Mapas
Para As Estrelas. O Lado Trágico Do “Star System”.
Uma excelente película
dirigida por David Cronenberg. “Mapas Para as Estrelas” é um filme que faz um
bom exercício de reflexão sobre as mazelas do “star system” americano. É um
filme para quem tem estômago forte, pois ele é de uma crueza terrível. Uma história
em que todos são vítimas e culpados. Uma história em que todos surtam. Não,
mais do que isso. Todos enlouquecem mesmo.
A trama inicia com a
jovem Agatha (interpretada por Mia Wasikowska), uma moça repleta de marcas de
queimadura pelo corpo, chegando a Hollywood e sendo recebida por um motorista
de uma empresa que aluga limusines, Jerome (interpretado pelo “vampiro” Robert
Pattinson). Os dois estabelecem uma amizade e a moça conta que conhece a atriz
Carrie Fisher (nossa amada princesa Leia, que faz uma ponta) pelo twitter e que
a indicou para trabalhar como assistente de uma atriz decadente, Havana Segrand
(interpretada por Julianne Moore), que lutava arduamente para ter o papel
principal no “remake” de um filme estrelado por sua mãe na década de 1960. Por
outro lado, havia o ator adolescente Benji Weiss (interpretado por Evan Bird),
um mala sem alça extremamente arrogante e mimado pelos pais, que são um
apresentador de programas de auto-ajuda, Dr. Stafford Weiss (interpretado pelo
sempre ótimo John Cusack) e Christina Weiss (interpretada por Olivia Williams).
O menino estava sob os olhos da produtora em virtude de seu vício por remédios.
Aliás, ser viciado em remédios parecia ser uma espécie de lugar comum para
todos. Não houvesse quem não tomasse suas pílulas. Em alguns casos, como os de
Havana e Benji, eles tinham alucinações. Havana via a sua mãe, desvalorizando-a
e lembrando dos abusos sexuais que ela sofreu na infância feitos pelo namorado
da mãe. E Benji via uma menina morta que ele visitou no hospital e era fã dele,
para quem falou uma série de mentiras.
Essa breve sinopse, que
não será estendida aqui por conta dos “spoilers”, já nos dá uma noção de como o
filme é muito barra pesada. Mas o que foi dito aqui é apenas a ponta do
“iceberg”. Temas muito mais pesados aparecem, onde a desgraça alheia pode ser a
sua felicidade, o incesto é recorrente e práticas piromaníacas não são uma
exceção. É uma película extremamente agressiva, onde parece que a grande
maioria dos personagens perde o controle totalmente. A busca pela fama e
riqueza provocam extremo sofrimento, desagregação familiar, fortes vícios,
alucinações e comportamentos para lá de violentos. Não há qualquer alegria,
somente um estado letárgico alternado por momentos de extrema agonia. Tudo isso
faz com que o filme seja muito bom, já que ele tem a coragem de denunciar algo
espinhoso que sabemos que existe no showbiz, mas não é muito contado por aí (a
menos que renda vendas para revistas de fofoca, que só se interessam pelo
escândalo de forma superficial). As pressões que a fama impõe, onde fica bem
claro que o glamour é algo totalmente efêmero e há uma luta atroz para se
manter no topo, a ponto de um adolescente tentar estrangular uma criança por
causa disso, aparecem de jeito altamente contundente. Todos estão submetidos a
um “star system” que estraçalha corações e mentes. E a gente se pergunta: até
que ponto valem a pena a fama e a riqueza se sua vida está destruída? Mansões
cobertas com luxos de todo tipo servindo a almas dilaceradas...
Assim, “Mapas Para as
Estrelas” é uma película que merece ser vista e que realmente denuncia
situações extremas na indústria de entretenimento dos Estados Unidos. Um filme
interpretado por bons atores que fala das mazelas que alguns atores
despreparados para a pressão podem passar. Um filme essencial...
Cartaz do Filme.
Agatha. Luvas que escondem marcas de queimaduras...
Jerome. Aspirante a ator e roteirista, além de motorista de limusines
Havana. Atriz decadente e atormentada...
Benji, um pirralho insuportável
Stafford. Programas de auto-ajuda...
Insanidade à flor da pele.
O excelente diretor David Cronenberg
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