segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Chatô, O Rei do Brasil

Chatô, O Rei Do Brasil. Muito Barulho Por Nada.
E finalmente, depois de vinte longos anos, saiu o filme “Chatô, O Rei do Brasil”. A produção dirigida por Guilherme Fontes ficou mais conhecida pelas suspeitas de mau uso das verbas públicas pelo diretor e sua posterior condenação do que a trama do filme em si, que se baseia no livro homônimo de Fernando Morais, que fez uma biografia do magnata da mídia brasileira Assis Chateaubriand, um homem de visão que, além de ser dono dos Diários Associados e de ter editado a revista “O Cruzeiro”, fez incursões com o rádio e trouxe a televisão para o Brasil, sendo o fundador da TV Tupi. Chatô, como passou a ser conhecido, era, ao mesmo tempo, um homem muito astuto (para ele, o patrocínio em jornal deveria ter um destaque maior para gerar mais dinheiro e possibilitar a veiculação da notícia) e uma verdadeira vaca brava lá da Paraíba que queria valorizar a cultura nacional perante uma nascente burguesia brasileira e, por que não, perante a burguesia internacional, tornando-se um personagem fascinante para se escrever uma biografia. E, à reboque do “best-seller” de Morais, veio o filme...
E o que podemos dizer da película em si? Em primeiro lugar, o filme não obedece uma estrutura narrativa mais tradicional que, a meu ver, seria mais adequada para contar a história de vida de uma pessoa. A narrativa é fragmentada e não linear, fazendo idas e vindas no tempo, o que incomoda um pouco, principalmente ao início do filme, onde temos uma sucessão muito rápida de pequenos trechos da vida do jornalista, numa sucessão praticamente aleatória e estroboscópica, dando uma má impressão. Com o tempo, os trechos do filme se “detêm” mais em determinadas épocas, apesar de ainda termos idas e vindas ao longo da sequência cronológica. Tal estilo de narração é mais favorável para a proposta de Fontes, onde era feita uma visão romanceada da vida do protagonista, quando chegamos a presenciar um programa de tv onde um Chatô já combalido pela trombose era (pasmem) julgado e seu advogado de defesa era ninguém mais, ninguém menos que... Getúlio Vargas! Sei não, é uma forma de se apresentar uma biografia, mas confesso que não me agradou. A coisa ficou com carinha de show biz (e era essa a intenção), um tanto bobinha. Em virtude da expectativa criada em cima desse filme por todas as querelas dos últimos anos, confesso que queria algo mais palatável como foi, por exemplo, a cinebiografia do Barão de Mauá, protagonizada por Paulo Betti, onde houve a preocupação de se contar a história cronologicamente, sem voos narrativos maiores, nem devaneios semimusicais. Mas uma coisa deu para se verificar em “Chatô”: houve um cuidado muito grande com a reconstituição de época e os cenários do programa de auditório. Pareceu que muita grana foi gasta mesmo. Só fica difícil dizer se toda ela foi gasta nisso. Mas, deixa quieto...
Outro detalhe interessante do filme foi o estelar elenco. Marco Ricca fez um belo Chatô, explosivo e caricato. Mas o filme também contou com uma estonteante Letícia Sabatella de vinte anos atrás, uma Andréa Beltrão, muito bem no filme, assim como uma Leandra Leal com cara de garotinha e uma sensual Eliane Giardini.  Paulo Betti fez um excelente Getúlio Vargas e ainda pudemos matar as saudades de José Lewgoy e Walmor Chagas, somente para se ter uma ideia de há quanto tempo esse filme foi rodado.
Dessa forma, “Chatô, O Rei do Brasil”, acabou soando menos que o esperado, com uma cara de muito barulho por nada. Pareceu que a biografia do protagonista não foi tão levada à sério. Mas, repito: essa é apenas uma forma de se tratar a história de um filme. Só não a acho adequada para contar a vida de uma pessoa. Fragmentar a narrativa sempre pode confundir um pouco a cabeça do espectador que nada sabe sobre a trajetória do biografado. Pelo menos tinha a Letícia Sabatella...

