Festival
do Rio 2016. De Palma. A Trajetória de Um Incompreendido.
Pois é, o Festival do
Rio 2016 acabou, mas ainda há a rebarba da “Última Chance”. Esse ano, um dos
cinemas onde pudemos ter um gostinho extra do Festival após o seu término foi o
Roxy, de Copacabana. E lá tivemos a oportunidade de se assistir o excelente
documentário “De Palma”, sobre o conhecido diretor de cinema norte-americano. Esse
filme, dirigido por Noel Baumbach (de “Francis Ha”) e Jake Paltrow tem uma
estrutura muito simples. Vemos o próprio Brian De Palma narrando toda a sua trajetória
desde a infância, passando por sua família, pelas primeiras experiências cinematográficas,
chegando até ao estrelato de diretor consagrado, mas muito contestado e, por
que não, um pouco maldito. O documentário é uma joia para os amantes do cinema
em geral, pois Brian De Palma é de uma geração de cineastas que engloba
Coppola, Spielberg, Lucas, Scorsese e por aí vai. Ainda, o início da carreira
cinematográfica do diretor coincide com o início da carreira cinematográfica de
Robert de Niro. É exibido no filme trechos dos primeiros filmes em que eles
trabalham juntos, tornando-se uma grande curiosidade dessa película. Mas há muito
mais. Ele fala de detalhes da produção e curiosidades de filmes como “Carrie, a
Estranha”, “Scarface”, “Vestida para Matar”, “Dublê de Corpo”, “Os Intocáveis”,
“O Pagamento Final”, “Pecados de Guerra”, “Missão Impossível”, etc., sendo essa
a parte mais deliciosa do filme. É falado também da repulsa, por parte do
público e da crítica, a seus filmes, que tinham às vezes um conteúdo muito
violento e chocavam muito. Reclamava-se muito de cenas onde mulheres eram
vítimas de uma violência extrema ou então de conteúdos altamente eróticos,
coisas que sacudiam na cadeira os tradicionais WASPs americanos. Sua veia
iconoclasta e desafiadora não tinha limites e De Palma chegou a fazer teste com
uma atriz pornô para um filme que falava de uma prostituta, o que deixava
indignados os executivos dos grandes estúdios. Foi ainda lembrado no
documentário que Brian De Palma fez parte de uma geração de diretores que experimentou
um breve momento de autonomia e liberdade com relação aos grandes estúdios, o
que acabou levando à produção de grandes filmes. Só que logo os estúdios
retomaram o controle da situação e impuseram sua vontade novamente, para a decepção
do diretor, que muito reclama da interferência dos grandes estúdios em seus
filmes, em virtude de seu viés altamente polêmico.
Outro ponto
interessante dessa película é que De Palma, ao falar sobre seus filmes, falava
também das influências de outros diretores e outros gêneros cinematográficos,
como Hitchcock ou a Nouvelle Vague, sobretudo Godard. E aí a montagem do
documentário é primorosa, pois imagens de seus filmes são comparadas com
imagens de suas influências, como no caso de “Os Intocáveis”, onde a sequência do
tiroteio na escadaria da estação de trem é comparada com a sequência da
escadaria de Odessa de “Encouraçado Potemkim”, de Sergei Eisenstein, influência
direta e confessa do diretor em suas próprias palavras.
Assim, o documentário “De
Palma” só confirma o que já foi dito aqui: que o Festival do Rio deste ano
conseguiu manter a sua tradição de trazer ao público excelentes documentários
sobre os mais variados temas. E a coisa torna-se mais atraente ainda quando o
documentário fala justamente do grande amor de provavelmente boa parte do público
do Festival, que é o cinema. Um programa imperdível. Torçamos para que esse
documentário seja lançado comercialmente por aqui.
Cartaz do Filme
O homem explica tudo...
Belas fotos de arquivo, como essa com Spielberg...
Uma turma da pesada...
Dirigindo Al Pacino em "Scarface"
Violências extremas...
Dirigindo Robert De Niro em "Os Intocáveis".
Carrie, de dar medo!!!!
Um grande diretor...
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