Festival
do Rio 2016. A Banda Prometida. O Que Importa Menos é a Música.
O Festival do Rio
exibiu mais um bom documentário, sacramentando de vez a sua tradição em nos
presentear com boas películas do gênero. “A Banda Prometida” é uma produção um
tanto inusitada. Um filme feito por mulheres, com um muro intransponível no
meio, que é novamente a questão árabe-israelense. É muito interessante perceber
como esse tema é uma fonte inesgotável não somente para documentários, mas
também para filmes de enredo.
Nesta película, temos
uma produtora americana de tv que decide realizar algo curioso: formar uma
banda musical com mulheres israelenses e palestinas, como uma espécie de
símbolo para a paz. Ela teve essa ideia depois de conhecer um alpinista
palestino que escalou o Everest com o objetivo de divulgar a paz. Só que juntar
essas mulheres não será uma coisa tão fácil, já que existem algumas áreas nos
territórios ocupados onde a presença israelense é proibida, assim como há a
proibição, por parte de Israel, da presença palestina em território israelense.
Tais questões espinhosas acabam colocando a carreira musical do grupo em
segundo plano. Aliás, do grupo de mulheres que queria formar a banda, somente
uma tinha alguma formação musical e percebemos que a banda é apenas um pretexto
para aproximar israelenses e palestinas, divulgando tudo isso num filme e
mostrar que a paz ainda é possível naquela região tão belicosa.
É realmente um
documentário muito bem realizado, mesmo que tenha havido tantas condições
adversas. As restrições que as vigilâncias de fronteira dos dois países
impuseram foram muitas e acabaram impedindo a participação de outras pessoas no
filme. O tal alpinista palestino, por exemplo, foi impedido de se encontrar com
a banda feminina (ele faria parte dela) por ter sido barrado na fronteira. O
medo era algo constante também, provocado por uma desconfiança inicial, além da
grande diversidade cultural como, por exemplo, o caso da moça árabe que vivia
em Israel, ou o caso do rabino ortodoxo americano que tinha excelente formação
musical, mas que não podia ouvir mulheres cantando, pois a sua visão da
religião não o permitia, o que acabou provocando um desfalque sério no grupo.
Contdo, tivemos exemplos muito positivos, como o caso da ex-militar israelense
que se comoveu com a questão palestina e a palestina que largou a Cisjordânia e
o marido para começar vida nova em Israel. Pode-se dizer que a interação entre
essas mulheres provocou mudanças profundas na vida de algumas delas, o que foi
algo muito legal de se ver, assim como foi também muito instigante perceber
como as mulheres superaram medos e preconceitos, tornando-se amigas muito
sinceras.
O documentário ainda
teve a grande virtude de explicar, através de mapas, gráficos e muitas imagens,
toda a complexa geopolítica local, mostrando, por exemplo, que a Cisjordânia
não é uma área de dominação exclusivamente palestina, mas que há uma parte sob
controle israelense, outra sobre controle israelense-palestino e uma última
parte (a menor, diga-se de passagem) sob controle exclusivamente palestino. Era
lá que vivia a palestina, numa área completamente proibida para os israelenses.
Assim, “A Banda
Prometida” é mais um daqueles documentários que fala da realidade do conflito
árabe-israelense e que tem o mérito de abordar o universo feminino nesse
contexto. Fica aqui novamente a torcida de que esse filme tenha lançamento
comercial por aqui. E não deixe de ver o trailer depois das fotos.
Cartaz do Filme
Uma produtora de tv (a loura)
Uma palestina.
Uma israelense
Nas manifestações pela causa palestina...
Dando um rolé por aí...
Amigas...
Gravando uma música...
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