Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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terça-feira, 24 de março de 2015

Resenha de Filme - 118 Dias

118 Dias. Pintando Um Cárcere Com As Cores Da Liberdade.
Mais um excelente filme nas telonas. E, mais uma vez, baseado numa história real. “118 Dias” tem o grande mérito de enfocar o processo eleitoral no... Irã. Um jornalista nascido no Irã, mas radicado no Canadá, Maziar Bahari (interpretado pelo sempre ótimo Gael Garcia Bernal), da “Newsweek”, foi enviado para Teerã com o objetivo de cobrir a eleição para presidente em 2009, onde o candidato de oposição tinha chances reais de vitória. Mas a situação venceu o pleito. Enfurecida, a população começou uma série de manifestações de rua reprimidas violentamente pelas forças de segurança, onde pessoas foram mortas a tiros. Nosso Maziar filmou tudo. Mas o regime opressor do Irã tem câmaras instaladas pelas ruas e flagrou Maziar filmando. Isso foi o pretexto para levar o jornalista para a prisão, que não entendia o motivo do encarceramento. Os policiais da prisão o haviam acusado de espionagem, pois ele havia gravado uma participação num programa humorístico americano onde é entrevistado por um suposto espião da CIA. Assim, os policiais o obrigaram a gravar uma confissão se declarando espião e estando arrependido de todos os seus “erros”. Boa parte do filme se passa dentro da prisão no período de 118 dias de encarceramento de Maziar, com os interrogatórios e torturas praticados pelo policial Javadi (numa ótima interpretação de Kim Bodnia). Uma guerra de nervos para ninguém botar defeito.
A película é muito boa por vários motivos. Os diálogos entre o policial que interroga e tortura e o preso que é interrogado e torturado são primorosos. O chefe de Javadi já havia o alertado para o caso de que o jornalista não deveria ser tratado com excessiva violência, pois ele é uma pessoa inteligente e a técnica de persuasão deve ser feita na argumentação e pressão psicológica. Maziar já tinha perdido o pai e sua irmã, comunistas de carteirinha, com a última sendo uma espécie de mentora intelectual do jornalista, que havia lhe apresentado muitos filmes de arte e músicas em sua infância. Durante a reclusão, vemos diálogos muito interessantes entre Maziar e seu pai, assim como sua irmã, onde as lembranças e os modos de ser dos entes queridos o ajudaram a enfrentar todas aquelas arbitrariedades. O filme também mostra como Maziar conseguiu transformar o tormento da prisão numa chance de liberdade, sobretudo quando ele sabe que há uma pressão da comunidade internacional para libertá-lo, algo que aconteceu posteriormente. O mais lamentável é que seus amigos próximos e que estavam engajados na campanha do candidato de oposição continuam presos e hoje Maziar busca formas de libertar essas pessoas sem voz na mídia.

Assim, “118 Dias” é mais uma história baseada em fatos reais que se encaixa no cinema de reflexão e de denúncia. As imagens da tela ficam mais legitimadas com fotos reais dos pais e irmã de Maziar. Mais um filme fundamental, que mostra como a luta pela democracia ainda é algo que deve ser visto com muita atenção, ainda mais num país do porte do Irã, que depois da radicalização promovida pela Revolução Islâmica (talvez não sem motivos para isso, mas ainda sim uma radicalização), viveu períodos de abertura moderada, mas que novamente se fechou em virtude da estrutura do Estado Teocrático. O processo eleitoral turbulento é a prova de que o país ainda precisa amadurecer, absorvendo a democracia, mas não se esquecendo de suas tradições. Apesar de um autoritarismo, demonizar a Revolução Islâmica parece uma explicação simples demais para tão complexo contexto. Reflexões à parte, “118 Dias” é um filme em que a presença dos cinéfilos e dos amantes de bons filmes é obrigatória.

 
Cartaz do filme


Maziar. Reencontrando-se com a mãe antes de começar seu trabalho em Teerã.

Maziar. Locomovendo-se de forma precária para fazer seu trabalho.


Maziar. Mostrando a verdade da violência policial no Irã.


Já na prisão, sendo constantemente vendado e interrogado por Javadi.


Muita pressão psicológica...


... e, às vezes, a coisa ficava meio violenta...


A irmã de Maziar foi interpretada pela estonteante Golsditeh Farahani.




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