O
Doador De Memórias. Já Vimos Isso Antes?
Quando vemos um filme
do tipo “O Doador de Memórias”, sempre temos a impressão de que já vimos algo semelhante
no que diz respeito à trama. Um estado opressor, que controla corações e mentes
de um povo e o mantém sob estrita obediência. De fato, isso não é nada novo. Exemplos
na História Universal não faltam, sendo talvez um dos mais recentes e notórios
o estado nazista alemão. Mas como novamente o estado totalitário e opressor
está de volta, cabe a nós analisarmos como esse tema é novamente contado. Um
tema com variações, como dizemos na música erudita. O que vale aqui é
percebermos como uma velha história pode ser recontada e o que de novo aparece
nessa tentativa feita pela escritora Lois Lowry.
Vemos aqui um mundo
perfeito, sem violência, guerras, miséria ou fome. Mas todas as pessoas parecem
lobotomizadas. Elas obedecem a um estado sem qualquer forma de contestação, que
controla tudo, desde a hora em que as pessoas devem dormir até o futuro
profissional dos adolescentes. Não há qualquer possibilidade de escolha
individual. Jonas (interpretado por Brenton Thwaites), um adolescente que está
prestes a descobrir a função a qual foi designado, se vê surpreso ao perceber
que foi escolhido para ser o receptor das memórias de toda a humanidade. Nenhuma
pessoa dessa comunidade futura tem qualquer conhecimento do que aconteceu no Planeta
Terra no passado. Eles não conhecem a guerra, a matança, fome, miséria ou
qualquer coisa de ruim que a humanidade produziu. Mas também não conhecem tudo
aquilo de bom que a vida pode dar. Sentimentos como amor e afeto passam longe
de suas cabeças. Jonas descobrirá todos esses sentimentos ao estabelecer
contato com o doador (interpretado por Jeff Bridges), convivendo com experiências
de extrema beleza, mas, ao mesmo tempo, sofrendo profundamente com todas as
atrocidades do passado. Quanto mais Jonas mergulha na história da humanidade, mais
ele tem consciência de que a sociedade em que vive é uma farsa. E aí ele toma
uma decisão. Jonas irá dar a toda a sua comunidade o conhecimento das memórias
do passado. Para isso, ele terá que fazer uma viagem até os limites externos de
sua comunidade, num terreno totalmente inóspito, fruto das destruições que a
raça humana causou no passado. Entretanto, ele terá que enfrentar a perseguição
da Chefe Elder (interpretada por Meryl Streep), que deseja a manutenção daquele
estado alienante.
Como podemos ver, nada
de novo no front. Um herói abnegado que luta sozinho contra um estado opressor
que aliena toda uma sociedade e, miraculosamente, consegue alcançar seu
intento. Só que, dessa vez, temos um rapazinho adolescente como protagonista,
atuando num futuro não muito distante, dentro dos modelos de “best-sellers”
adolescentes atuais, que tanto material têm dado para o cinema, indo de “Crepúsculos”
a “Divergentes”, passando por “Jogos Vorazes”. O melhor do filme? Jeff Bridges,
sem a menor sombra de dúvida. E a Meryl Streep? Apareceu pouco, foi mal
aproveitada. Katie Holmes como a mãe de Jonas, totalmente antenada com o
estado, é outro fator digno de destaque. Mas o filme não impressiona muito não.
E seu desfecho dá a sensação de que o filme terminou antes da hora, que algo
mais deveria ter sido contado ali.
Assim, podemos dizer
que “O Doador de Memórias” não deu o retorno esperado. Mas abordar um tema já muito
batido pode levar facilmente a esse risco. Recontar uma história tem a
necessidade de uma imaginação muito rica para poder corresponder às
expectativas, que se tornam muito exigentes nesse contexto.
Cartaz do Filme
Jonas, nosso herói, descobrindo o amor.
Meryl Streep, poderia ser mais aproveitada.
Jeff Bridges foi o cara!!!!
Não tem jeito. Os medalhões têm que estar presentes.
Promovendo o filme.
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