segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Chatô, O Rei do Brasil

Chatô, O Rei Do Brasil. Muito Barulho Por Nada.
E finalmente, depois de vinte longos anos, saiu o filme “Chatô, O Rei do Brasil”. A produção dirigida por Guilherme Fontes ficou mais conhecida pelas suspeitas de mau uso das verbas públicas pelo diretor e sua posterior condenação do que a trama do filme em si, que se baseia no livro homônimo de Fernando Morais, que fez uma biografia do magnata da mídia brasileira Assis Chateaubriand, um homem de visão que, além de ser dono dos Diários Associados e de ter editado a revista “O Cruzeiro”, fez incursões com o rádio e trouxe a televisão para o Brasil, sendo o fundador da TV Tupi. Chatô, como passou a ser conhecido, era, ao mesmo tempo, um homem muito astuto (para ele, o patrocínio em jornal deveria ter um destaque maior para gerar mais dinheiro e possibilitar a veiculação da notícia) e uma verdadeira vaca brava lá da Paraíba que queria valorizar a cultura nacional perante uma nascente burguesia brasileira e, por que não, perante a burguesia internacional, tornando-se um personagem fascinante para se escrever uma biografia. E, à reboque do “best-seller” de Morais, veio o filme...
E o que podemos dizer da película em si? Em primeiro lugar, o filme não obedece uma estrutura narrativa mais tradicional que, a meu ver, seria mais adequada para contar a história de vida de uma pessoa. A narrativa é fragmentada e não linear, fazendo idas e vindas no tempo, o que incomoda um pouco, principalmente ao início do filme, onde temos uma sucessão muito rápida de pequenos trechos da vida do jornalista, numa sucessão praticamente aleatória e estroboscópica, dando uma má impressão. Com o tempo, os trechos do filme se “detêm” mais em determinadas épocas, apesar de ainda termos idas e vindas ao longo da sequência cronológica. Tal estilo de narração é mais favorável para a proposta de Fontes, onde era feita uma visão romanceada da vida do protagonista, quando chegamos a presenciar um programa de tv onde um Chatô já combalido pela trombose era (pasmem) julgado e seu advogado de defesa era ninguém mais, ninguém menos que... Getúlio Vargas! Sei não, é uma forma de se apresentar uma biografia, mas confesso que não me agradou. A coisa ficou com carinha de show biz (e era essa a intenção), um tanto bobinha. Em virtude da expectativa criada em cima desse filme por todas as querelas dos últimos anos, confesso que queria algo mais palatável como foi, por exemplo, a cinebiografia do Barão de Mauá, protagonizada por Paulo Betti, onde houve a preocupação de se contar a história cronologicamente, sem voos narrativos maiores, nem devaneios semimusicais. Mas uma coisa deu para se verificar em “Chatô”: houve um cuidado muito grande com a reconstituição de época e os cenários do programa de auditório. Pareceu que muita grana foi gasta mesmo. Só fica difícil dizer se toda ela foi gasta nisso. Mas, deixa quieto...
Outro detalhe interessante do filme foi o estelar elenco. Marco Ricca fez um belo Chatô, explosivo e caricato. Mas o filme também contou com uma estonteante Letícia Sabatella de vinte anos atrás, uma Andréa Beltrão, muito bem no filme, assim como uma Leandra Leal com cara de garotinha e uma sensual Eliane Giardini.  Paulo Betti fez um excelente Getúlio Vargas e ainda pudemos matar as saudades de José Lewgoy e Walmor Chagas, somente para se ter uma ideia de há quanto tempo esse filme foi rodado.
Dessa forma, “Chatô, O Rei do Brasil”, acabou soando menos que o esperado, com uma cara de muito barulho por nada. Pareceu que a biografia do protagonista não foi tão levada à sério. Mas, repito: essa é apenas uma forma de se tratar a história de um filme. Só não a acho adequada para contar a vida de uma pessoa. Fragmentar a narrativa sempre pode confundir um pouco a cabeça do espectador que nada sabe sobre a trajetória do biografado. Pelo menos tinha a Letícia Sabatella...

Cartaz do filme

Guilherme Fontes. Finalmente seu filme saiu depois de um tumultuado processo...

Chatô, um magnata esperto que era uma verdadeira vaca brava...

Cabra da peste!!!!

Paulo Betti (direita) fez um excelente Getúlio Vargas.

Fontes na direção.

Andréa Beltrão. Destaque como Vivi, uma mulher poderosa e influente.

O filme tinha boas caracterizações. Betti como Vargas.

Fernando Morais, o autor da famosa biografia

Capa da biografia com o verdadeiro Chatô


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