Cartaz do filme

Guilherme Fontes. Finalmente seu filme saiu depois de um tumultuado processo...

Chatô, um magnata esperto que era uma verdadeira vaca brava...

Cabra da peste!!!!

Paulo Betti (direita) fez um excelente Getúlio Vargas.

Fontes na direção.

Andréa Beltrão. Destaque como Vivi, uma mulher poderosa e influente.

O filme tinha boas caracterizações. Betti como Vargas.

Fernando Morais, o autor da famosa biografia

Capa da biografia com o verdadeiro Chatô


terça-feira, 24 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Jogos Vorazes, a Esperança: O Final.

Jogos Vorazes, A Esperança – O Final. Um Desfecho Digno À Uma Boa Saga.
E chegou o esperado desfecho da saga de “Jogos Vorazes”. Infelizmente, num timing terrível (às vésperas do lançamento do Episódio VII de “Guerra nas Estrelas”), o que tirou um pouco o interesse na película, que em minha modestíssima opinião, deu um final digno a melhor dessas histórias fantásticas de literatura adolescente adaptadas para o cinema que temos visto por aí (uma outra muito boa é a série “Divergente”, que temos seguido e acompanharemos futuramente). E por que “Jogos Vorazes” têm toda essa virtude? Por que é uma história em que o futuro da humanidade se mostra um espelho de alegorias do passado, como já pudemos dizer em outro artigo sobre “Jogos Vorazes” aqui apresentado. Vamos agora dar umas palavrinhas rápidas (leia-se alguns “spoilers” rápidos e inocentes) sobre a última história da franquia.
O filme vai abordar a batalha final entre uma aliança formada pelos distritos e a capital, onde a nossa bela heroína Katniss Everdeen (interpretada por Jennifer Lawrence) tem a ideia fixa de acabar com o presidente Snow (interpretado por Donald Sutherland) custe o que custar, desafiando, inclusive, as ordens de Alma Coin (interpretada por Juliane Moore), a líder da rebelião. Depois de convencer os distritos a fazerem uma aliança contra a capital, um pequeno grupo de resistência que contava com Katniss e seu “sweetheart” Peeta (interpretado por Josh Hutcherson) se dirige à capital para matar Snow. O problema é que Peeta passou um período na capital, sendo torturado e  condicionado a atacar a rebelião e, principalmente Katniss. Durante a missão, o homem alternava momentos de racionalidade com violenta instabilidade emocional, o que trazia mais stress para a situação.
Podemos dizer que o filme foi relativamente maçante em seu início, mas paulatinamente a coisa foi se tornando mais interessante, emocionante e cheia de ação. O desfecho, que por motivos óbvios não falarei aqui, teve uma enorme cara de anticlímax. Mas, por mais curioso que isso possa parecer, esse anticlímax tornou a coisa muito mais interessante e menos banal do que o desfecho convencional de uma história de aventura. O “happy end” sofreu máculas extremamente interessantes e que convidam à reflexão, numa prova de que “Jogos Vorazes” não são uma historinha boba de ação e romance para adolescentes. A coisa tem um conteúdo interessante no qual podemos raciocinar muito sobre fatos horríveis que a humanidade já produziu. Corações e mentes não saíram ilesos de intempéries ancestrais que ainda assombram o futuro.
Para dar ainda mais credibilidade à película, o elenco consagrado está de volta. Jennifer Lawrence tem em sua carinha nova e angelical um contraponto à líder que luta contra o autoritarismo da capital. Durante a produção e exibição dos filmes da saga, a Academia laureou a carreira de Lawrence com o Oscar de melhor atriz. Mas o filme tem um monte de cobras criadas. Donald Sutherland como o presidente Snow rouba a cena toda a vez que aparece, com seu sorriso cínico e doses periclitantes de sarcasmo. Juliane Moore é a líder revoltosa, cuja face enigmática encobre um caráter que pode ser dúbio. E, provavelmente, foi a última vez em que pudemos nos deleitar com a atuação contida e centrada de Philip Seymour Hoffman.

