O
Duplo. Dois Em Um.
Uma obra de Dostoievsky
adaptada para as telonas. “O Duplo” conta a história de um funcionário de uma
repartição pública altamente burocratizada e com um quê de organização secreta.
O funcionário em questão se chama Simon (interpretado por Jesse Eisenberg). Ele
é considerado um fracasso total, sendo tratado com desdém, desprezo e
ignorância por todos: seus colegas de trabalho, seu chefe, a menininha por qual
se apaixonou, até a sua mãe. E, para piorar, ele não toma uma atitude sequer
para mudar isso. O mais intrigante é que Simon é um bom funcionário, cumprindo
seus horários e obrigações, mas ninguém reconhece isso, pois ele assume uma
posição altamente periférica com relação a tudo, passando despercebido por
todos. Até que um dia chega um funcionário que tem uma postura completamente
oposta à dele: é comunicativo, brincalhão, vaselina, enfim, muito popular com
todos. Seu nome é James e sua aparência é idêntica a de Simon. Somente nosso
protagonista percebe isso, ao passo que as outras pessoas não veem a
semelhança, pois Simon é tão apagado que elas mal percebem sua cara. Isso irá
provocar um desespero no homem tímido, que se aproxima de James para tentar
aprender mais técnicas de persuasão e de como se soltar perante às pessoas. Só
que o tiro sai pela culatra, pois James é um tremendo garganta e não faz nada
no trabalho, se apropriando das tarefas feitas por Simon. Caberá ao nosso
protagonista deter James para ele não perder o seu emprego ou, pior, não perder
sua própria existência. Mas todas as investidas contra James misteriosamente
recaem sobre ele também, mostrando que a ligação entre os dois é mais profunda
do que parece.
Lembra quando todos
nós, antigamente, tínhamos os chamados “Rádio-Gravadores”, onde podíamos
escutar a rádio FM de nossa preferência e também nossas fitas cassete, se elas
não estivessem mofadas ou agarrassem no cabeçote? E, ainda, lembra quando esse
aparelhinho passou a ser chamado “Dois em Um”? Pois é. Essa, talvez, seja a
melhor síntese de “O Duplo”. Não havia Simon e James separados. Eles eram
apenas dois aspectos de uma mesma pessoa. Simon era resignado, nulo, obediente,
tímido, porém dedicado e profissional. James era extrovertido, magnético, muito
garganta, mas não queria nada com o trabalho. Duas facetas de um homem só, mas
dominadas pela faceta de Simon. James, preso lá em seu interior, buscava
aflorar, ele era a reação àquele estado letárgico de Simon que, obviamente,
lutou para manter o seu controle. Simon tinha medo de James porque Simon tinha
medo da mudança. Não havia uma harmonia entre os dois. O lado da timidez e do
medo reprimia o lado da audácia. E esse ser humano passou a viver uma guerra
interior consigo mesmo, quando todos nós sabemos que temos esses dois lados. O
ideal é haver um equilíbrio e tanto “Simon” quanto “James” serem igualmente
importantes. Mas não era o que acontecia no filme. Simon queria acabar com
James e, com isso, sua vida implodia, afetando inclusive aqueles que estavam à
sua volta, como a mocinha por quem Simon se apaixonara, Hannah (interpretada
por Mia Wasikowska). As investidas de Simon contra James refletiam no próprio
Simon. Um caso para psicanálise. Já imaginou você lutar contra você mesmo
dentro de você? Complicado, hein?
“O Duplo” não é um
filme que empolgue muito, mas, por sua natureza intrigante, merece uma
visitinha sua. Só não brigue com o seu outro eu se ele não concordar com a sua
opinião a respeito do filme...
Cartaz do filme
Simon, Insegurança sobre si mesmo afeta relacionamento com Hannah
James aparece para atormentar Simon ainda mais...
Apesar de suas limitações, Simon luta por seu amor
Voyeurismo também faz parte do filme..
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