Caminhos
Da Floresta. O Conto De Fadas Do Disney Doido.
Um filme fofo que
resgata o gênero musical nas telonas. “Caminhos da Floresta” é inspirado numa
peça da Broadway escrita por James Lapine e que mistura histórias de contos de
fadas numa deliciosa intertextualidade. Podemos ver aqui personagens como
Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, Cinderela, João do Pé de Feijão , primeiro cada
um em sua história original, para depois interagirem em novas possibilidades. Tudo
isso tendo como pano de fundo uma floresta encantada, onde príncipes,
princesas, crianças pobres e uma bruxa se relacionam, numa película produzida
pela Disney.
O elenco conta com umas
caras novinhas como Anna Kendrick, que interpreta a Cinderela, passando por
James Corden (de “Apenas uma Chance”), Emily Blunt, até nomes consagrados como
Johnny Deep, que faz o Lobo Mau, sendo uma pena que ele atuasse tão pouco,
Chris Pine (o nosso Capitão Kirk), interpretando o príncipe da Cinderela (isso
mesmo, aquele que acha o sapatinho) e a magistral presença de Meryl Streep, a
bruxa má que interage com todos os personagens, mas originalmente é a bruxa de
Rapunzel. É claro que Streep é A atriz do filme, o carro chefe do elenco, dando
a maior credibilidade a todo o cast.
Como foi dito no início desse texto, a Disney teve o mérito de resgatar nesse
filme o gênero musical. Mas, infelizmente, de uma forma cada vez mais
recorrente hoje em dia quando falamos de musicais. Não é um musical escrito
especificamente para o cinema, mas mais uma adaptação cinematográfica de peça
da Broadway. Esses musicais com gosto de teatro filmado, do estilo de “Os
Miseráveis” e, em tempos mais pretéritos “Evita”, até alegram os amantes do
gênero, tão carentes desse tipo de filme hoje em dia, mas se comparados com os
verdadeiros musicais antigos, dos tempos da RKO e Metro, dos tempos de Gene
Kelly e Fred Astaire, Leslie Caron ou Maurice Chevalier, não esquecendo de Jeanette
McDonald e Nelson Eddy, com números de
canto e dança preciosamente filmados, os musicais de hoje obviamente deixam a
desejar. O cinema é uma arte maior que um mero teatro filmado. Há até nesse
filme os elementos cinematográficos que estamos acostumados como os efeitos
especiais. Mas quando um filme é inspirado numa peça de teatro, usar de uma
certa liberdade poética sempre é bom para se ampliar os horizontes
cinematográficos da coisa.
A grande virtude de
“Caminhos da Floresta”, entretanto, é o seu texto. Ele toma como base as
histórias de contos de fadas clássicas, textos muito conhecidos. Mas a forma
como os textos são imbricados e novas possiblidades apresentadas são fatores
que dão grande qualidade à história. Temas inimagináveis como adultério,
divórcio e morte mostram com grande eficiência que a máxima “E eles viveram
felizes para sempre” nem sempre funciona. Aliás, a história é marcada por
pequenas e grandes tragédias pessoais. E presenciamos personagens desamparados
que até se agarram a uma vida comunitária para buscar forças e apoio uns nos
outros. Esse foi um curioso elemento, uma espécie de “choque de realidade” no
mundo dos sonhos.
Portanto, se “Caminhos
da Floresta” ainda tem uma cara de peça de teatro como tem ocorrido com os
musicais de cinema mais recentes, ele ainda é um filme que vale a pena ser
assistido, pois conta com um bom elenco, trabalha com historinhas que recaem
sobre o afetivo do grande público e consegue retirar delas novas perspectivas e
possibilidades, tornando a coisa mais próxima de nosso mundo real. Uma
intertextualidade muito criativa. Uma competente tensão entre a paráfrase e
polissemia. Uma brincadeira literária que deu certo, resgatando o gênero
musical, outrora tão amado, e que merecia um pouco mais de voz nos dias atuais.
Cartaz do filme
Um lobo mau performático
Cinderela e seu príncipe.
Que bruxona, hein?
Rapunzel, com tranças e tudo
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