Dessa forma, “Jogos Vorazes, a Esperança: O Final”, apesar de estrear num momento inoportuno, ainda merece a atenção do espectador, pois dá um desfecho não trivial à história, o que mais uma vez nos leva à reflexão, como ocorreu nos três outros filmes da franquia. Se ao início da exibição, a história parecia ter perdido o fôlego, o tom de anticlímax do desfecho não funcionou negativamente contra o filme. Pelo contrário, tivemos uma conclusão bem mais interessante do que ocorreria habitualmente numa história de ação. Vale a pena dar uma conferida.

Lindíssimo cartaz do filme.

Katniss em sua última missão.

Missão essa cheia de perigos...

Peeta, muito zureta das ideias.,.

Próxima ao palácio de Snow. É melhor se disfarçar...

Snow, o alvo!!!


Coletivas...

domingo, 22 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Pablo Picasso e o Roubo da Mona Lisa

Pablo Picasso E O Roubo Da Mona Lisa. A Comédia Que Saiu Pela Culatra.
Um curioso filme espanhol, lá do longínquo ano de 2012, dirigido por Fernando Colomo, só agora chega às nossas telas. “Pablo Picasso e o Roubo da Mona Lisa” foi vendido no trailer como uma comédia. Mas, de graça mesmo, teve muito pouco. O filme foi mais sério do que o esperado. E o roubo da Mona Lisa em si? Bom, esse teve destaque apenas na parte inicial e final da película. Então esse é o tipo do filme em que o peixe vendido te engana duas vezes.
Do que se trata a história afinal? A trama se centra no pequeno grupo de artistas e intelectuais do qual Pablo Picasso fazia parte. Tínhamos nesse grupo nomes como Max Jacob, poeta e pintor, Guillaume Apollinaire, escritor, George Braque, o cubista e fauvista, Manolo Hugué, escultor, e, mais perifericamente, Gertrude Stein, escritora. Matisse era visto como o grande mestre de sua época e tratava com extremo desdém e preconceito o grupo de artistas e, principalmente Picasso, quando viu pela primeira vez o futuramente famoso quadro “Les Demoiselles d’Avignon”. E isso numa época em que os artistas loucamente corriam atrás de patrocínio de milionários e tais avaliações influíam muito na opinião do mecenas em dar a sua contribuição ou não. Realmente, era muito difícil criar novas concepções e visões de vanguarda naquela época. Assim, pode-se dizer que o grupo “jogava nas onze” para se virar e, simultaneamente, desenvolver sua arte e tirar o seu sustento. Mas realmente ficou a impressão de que parecia mais um grupo de “bons vivants” malandros que faziam uma série de armações do que artistas futuramente consagrados. E devia, ao fim das contas, ser isso mesmo!
Um detalhe interessante mencionado no filme é a facilidade com que se podia roubar peças do Museu do Louvre. Um dos coleguinhas do grupo, um tal de Barão, artista mambembe das ruas, e que foi fonte de inspiração (e de sedução!) para Apollinaire, conseguiu entrar numa salinha deserta do museu repleta de esculturas de cabeças feitas pelos fenícios e pelos ibéricos em dias pré-romanos. O homem roubou duas dessas cabeças e as teria vendido a Picasso, que as usou como fonte de inspiração para os seus quadros. O mais interessante é que, tempos depois, a Mona Lisa foi roubada, e tanto Picasso quanto Apollinaire foram investigados como suspeitos do roubo. Vale dizer que, na época, os dois consagrados artistas eram uns zés-ninguém. E o mais interessante no filme é uma legenda ao seu início, colocada por ordem de quem detém os direitos sobre o espólio de Picasso, que falava de forma categórica que o filme é uma obra de ficção. Será mesmo? Querelas à parte, a película deixa essa pulguinha atrás da orelha. Se Picasso não roubou a Mona Lisa, pelo menos pareceu que ele comprou acervo roubado do Louvre. E também ficou dito no filme que parece que era muito fácil roubar peças do museu mundialmente famoso.
O elenco contou com uma boa caracterização. E pudemos atestar isso nos créditos finais, onde a imagem do ator que contracenava o papel do artista era alternada com a imagem real do artista. Picasso e Apollinaire, interpretados respectivamente por Ignacio Mateos e Pierre Bénézit, eram os que mais se assemelhavam na comparação física entre ator e artista. Alguns outros atores fisicamente não eram tão semelhantes, mas nem por isso podemos dizer que a coisa ficou ruim, já que as suas interpretações nos ajudaram a mergulhar naquela Paris do início do século passado, e ainda pudemos sentir os desejos e angústias de cada personagem. O trabalho do ator Lionel Abelanski, que interpretou Max Jacob, foi interessantíssimo, sobretudo quando do momento em que ele interpretava todas as alucinações que o artista sofria ao consumir éter. Uma coisa para lá de louca e, se me permitem um leve anacronismo, até bem psicodélica.

