Whiplash.
Grande Atração do Festival do Rio.
O nosso Festival do Rio
tem vários filmaços. E hoje vamos falar de “Whiplash”, definitivamente uma das
grandes atrações deste ano. O filme conta com a excelente presença de J. K.
Simmons, o J. J. Jameson do filme “Homem Aranha” com o Tobey Maguire como o
herói das teias. Simmons é a grande atração de uma trama muito interessante.
Whiplash é uma história sobre música. E muito boa música. Jazz, mais
especificamente. Vemos aqui a trajetória de um baterista que está na
Universidade, Andrew Neyman (interpretado por Miles Teller), filho de um
escritor fracassado e que nem conheceu a mãe. Seu sonho é ser um grande
baterista, alcançando a perfeição ao executar as músicas de Jazz. Mas, para
chegar ao sucesso na sua profissão, ele terá que enfrentar os métodos de ensino
rigorosíssimos de Terence Fletcher (interpretado por J. K. Simmons), que é um
verdadeiro cão chupando manga, assediando moralmente seus alunos, ultrapassando
todos os limites da humilhação total, chegando ao nível da agressão física. Andrew
passará por todas as humilhações que se pode imaginar, indo aos limites da exaustão
total e dos nervos, quando chega a agredir seu professor. E, ao contrário do
que podemos imaginar, o filme não tem um desfecho óbvio. Os caminhos de Andrew
são bastante tortuosos ao longo da trama.
A grande questão que
fica aqui é: tal metodologia de ensino é eficaz em sua plenitude? A forma
rigorosa e humilhante com que Fletcher trata seus alunos é até compreensível,
pois os estimula a sempre se aprimorar e jamais se acomodar. O problema é, até
onde tal metodologia é apenas rigorosa e até onde ela chega aos limites perigosos
do assédio moral e da humilhação. A fronteira entre essas coisas parece muito
tênue. E o filme lança essa dúvida. A gente também se pergunta até onde vale a
pena se dedicar a uma carreira e alcançar uma suposta perfeição. Os sacrifícios
de Andrew para isso beiravam o absurdo total, com direito a muitas feridas e
poças de sangue nas mãos. Mas há situações ainda mais inusitadas que eu não contarei
aqui, para não dar tantos “spoilers”. De qualquer forma, o filme é excelente,
foi uma sessão cheia e muito aplaudida ao seu final. Como as legendas estavam
em cima dos fotogramas (não foi com legendas eletrônicas), é possível que “Whiplash”
entre em circuitão depois, sendo um programa obrigatório para os amantes da boa
música e do bom cinema, pois, como já foi dito acima, J. K. Simmons arrebentou.
O filme realmente gira em torno dele, apesar de Andrew ser o protagonista.
Fletcher, apesar de ser um demônio encarnado, sabia também ser doce e meigo em
momentos muito pontuais. E esses extremos foram de grande valia para configurar
a complexidade do personagem. Um homem de fala mansa que podia, de uma hora
para outra, cometer as mais severas barbaridades. Mas que, no fundo, sabia
reconhecer um grande talento, algo que ele caçava, sem êxito, com suas metodologias
rigorosíssimas de ensino. Não percam esse maravilhoso filme, se possível, ainda
no Festival. Vale muito a pena!.
Cartaz do Filme
Andrew e Fletcher. Relação muito conflituosa
Um professor muito exigente.
Humilhações que beiram o insuportável.
Indo até os limites da exaustão.
Sangue e baquetas. Síntese dos absurdos presentes no filme.
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