O
Sal Da Terra. Uma Obra-Prima.
E chegou às nossas
telonas o tão esperado documentário sobre Sebastião Salgado, “O Sal da Terra”.
Dirigido pelo grande diretor alemão Wim Wenders e com co-direção de Juliano
Ribeiro Salgado (filho de Sebastião Salgado), esse documentário foi indicado ao
Oscar de melhor documentário este ano e isso foi motivo suficiente para que a
sua estreia por aqui fosse muito esperada. E a espera valeu a pena, pois o
documentário em nada decepciona. Muito pelo contrário.
A película começa com
um lindo preto e branco que se misturava com as fotos de Salgado de Serra
Pelada. As imagens das fotos em fusão com o rosto do fotógrafo dando o seu
depoimento das imagens que tomou vão indicar a tônica do filme, onde o fotógrafo
falará de seus trabalhos. Vemos, também, um relato do próprio Wenders que fala
de seu primeiro contato com uma foto tomada por Salgado de uma refugiada, que
provocou comoção imediata no cineasta alemão e despertou a curiosidade em conhecê-lo.
O documentário vai
descortinar a vida de Salgado, um economista que desistiu de uma carreira
promissora para se lançar na incerta carreira de fotógrafo, primeiro de
fotógrafo de esportes para, mais tarde, fotografar questões sociais. Os anos de
exílio na França durante a ditadura militar, e o apoio incondicional da esposa
a seus trabalhos, a começar por uma viagem pela América Latina, são ressaltados.
Especialmente tocantes são seus trabalhos no Nordeste, onde ele retratava crianças
mortas em caixões, e, principalmente, nas inúmeras guerras que ele presenciou
na África, onde toda uma tragédia formada por genocídios e fome foi retratada
de forma nua, crua e extremamente chocante. Tais trabalhos chegaram a provocar
em nosso fotógrafo mais famoso uma descrença generalizada pela raça humana e
até mudaram o objeto principal de seus trabalhos. Salgado passou a enfocar mais
a natureza, fazendo trabalhos desde o arquipélago dos Galápagos para “ver o que
Darwin viu” até o norte da Sibéria, onde fotografou morsas numa praia, não sem
levar um susto de um urso polar antes.
A vida aventureira de
Salgado, homem muito viajado que viu as mais diversas e inusitadas situações, é
de tirar o fôlego. Mas, o mais curioso é que Salgado consegue se recriar até
nos limites de sua própria casa, onde mostra com orgulho (e belíssimas imagens
para variar) um projeto de reflorestamento da fazenda de sua família. Um legado
que será deixado para as próximas gerações além de suas excepcionais fotos,
onde o preto e branco e seu contraste bem nítido tornam a estética ainda mais
bela, seja nas patas de uma iguana dos Galápagos, seja no corpo esquálido e
inerte de um refugiado, onde toda a dor e desespero se manifestam.
Ao fim desse belo
filme, temos a noção de que ele é tão essencial como os próprios ensaios
fotográficos de Salgado, um homem que realmente soube aproveitar a vida e que
deixou um grande legado para as gerações vindouras. Um legado de exaltação à
beleza da natureza, mas que também denuncia toda a agressividade e violência humanas.
Um documentário que foi aplaudido pelos espectadores da sala ao seu final e que
é extremamente essencial.
Cartaz do filme
O trio que fez a diferença
Salgado, incansável com sua câmara
Com a esposa
Mostrando suas fotos a Wenders.
Fotografando a tribo Zoe na Amazônia
Poços de petróleo em chamas no Kwait em 1991.
A tragédia dos refugiados
Um brasileiro do qual nos devemos orgulhar....
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