Dessa forma, “Pablo Picasso e o Roubo da Mona Lisa” é um filme que, se engana por seu título e trailer, ainda sim é instigante, pois se centra no grupo de artistas do qual Picasso fazia parte, destacando a vida boêmia e malandra de seus integrantes. A pretensa comédia mais se revelou um drama divertido e uma pequena radiografia que nos tornou um pouco mais íntimos de alguns ícones das artes. Mas não foi nada mais além disso. Vale pela curiosidade.

Cartaz do filme

Um grupo de artistas tentando se afirmar na Paris do início do século XX...

Pablo Picasso. Envolvido num roubo???


Avaliando um futuro ícone da arte universal.

Les Demoiselles d'Avignon!!!

Picasso e Apollinaire...

Georges Braque (de cigarro), uma excelente aquisição para o grupo...




sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Sem Filhos

Sem Filhos. Comédia Para Quem Odeia Crianças.
Uma co-produção argentina e espanhola paira em nossas telas. “Sem Filhos” é uma comédia comercial e despretensiosa, com o único intuito de divertir levemente. Não é lá grande coisa, é altamente previsível e cheia de clichês. O leitor pode estar se perguntando: então não devo nem chegar à porta do cinema em que este filme está passando? Também não é para tanto. Você vai ter uma tarde agradável e rir um pouquinho. Às vezes, o cinema também serve para desopilar o fígado, distrair, desestressar. E um filme levinho desses consegue cumprir esses papéis.
Vemos aqui a história de Gabriel (interpretado por Diego Peretti), um carinha meio porra louca que tem uma loja de instrumentos musicais. Ao tirar seu passaporte, ele encontra uma antiga amiga de infância, Vicky (interpretada pela boa atriz espanhola  Maribel Verdú, que deu um show como a vilã da Branca de Neve “toreadora” da película muda e em preto e branco “Branca de Neve”). Logo se percebe que existe uma atração mútua. Mas Vicky rapidamente desaparece. E até que isso não foi de todo ruim, pois Gabriel está casado e sua esposa está grávida de uma menina. Muitos anos se passam, Gabriel está separado e vive com sua filhinha Sofia, de apenas nove anos (interpretada por Guadalupe Manent), uma menina muito fofinha e esperta (olha aí um clichê). Um belo dia, Vicky entra na loja de Gabriel de propósito para matar as saudades e convidá-lo para uma festa. Foi o pretexto para que os dois engatassem um namoro. Entretanto, havia um problema: Vicky detestava crianças. E Gabriel vai ter que “encobrir” a presença da filha em sua vida para continuar seu relacionamento com Vicky.
O que a película tem de diferente? Ela levanta a velha questão: filhos, tê-los ou não tê-los? Se há gente que tem uma paixão doentia por crianças, o inverso também acontece. A comédia se torna atraente principalmente por ser um tema do qual ninguém fica indiferente. Em países de origem latina, sobretudo aqui na América, todo mundo quer ter filhos (parece até uma epidemia). Já em países anglo-saxões da Europa, ninguém quer ter filhos. O caso da Alemanha chega a ser alarmante quanto ao envelhecimento da população, indo ao ponto de se ter que importar