sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Sem Filhos

Sem Filhos. Comédia Para Quem Odeia Crianças.
Uma co-produção argentina e espanhola paira em nossas telas. “Sem Filhos” é uma comédia comercial e despretensiosa, com o único intuito de divertir levemente. Não é lá grande coisa, é altamente previsível e cheia de clichês. O leitor pode estar se perguntando: então não devo nem chegar à porta do cinema em que este filme está passando? Também não é para tanto. Você vai ter uma tarde agradável e rir um pouquinho. Às vezes, o cinema também serve para desopilar o fígado, distrair, desestressar. E um filme levinho desses consegue cumprir esses papéis.
Vemos aqui a história de Gabriel (interpretado por Diego Peretti), um carinha meio porra louca que tem uma loja de instrumentos musicais. Ao tirar seu passaporte, ele encontra uma antiga amiga de infância, Vicky (interpretada pela boa atriz espanhola  Maribel Verdú, que deu um show como a vilã da Branca de Neve “toreadora” da película muda e em preto e branco “Branca de Neve”). Logo se percebe que existe uma atração mútua. Mas Vicky rapidamente desaparece. E até que isso não foi de todo ruim, pois Gabriel está casado e sua esposa está grávida de uma menina. Muitos anos se passam, Gabriel está separado e vive com sua filhinha Sofia, de apenas nove anos (interpretada por Guadalupe Manent), uma menina muito fofinha e esperta (olha aí um clichê). Um belo dia, Vicky entra na loja de Gabriel de propósito para matar as saudades e convidá-lo para uma festa. Foi o pretexto para que os dois engatassem um namoro. Entretanto, havia um problema: Vicky detestava crianças. E Gabriel vai ter que “encobrir” a presença da filha em sua vida para continuar seu relacionamento com Vicky.
O que a película tem de diferente? Ela levanta a velha questão: filhos, tê-los ou não tê-los? Se há gente que tem uma paixão doentia por crianças, o inverso também acontece. A comédia se torna atraente principalmente por ser um tema do qual ninguém fica indiferente. Em países de origem latina, sobretudo aqui na América, todo mundo quer ter filhos (parece até uma epidemia). Já em países anglo-saxões da Europa, ninguém quer ter filhos. O caso da Alemanha chega a ser alarmante quanto ao envelhecimento da população, indo ao ponto de se ter que importar mão-de-obra estrangeira para a construção civil. Por sua vez, em terras americanas e latinas, têm-se filhos demais, criando graves problemas sociais devido a inadequadas estruturas sócio-econômicas, antes que me chamem de neomalthusiano. Ou seja, cada cultura encara de forma diferente a questão da natalidade. Pode-se dizer que o filme apresenta essas duas visões de mundo. Gabriel, argentino, o paizão coruja, que não tem outro assunto senão a sua filhinha, inclusive não se importando mais em ter um relacionamento afetivo com outra mulher. E Vicky, a “galega” espanhola independente, que não finca raízes (embora as procure) e não suporta a má educação e gritaria das crianças. Gabriel tem a visão mais “sul-americana” da natalidade, de paixão praticamente insana por crianças (embora não devamos generalizar). Vicky, por sua vez, retrata uma posição mais “europeia” de uma repulsa igualmente insana por crianças. E, no meio disso tudo, a filha de Gabriel, Sofia, que, seguindo o clichê de “crianças de mentalidade adulta”, enfrenta o problema da forma mais irônica possível, sendo a pessoa mais centrada no meio de dois adultos instáveis. E a graça da comédia reside aí. Mas fica a impressão de que já vimos isso antes. E muitas vezes. Lembro-me até de uma novela da Globo lá de 1983, “Corpo a Corpo”, onde Antônio Fagundes e Débora Duarte faziam um histérico casal em crise e quem tentava colocar os dois no prumo era o filho, interpretado por um Selton Mello pré-adolescente. Víamos situações hilárias, onde o filho falava com uma voz bem grossa, formal e sóbria com o pai frases do tipo: “vocês têm que ser mais maduros, discutir a relação”, etc. E isso porque não havia a intenção de ser uma coisa engraçada. O filme segue a mesma linha, embora tenha a intenção de ser engraçado, só que, curiosamente, foi menos hilário que “Corpo a Corpo”.
Os atores até que foram bem. Diego Peretti, que interpretou o papel de Gabriel, foi bem explícito nas características erráticas e caóticas de seu personagem, que se perdia e se embananava nas tremendas saias justas em que se metia, sendo um bom alvo para a sua filha Sofia. Esta, por sua vez, era uma menina muito fofinha e esperta, exalando bastante doçura e despertando simpatia, apesar dos clichês de criança adulta, que tornavam a coisa um pouco caricata e chata. Já Maribel Verdú, com seu corpo esguio e atuação firme, despertava muita simpatia e dava grande plasticidade ao filme.

A comédia tem um desfecho óbvio, daquele que já sabemos que vai acontecer quando se vê o trailer. Mas, o que importa? O filme não se presta a voos intelectuais, mas sim a entretenimento puro, como em tantas outras coisas óbvias que a gente vê por aí. Quem está a fim apenas de se divertir, tirar um aborrecimento qualquer, pode ir ver “Sem Filhos” sem medo. Mas, ainda assim, fica a pergunta: “filhos, tê-los ou não tê-los?”. Qual é a sua opinião?

Cartaz do filme

Cartaz no Brasil


Gabriel e Sofia. Pai e filha

Começando um namoro com Vicky

Mas a mulher não gostava de crianças...

Uma relação conflituosa com Sofia.

Será que elas vão se entender??



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