Tim
Maia. Trajetória Conturbada De Um Gênio.
Às vezes, a vida
consegue ser mais criativa que a arte. Isso é o que vemos no excelente filme
“Tim Maia”, que conta a trajetória do famoso compositor e cantor. A história de
vida do artista que ficou conhecido como “síndico” por causa da música
“W/Brasil”, de Jorge Benjor, é algo que beira o surreal. E é muito divertida, pois
tira do pedestal alguns símbolos que conhecemos como ícones tais como Roberto e
Erasmo Carlos. É um filme que também aborda o tema do racismo e do preconceito
e de como um temperamento forte pode destruir uma vida e nos privar de um
enorme talento.
O filme começa numa
Tijuca antiga e tradicional, onde um menino negro de nome Sebastião estudava
numa escola católica e ajudava a mãe no comércio de marmitas, tornando-se
conhecido em todo o bairro. Um belo dia, ele passa em frente a uma loja de
discos e conhece a música, o que desperta nele o desejo de ser cantor. Sebastião
irá então formar seus primeiros grupinhos musicais, fazendo apresentações na
igreja. É nessa época que ele conhece Roberto e Erasmo Carlos e formar um grupo
para tocar no programa de TV de Carlos Imperial, que vê o grupinho da Tijuca
com preconceito e arroubos de racismo, embora os aceite e os leve até para
conhecer a bossa nova na zona sul. Mas o programa de Imperial acaba e Sebastião
tentará a sorte nos Estados Unidos, onde se envolve com a criminalidade, as
drogas e a prisão. De volta ao Brasil e na pior, Sebastião vai a São Paulo,
onde as pessoas ganham dinheiro com a música. Roberto Carlos, inclusive, já tem
o programa “Jovem Guarda” na tv. Após várias tentativas de falar com Roberto,
Sebastião finalmente consegue e escreve músicas para o famoso cantor, enquanto
sobrevive cantando em barzinhos. A partir daí, sua carreira como músico e
cantor finalmente decola. O agora Tim Maia conhece o estrelato, mas também uma
vida muito desregrada, com direito a sexo, drogas e... drogas. Seu
comportamento totalmente destemperado afastou todos de sua vida: amores,
amigos, integrantes da banda. Ele foi ao fundo do poço... e, praticamente, não
mais voltou...
Se o filme tem momentos
muito engraçados (o Roberto Carlos estava muito caricato, sendo muito hilário,
e a personalidade de Tim Maia também é digna de muitas gargalhadas), a
decadência do cantor, exibida de forma nua e crua, expressa muita tristeza. A
história tinha mesmo que ser intensa, tal como o protagonista. Entretanto,
sempre haverá alguém que vai dizer que conhecia o cantor e que o filme não era
nada daquilo, que o comportamento do cantor era muito pior, etc. (esse tipo de
comentário apareceu muito no filme “Cazuza”). De qualquer forma, a trama nos dá
uma oportunidade de presenciarmos situações de que ouvimos falar.
A questão do
preconceito é também algo digno de nota. Com uma história muito datada, o
racismo da época, que hoje nos parece muito agressivo, era encarado de uma
forma até tolerante naquela época. Claro que havia a indignação, como vemos em
algumas falas do personagem de Tim Maia, mas as reações às manifestações de
preconceito realmente pareciam mais passivas do que as de hoje. Outros tempos,
outras mentalidades.
É um filme para rir, chorar
e se impressionar. Um filme brasileiro e tanto, que fala de coisas com as quais
nos identificamos rapidamente. Vale muito a pena dar uma conferida.
Cartaz do filme
Tim Maia jovem (Robson Nunes)
Tim Maia adulto (Babu Santana, excelente caracterização)
Começo de carreira com Roberto Carlos...
Uma verdadeira caricatura...
Ripongas...
O síndico...
Nenhum comentário:
Postar um comentário