mão-de-obra estrangeira para a construção civil. Por sua vez, em terras americanas e latinas, têm-se filhos demais, criando graves problemas sociais devido a inadequadas estruturas sócio-econômicas, antes que me chamem de neomalthusiano. Ou seja, cada cultura encara de forma diferente a questão da natalidade. Pode-se dizer que o filme apresenta essas duas visões de mundo. Gabriel, argentino, o paizão coruja, que não tem outro assunto senão a sua filhinha, inclusive não se importando mais em ter um relacionamento afetivo com outra mulher. E Vicky, a “galega” espanhola independente, que não finca raízes (embora as procure) e não suporta a má educação e gritaria das crianças. Gabriel tem a visão mais “sul-americana” da natalidade, de paixão praticamente insana por crianças (embora não devamos generalizar). Vicky, por sua vez, retrata uma posição mais “europeia” de uma repulsa igualmente insana por crianças. E, no meio disso tudo, a filha de Gabriel, Sofia, que, seguindo o clichê de “crianças de mentalidade adulta”, enfrenta o problema da forma mais irônica possível, sendo a pessoa mais centrada no meio de dois adultos instáveis. E a graça da comédia reside aí. Mas fica a impressão de que já vimos isso antes. E muitas vezes. Lembro-me até de uma novela da Globo lá de 1983, “Corpo a Corpo”, onde Antônio Fagundes e Débora Duarte faziam um histérico casal em crise e quem tentava colocar os dois no prumo era o filho, interpretado por um Selton Mello pré-adolescente. Víamos situações hilárias, onde o filho falava com uma voz bem grossa, formal e sóbria com o pai frases do tipo: “vocês têm que ser mais maduros, discutir a relação”, etc. E isso porque não havia a intenção de ser uma coisa engraçada. O filme segue a mesma linha, embora tenha a intenção de ser engraçado, só que, curiosamente, foi menos hilário que “Corpo a Corpo”.
Os atores até que foram bem. Diego Peretti, que interpretou o papel de Gabriel, foi bem explícito nas características erráticas e caóticas de seu personagem, que se perdia e se embananava nas tremendas saias justas em que se metia, sendo um bom alvo para a sua filha Sofia. Esta, por sua vez, era uma menina muito fofinha e esperta, exalando bastante doçura e despertando simpatia, apesar dos clichês de criança adulta, que tornavam a coisa um pouco caricata e chata. Já Maribel Verdú, com seu corpo esguio e atuação firme, despertava muita simpatia e dava grande plasticidade ao filme.

A comédia tem um desfecho óbvio, daquele que já sabemos que vai acontecer quando se vê o trailer. Mas, o que importa? O filme não se presta a voos intelectuais, mas sim a entretenimento puro, como em tantas outras coisas óbvias que a gente vê por aí. Quem está a fim apenas de se divertir, tirar um aborrecimento qualquer, pode ir ver “Sem Filhos” sem medo. Mas, ainda assim, fica a pergunta: “filhos, tê-los ou não tê-los?”. Qual é a sua opinião?

Cartaz do filme

Cartaz no Brasil


Gabriel e Sofia. Pai e filha

Começando um namoro com Vicky

Mas a mulher não gostava de crianças...

Uma relação conflituosa com Sofia.

