quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Grace de Mônaco

Grace De Mônaco. Uma Atriz Que Ganhou A Majestade.
Um bom filme americano nas telonas. “Grace de Mônaco” conta a história da consagrada atriz americana Grace Kelly após o seu casamento com o Príncipe Rainier III de Mônaco. Livros já foram publicados sobre isso, enfocando sempre a vida infeliz de Princesa de Grace Kelly, a sensação de abandono, casos com rapazes mais jovens, até o derradeiro acidente que vitimou a Princesa. E essa película, enveredou por esse mesmo caminho? Em parte sim, mas o filme foi mais do que isso. E conta uma história até certo ponto surpreendente para as novas gerações que não conheceram algumas antigas querelas entre países europeus do passado. E nos ajuda a refletir um pouco sobre a geopolítica atual, tão cheia de atentados terroristas e calamidades semelhantes.
O que o filme tem de esperado? A visão de “coitadinha” da Princesa triste está lá. Essa parte da trama girou em torno de um convite que Alfred Hitchcock fez à Princesa para protagonizar o filme “Marnie, Confissões de uma Ladra”, juntamente com Sean Connery. Mas realizar essas filmagens não seria algo tão trivial. O leitor pode perguntar: por ciúmes do Príncipe? Negativo! A questão era muito mais complicada, de natureza política. E aí é que o filme mostra a sua grande virtude.
Se Grace se sentia sufocada pela vida de Princesa, por passar longos períodos sem ver o marido no interior do próprio palácio, muito mais angustiante eram os problemas geopolíticos que influenciavam diretamente na vida privada do nobre casal. Mônaco à época dava total isenção de impostos à entrada de empresas estrangeiras no país. Isso prejudicava os interesses franceses e Mônaco, pressionado pelo presidente francês Charles De Gaulle, era persuadido a cobrar impostos das empresas francesas que entravam no principado. E mais: por considerar Mônaco seu protetorado, os franceses ainda pressionavam Mônaco a entregar todo o dinheiro arrecadado com os impostos para a França. Caso todas essas exigências não fossem cumpridas, a França ameaçava invadir militarmente o principado, que nem força militar tinha, e anexá-lo ao território francês. Toda essa petulância francesa, aliada ao fato de que, na época eles ainda empreendiam uma guerra contra a Argélia para não perder a sua então colônia, nos faz refletir sobre os eventos terroristas ocorridos em Paris recentemente, lembrando sempre que nada justifica a recente carnificina. Mas sempre podemos refletir sobre os efeitos negativos do imperialismo das potências ocidentais.
Com toda a turbulência geopolítica apresentada no filme, dá para ter uma ideia de como ficaria difícil para Grace Kelly ir para os Estados Unidos filmar “Marnie”. Foi um momento em que a Princesa ficou num profundo conflito, onde sentia sua liberdade tolhida e, ao mesmo tempo, uma vítima de um joguete nas mãos dos mandatários dos países. Ela só tomou a decisão de encarar a ameaça francesa depois de ter tido uma conversa com o bispo de Mônaco, o padre americano Francis Tucker. Aí deixamos de ver a Grace Kelly para passar a ver a Princesa, engajada politicamente e lutando para ajudar o marido a não ser derrubado do poder.
O filme conta com um bom elenco. O papel de Princesa coube à bela Nicole Kidman, que mostrou muito carisma como sempre. Tim Roth fez um indeciso Rainier III, cheio de pompa. Mas a grata surpresa foi o bom ator Frank Langella no papel do padre Francis Tucker, uma voz de serenidade em momentos de séria crise. Esse ator é muito versátil, chegando a fazer um “Drácula” em 1979, participou de alguns episódios de “Jornada nas Estrelas, Deep Space Nine”, “Lei e Ordem”, além de ser o Esqueleto da versão cinematográfica de “He-Man”.

Dessa forma, “Grace de Mônaco” não cai somente no lugar comum de se ver a Princesa como uma pobre coitada presa numa gaiola de ouro. Vemos aqui uma Princesa engajada politicamente, defendendo à sua maneira seu país e seus súditos, ultrapassando as barreiras de um drama social. Isso enriquece demais a película e faz ela valer a pena.

Cartaz do filme

Grace e Rainier III. Unidos no amor e na política

Fantástica caracterização!!!

Uma mãe dedicada...

Hitchcock queria lhe dar um papel...

Frank Langella foi uma gratíssima surpresa...

Uma família muito nobre...



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