os painéis de decoração do Teatro João Caetano no Rio de Janeiro.
Os anos 30 encontram um Di Cavalcanti imerso em dúvidas quanto à sua liberdade como homem, artista e dogmas partidários.
Inicia suas participações em exposições coletivas, salões nacionais e internacionais como a International Art Center em Nova Iorque. Em 1932, funda em São Paulo, com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, o Clube dos Artistas Modernos. Sofre sua primeira prisão em 1932 durante a Revolução Paulista. Casa-se com a pintora Noêmia Mourão. Publica o álbum A Realidade Brasileira, série de doze desenhos satirizando o militarismo da época. Em Paris, em 1938, trabalha na rádio Diffusion Française nas emissões Paris Mondial. Viaja ao Recife e Lisboa onde expõe no salão “O Século”; ao retornar é preso novamente no Rio de Janeiro. Em 1936 esconde-se na Ilha de Paquetá e é preso com Noêmia. Libertado por amigos, segue para Paris, lá permanecendo até 1940. Em 1937 recebe medalha de ouro com a decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Técnica, em Paris.
Com a iminência da Segunda Guerra deixa Paris e retorna ao Brasil, fixando-se em São Paulo. Um lote de mais de quarenta obras despachadas da Europa não chegam ao destino, extraviando-se. Passa a combater abertamente o abstracionismo através de conferências e artigos. Viaja para o Uruguai e Argentina, expondo em Buenos Aires. Conhece Zuília, que se torna uma de suas modelos preferidas. Em 1946 retorna a Paris em busca dos quadros desaparecidos; nesse mesmo ano expõe no Rio de Janeiro, na Associação Brasileira de Imprensa. Ilustra livros de Vinícius de Morais, Álvares de Azevedo e Jorge Amado. Em 1947 entra em crise com Noêmia Mourão - "uma personalidade que se basta, uma artista, e de temperamento muito complicado…". Participa com Anita Malfatti e Lasar Segall do júri de premiação de pintura do Grupo dos 19. Segue criticando o abstracionismo. Expõe na Cidade do México em 1949.
É convidado e participa da I Bienal de São Paulo, 1951. Faz uma doação generosa ao Museu de Arte Moderna de São Paulo, constituída de mais de quinhentos desenhos. Beryl passa a ser sua companheira. Nega-se a participar da Bienal de Veneza. Recebe a láurea de melhor pintor nacional na II Bienal de São Paulo, prêmio dividido com Alfredo Volpi.
Em 1954 o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro realiza exposição retrospectiva de seus trabalhos. Faz novas exposições na Bacia do Prata, retornando a Montevidéu e Buenos Aires. Publica Viagem de minha vida. 1956 é o ano de sua participação na Bienal de Veneza e recebe o I Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. Adota Elizabeth, filha de Beryl. Seus trabalhos fazem parte de exposição itinerante por países europeus. Recebe proposta de Oscar Niemeyer para a criação de imagens para tapeçaria a ser instalada no Palácio da Alvorada; também pinta as estações para a Via-sacra da catedral de Brasília.
Década de 60
Ganha Sala Especial na Bienal Interamericana do México, recebendo Medalha de Ouro. Torna-se artista exclusivo da Petite Galerie, Rio de Janeiro. Viaja a Paris e Moscou. Participa da Exposição de Maio, em Paris, com a tela Tempestade. Participa com Sala Especial na VII Bienal de São Paulo. Recebe indicação do presidente João Goulart para ser adido cultural na França, embarca para Paris e não assume por causa do golpe de 1964. Vive em Paris com Ivete Bahia Rocha, apelidada de Divina. Lança novo livro, Reminiscências líricas de um perfeito carioca e desenha jóias para Lucien Joaillier. Em 1966 seus trabalhos desaparecidos no início da década de 40 são localizados nos porões da Embaixada brasileira. Candidata-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas não se elege. Seu cinquentenário artístico é comemorado.
Década de 70
A modelo Marina Montini é a musa da década. Em 1971 o Museu de Arte Moderna de São Paulo organiza retrospectiva de sua obra e recebe prêmio da Associação Brasileira dos Críticos de Arte. Comemora seus 75 anos no Rio de Janeiro, em seu apartamento do Catete. A Universidade Federal da Bahia outorga-lhe o título de Doutor Honoris Causa. Faz exposição de obras recentes na Bolsa de Arte e sua pintura Cinco Moças de Guaratinguetá é reproduzida em selo.
Falece no Rio de Janeiro em 26 de Outubro de 1976.
Centenário
Em 1997, ano do centenário de seu nascimento, diversas exposições comemorativas e retrospectivas de sua obra foram organizadas, entre as quais:
- As mulheres de Di, pelo Centro Cultural Banco do Brasil (RJ);
- Di, meu Brasil brasileiro, pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM); e
- Di Cavalcanti, 100 anos, pelo Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado|Museu de Arte Brasileira de São Paulo FAAP.[1]
Cronologica
- 1908 - Recebe aulas do pintor Gaspar Puga Garcia.
- 1914 – Publica seu primeiro trabalho como desenhista na Revista Fon-Fon.
- 1916 – Participa do III Salão dos Coadjuvantes. - Muda-se para São Paulo.
- 1917 – Primeira exposição individual na redação de A Cigarra, em São Paulo.
- 1919 – Ilustra o livro Carnaval, de Manuel Bandeira.
- 1921 – Ilustra Balada do sequestro de Reading, de Oscar Wilde.
- 1922 – Participa da Semana de Arte Moderna, fazendo a capa do trabalho e expondo 11 obras.
- 1923 – Vai para Europa, fixa residência em Paris como correspondente do jornal Correio da Manhã.
- 1925 – Volta ao Brasil, morando na Capital.
- 1929 – Pinta dois paineis para o Teatro João Caetano, no Rio de janeiro.
- 1935 – Volta novamente para a Europa.
- 1937 – Medalha de ouro com a decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Específica, em Chicago.
- 1940 – Volta para o Brasil, fixando-se em São Paulo.
- 1941 – Ilustra o livro Uma noite na taverna / Macário, de Álvares de Azevedo.
- 1947 – Expõe na Galeria Domus, no Rio de Janeiro.
- 1953 – Ganha, com Alfredo Volpi, o prêmio de melhor pintor nacional na IV Bienal de São Paulo.
- 1954 – Retrospectiva do seu nascimento no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
- 1955 – Publica Viagem de minha vida, livro de memórias.
- 1956 – Recebe nono prêmio na Mostra de Arte Sacra, na França.
- 1960 – Recebe medalha de ouro por sua participação com sala especial na IV Bienal Interamericana, no México.
- 1963 – Homenageado na VII Bienal de São Paulo.
- 1964 – Exposição comemorativa dos seus 60 anos de artista, na Galeria Relevo, RJ. - Publica o livro Reminiscências líricas de um perfeito cidadão carioca.
- 1971 – Retrospectiva da sua vida artística Museu de Arte Moderna de São Paulo.
- 1976 – Morre em sua cidade natal.
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