Será que elas vão se entender??



quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Grace de Mônaco

Grace De Mônaco. Uma Atriz Que Ganhou A Majestade.
Um bom filme americano nas telonas. “Grace de Mônaco” conta a história da consagrada atriz americana Grace Kelly após o seu casamento com o Príncipe Rainier III de Mônaco. Livros já foram publicados sobre isso, enfocando sempre a vida infeliz de Princesa de Grace Kelly, a sensação de abandono, casos com rapazes mais jovens, até o derradeiro acidente que vitimou a Princesa. E essa película, enveredou por esse mesmo caminho? Em parte sim, mas o filme foi mais do que isso. E conta uma história até certo ponto surpreendente para as novas gerações que não conheceram algumas antigas querelas entre países europeus do passado. E nos ajuda a refletir um pouco sobre a geopolítica atual, tão cheia de atentados terroristas e calamidades semelhantes.
O que o filme tem de esperado? A visão de “coitadinha” da Princesa triste está lá. Essa parte da trama girou em torno de um convite que Alfred Hitchcock fez à Princesa para protagonizar o filme “Marnie, Confissões de uma Ladra”, juntamente com Sean Connery. Mas realizar essas filmagens não seria algo tão trivial. O leitor pode perguntar: por ciúmes do Príncipe? Negativo! A questão era muito mais complicada, de natureza política. E aí é que o filme mostra a sua grande virtude.
Se Grace se sentia sufocada pela vida de Princesa, por passar longos períodos sem ver o marido no interior do próprio palácio, muito mais angustiante eram os problemas geopolíticos que influenciavam diretamente na vida privada do nobre casal. Mônaco à época dava total isenção de impostos à entrada de empresas estrangeiras no país. Isso prejudicava os interesses franceses e Mônaco, pressionado pelo presidente francês Charles De Gaulle, era persuadido a cobrar impostos das empresas francesas que entravam no principado. E mais: por considerar Mônaco seu protetorado, os franceses ainda pressionavam Mônaco a entregar todo o dinheiro arrecadado com os impostos para a França. Caso todas essas exigências não fossem cumpridas, a França ameaçava invadir militarmente o principado, que nem força militar tinha, e anexá-lo ao território francês. Toda essa petulância francesa, aliada ao fato de que, na época eles ainda empreendiam uma guerra contra a Argélia para não perder a sua então colônia, nos faz refletir sobre os eventos terroristas ocorridos em Paris recentemente, lembrando sempre que nada justifica a recente carnificina. Mas sempre podemos refletir sobre os efeitos negativos do imperialismo das potências ocidentais.
Com toda a turbulência geopolítica apresentada no filme, dá para ter uma ideia de como ficaria difícil para Grace Kelly ir para os Estados Unidos filmar “Marnie”. Foi um momento em que a Princesa ficou num profundo conflito, onde sentia sua liberdade tolhida e, ao mesmo tempo, uma vítima de um joguete nas mãos dos mandatários dos países. Ela só tomou a decisão de encarar a ameaça francesa depois de ter tido uma conversa com o bispo de Mônaco, o padre americano Francis Tucker. Aí deixamos de ver a Grace Kelly para passar a ver a Princesa, engajada politicamente e lutando para ajudar o marido a não ser derrubado do poder.
O filme conta com um bom elenco. O papel de Princesa coube à bela Nicole Kidman, que mostrou muito carisma como sempre. Tim Roth fez um indeciso Rainier III, cheio de pompa. Mas a grata surpresa foi o bom ator Frank Langella no papel do padre Francis Tucker, uma voz de serenidade em momentos de séria crise. Esse ator é muito versátil, chegando a fazer um “Drácula” em 1979, participou de alguns episódios de “Jornada nas Estrelas, Deep Space Nine”, “Lei e Ordem”, além de ser o Esqueleto da versão cinematográfica de “He-Man”.

Dessa forma, “Grace de Mônaco” não cai somente no lugar comum de se ver a Princesa como uma pobre coitada presa numa gaiola de ouro. Vemos aqui uma Princesa engajada politicamente, defendendo à sua maneira seu país e seus súditos, ultrapassando as barreiras de um drama social. Isso enriquece demais a película e faz ela valer a pena.

Cartaz do filme

Grace e Rainier III. Unidos no amor e na política

Fantástica caracterização!!!

Uma mãe dedicada...

