terça-feira, 10 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Pasolini

Pasolini. Um Talento Desperdiçado Para A Intolerância.
Mais uma pequena jóia escondida no interior de nossas salas. “Pasolini”, de Abel Ferrara, é um filme em que o título já diz tudo. Outro dia, já radiografamos “Mamma Roma”, uma excelente obra do consagrado diretor italiano Pier Paolo Pasolini, com Anna Magnani no papel principal. Falamos brevemente de “Saló ou 120 dias de Sodoma”, um provocante e último filme do mesmo diretor. Agora, a película aqui analisada fala do último dia de vida de Pasolini, cujos filmes eram altamente controversos e desafiadores dos costumes e do establisment. Vale dizer que o governo italiano tinha relações muito estreitas com a Igreja Católica na época, o que rendia constantes ataques de Pasolini às instituições constituídas.
Coube o papel de Pasolini a Willem Dafoe e o papel de Laura Betti, atriz que participou de vários filmes de Pasolini, à atriz portuguesa Maria de Medeiros, tão querida por nós aqui no Brasil e que nos visita frequentemente. Confesso que, somente com um cast desses, fiquei estimulado a ver essa película e a coloquei em minha lista de prioridades, já que sou suspeito ao falar de Maria de Medeiros e, por que não, Dafoe também. Mas o filme tem outros méritos. O último dia de Pasolini é um misto de serenidade e de esforço criativo do diretor. Vemos toda uma rotina de seu dia. Ele levanta e fala com sua mãe, toma café, conversa com sua secretária sobre sua agenda, se encontra com amigos, entre eles Laura Betti. Mais tarde, bate até uma bolinha com os amigos, dá uma entrevista. Todos esses momentos altamente serenos são alternados com textos altamente inspirados, com direito a um acidente aéreo e a um suposto nascimento de um Messias, cuja Estrela de Belém leva a uma orgia heterossexual de homossexuais, com o objetivo de procriação.
À noite, nosso diretor vai procurar garotos de programa e leva um rapaz em seu carro. Ele ainda leva o jovem para uma janta e, depois, para uma praia. Lá, é assassinado de forma brutal, chegando a ser atropelado por seu próprio carro. Um talento e tanto desperdiçado pela intolerância e homofobia. Algo extremamente lamentável.

Dessa forma, “Pasolini”, é um filme que tem que ser visto pelos amantes mais puristas do cinema, pois se trata de um grande diretor da História do Cinema, tem atores do naipe de um Willem Dafoe e de uma Maria de Medeiros, e faz uma boa química entre um último dia cheio de serenidade típicos da rotina e, ao mesmo tempo, mergulha no lúdico da imaginação fértil do consagrado diretor, não sem lançar mão de muita sensualidade e erotismo, sempre com conotações políticas.

Cartaz do filme

Willem Dafoe, uma excelente caracterização de...

... Pier Paolo Pasolini

Maria de Medeiros como Laura Betti. Maravilhosa, como sempre...

Batendo uma bolinha...

Serenidade da rotina alternada por um esforço imaginativo lúdico. sensual, erótico e político...


Uma última ida ao restaurante...


Willem Dafoe com Abel Ferrara, o diretor...

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