Hitchcock queria lhe dar um papel...

Frank Langella foi uma gratíssima surpresa...

Uma família muito nobre...



segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Aliança do Crime

Aliança Do Crime. Química Perigosa.
Um bom filme americano nas telonas. “Aliança do Crime” é baseado numa história real passada no período 1975-1995 na cidade de Boston, sobretudo em seu submundo, onde o personagem principal é o gângster James “Whitey” Bulger, um cara que controla todas as atividades ilícitas da parte sul de Boston e é um cão chupando manga de tão ruim, tendo um comportamento extremamente autoritário, arrogante e que não perdoa traições e falhas, matando com extrema violência a todos que levemente o desagradavam. O criminoso tem um irmão mais novo, Billy Bulger, que é senador do estado. Ainda, um antigo amigo de infância dos dois irmãos, John Connolly, é agora agente do FBI. Pois bem, o grande problema aqui foi que, se James Bulger controlava todo o submundo do crime do sul de Boston, a máfia italiana controlava a parte norte e tinha intenções bem explícitas de também controlar o sul. Nesse contexto, Connolly propõe um trato a James Bulger: ele será um informante do FBI e vai entregar as atividades e esconderijos dos mafiosos e, em troca, os negócios de Bulger não sofrerão qualquer interferência do FBI, desde que Bulger não cometa homicídios ou não faça atividades com drogas enquanto for informante. Desde já, fica bem claro que essa química será bem explosiva e trará consequências bem sérias.
O filme, dirigido por Scott Cooper, tem o grande trunfo de contar com o camaleônico Johnny Depp no papel principal de James Bulger. Uma excelente maquiagem o deixou louro, com uma leve calvície, olhos verdes e um dente horrorosamente escurecido. Mas de nada a maquiagem adiantaria não fosse a fantástica atuação de Depp, que era de dar medo. O homem falava de forma mansa e bem ameaçadora em alguns momentos, o que deixava os demais personagens totalmente intimidados. A frieza com a qual seu personagem praticava os homicídios também era muito repugnante e não dava para se ficar indiferente à forma de atuação de um artista que já incorporou (parece ser essa a palavra mais exata) os mais variados personagens. Pontaço para Johnny Depp. Atuação para se tirar o chapéu, e que muito acrescentou à sua carreira. Me arrisco a dizer que o cara já merece até um Oscar, sobretudo por essa atuação que coroa sua carreira altamente fulgurante.
E os demais atores? O irmão de James Bulger, Billy Bulger, foi interpretado por um outro ator que mostra cada vez mais o seu talento e cativa cada vez mais os fãs de cinema: Benedict Cumberbatch. Sua atuação mais uma vez foi muito boa e chama muito a atenção vê-lo contracenando com Johnny Depp. Só é uma pena que Cumberbatch não tenha aparecido tanto e essas relações nebulosas entre o crime e a política regadas a laços familiares não tenham se aprofundado muito (provavelmente na vida real deve ter havido mais coelho nesse mato, mas o filme não explorou muito isso, parecendo algo demasiadamente asséptico). A relação entre James Bulger e John Connolly (interpretado por Joel Edgerton), por sua vez, foi bem mais enfocada e conflituosa, sendo o grande atrativo do filme, embora não devamos entrar em detalhes aqui para não tornar os “spoilers” mais pronunciados. Só vou dizer aqui que esse relacionamento foi altamente “hard core” e foi responsável pelo clima pesadíssimo da película. É de se lamentar que Kevin Bacon tenha tido um papel mais periférico ainda no filme, como o chefe de Connelly, que via com muitas reservas a interação do agente com o bandido. Talvez ele pudesse ser mais bem aproveitado.

Dessa forma, “Aliança do Crime” é um excelente filme policial, com bons atores e atuações, coroando a carreira de Johnny Depp, como um de seus melhores papéis, se não tiver sido o melhor. Para sermos mais justos, temos que dar uma repassada geral em sua carreira para verificarmos se sua última atuação foi a melhor ou não, mas que essa última foi muito boa, ah isso foi. Um filme pesado e violento, onde relações promíscuas entre “mocinhos” e “bandidos” foram soberbamente exploradas, numa mostra de que a vida sempre pode ser mais imaginativa que a arte. Uma película que merece muito a sua atenção se você gosta de um bom cinema.

 
Cartaz do filme

Johnny Depp como James Bulger. Irreconhecível e repugnante.

O verdadeiro James Bulger. Prova de um excelente trabalho de caracterização da película.

Um assassino implacável.

Billy Bulger. Um senador com um irmão problemático. 

Buscando manter um bom relacionamento.

Connolly e Bulger. Química explosiva.


Momentos de ira...

Johnny Depp e o diretor Scott Cooper...




terça-feira, 10 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Pasolini

Pasolini. Um Talento Desperdiçado Para A Intolerância.
Mais uma pequena jóia escondida no interior de nossas salas. “Pasolini”, de Abel Ferrara, é um filme em que o título já diz tudo. Outro dia, já radiografamos “Mamma Roma”, uma excelente obra do consagrado diretor italiano Pier Paolo Pasolini, com Anna Magnani no papel principal. Falamos brevemente de “Saló ou 120 dias de Sodoma”, um provocante e último filme do mesmo diretor. Agora, a película aqui analisada fala do último dia de vida de Pasolini, cujos filmes eram altamente controversos e desafiadores dos costumes e do establisment. Vale dizer que o governo italiano tinha relações muito estreitas com a Igreja Católica na época, o que rendia constantes ataques de Pasolini às instituições constituídas.
Coube o papel de Pasolini a Willem Dafoe e o papel de Laura Betti, atriz que participou de vários filmes de Pasolini, à atriz portuguesa Maria de Medeiros, tão querida por nós aqui no Brasil e que nos visita frequentemente. Confesso que, somente com um cast desses, fiquei estimulado a ver essa película e a coloquei em minha lista de prioridades, já que sou suspeito ao falar de Maria de Medeiros e, por que não, Dafoe também. Mas o filme tem outros méritos. O último dia de Pasolini é um misto de serenidade e de esforço criativo do diretor. Vemos toda uma rotina de seu dia. Ele levanta e fala com sua mãe, toma café, conversa com sua secretária sobre sua agenda, se encontra com amigos, entre eles Laura Betti. Mais tarde, bate até uma bolinha com os amigos, dá uma entrevista. Todos esses momentos altamente serenos são alternados com textos altamente inspirados, com direito a um acidente aéreo e a um suposto nascimento de um Messias, cuja Estrela de Belém leva a uma orgia heterossexual de homossexuais, com o objetivo de procriação.
À noite, nosso diretor vai procurar garotos de programa e leva um rapaz em seu carro. Ele ainda leva o jovem para uma janta e, depois, para uma praia. Lá, é assassinado de forma brutal, chegando a ser atropelado por seu próprio carro. Um talento e tanto desperdiçado pela intolerância e homofobia. Algo extremamente lamentável.

Dessa forma, “Pasolini”, é um filme que tem que ser visto pelos amantes mais puristas do cinema, pois se trata de um grande diretor da História do Cinema, tem atores do naipe de um Willem Dafoe e de uma Maria de Medeiros, e faz uma boa química entre um último dia cheio de serenidade típicos da rotina e, ao mesmo tempo, mergulha no lúdico da imaginação fértil do consagrado diretor, não sem lançar mão de muita sensualidade e erotismo, sempre com conotações políticas.

Cartaz do filme

Willem Dafoe, uma excelente caracterização de...

... Pier Paolo Pasolini

Maria de Medeiros como Laura Betti. Maravilhosa, como sempre...

Batendo uma bolinha...

Serenidade da rotina alternada por um esforço imaginativo lúdico. sensual, erótico e político...


Uma última ida ao restaurante...


Willem Dafoe com Abel Ferrara, o diretor...