domingo, 22 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Pablo Picasso e o Roubo da Mona Lisa

Pablo Picasso E O Roubo Da Mona Lisa. A Comédia Que Saiu Pela Culatra.
Um curioso filme espanhol, lá do longínquo ano de 2012, dirigido por Fernando Colomo, só agora chega às nossas telas. “Pablo Picasso e o Roubo da Mona Lisa” foi vendido no trailer como uma comédia. Mas, de graça mesmo, teve muito pouco. O filme foi mais sério do que o esperado. E o roubo da Mona Lisa em si? Bom, esse teve destaque apenas na parte inicial e final da película. Então esse é o tipo do filme em que o peixe vendido te engana duas vezes.
Do que se trata a história afinal? A trama se centra no pequeno grupo de artistas e intelectuais do qual Pablo Picasso fazia parte. Tínhamos nesse grupo nomes como Max Jacob, poeta e pintor, Guillaume Apollinaire, escritor, George Braque, o cubista e fauvista, Manolo Hugué, escultor, e, mais perifericamente, Gertrude Stein, escritora. Matisse era visto como o grande mestre de sua época e tratava com extremo desdém e preconceito o grupo de artistas e, principalmente Picasso, quando viu pela primeira vez o futuramente famoso quadro “Les Demoiselles d’Avignon”. E isso numa época em que os artistas loucamente corriam atrás de patrocínio de milionários e tais avaliações influíam muito na opinião do mecenas em dar a sua contribuição ou não. Realmente, era muito difícil criar novas concepções e visões de vanguarda naquela época. Assim, pode-se dizer que o grupo “jogava nas onze” para se virar e, simultaneamente, desenvolver sua arte e tirar o seu sustento. Mas realmente ficou a impressão de que parecia mais um grupo de “bons vivants” malandros que faziam uma série de armações do que artistas futuramente consagrados. E devia, ao fim das contas, ser isso mesmo!
Um detalhe interessante mencionado no filme é a facilidade com que se podia roubar peças do Museu do Louvre. Um dos coleguinhas do grupo, um tal de Barão, artista mambembe das ruas, e que foi fonte de inspiração (e de sedução!) para Apollinaire, conseguiu entrar numa salinha deserta do museu repleta de esculturas de cabeças feitas pelos fenícios e pelos ibéricos em dias pré-romanos. O homem roubou duas dessas cabeças e as teria vendido a Picasso, que as usou como fonte de inspiração para os seus quadros. O mais interessante é que, tempos depois, a Mona Lisa foi roubada, e tanto Picasso quanto Apollinaire foram investigados como suspeitos do roubo. Vale dizer que, na época, os dois consagrados artistas eram uns zés-ninguém. E o mais interessante no filme é uma legenda ao seu início, colocada por ordem de quem detém os direitos sobre o espólio de Picasso, que falava de forma categórica que o filme é uma obra de ficção. Será mesmo? Querelas à parte, a película deixa essa pulguinha atrás da orelha. Se Picasso não roubou a Mona Lisa, pelo menos pareceu que ele comprou acervo roubado do Louvre. E também ficou dito no filme que parece que era muito fácil roubar peças do museu mundialmente famoso.
O elenco contou com uma boa caracterização. E pudemos atestar isso nos créditos finais, onde a imagem do ator que contracenava o papel do artista era alternada com a imagem real do artista. Picasso e Apollinaire, interpretados respectivamente por Ignacio Mateos e Pierre Bénézit, eram os que mais se assemelhavam na comparação física entre ator e artista. Alguns outros atores fisicamente não eram tão semelhantes, mas nem por isso podemos dizer que a coisa ficou ruim, já que as suas interpretações nos ajudaram a mergulhar naquela Paris do início do século passado, e ainda pudemos sentir os desejos e angústias de cada personagem. O trabalho do ator Lionel Abelanski, que interpretou Max Jacob, foi interessantíssimo, sobretudo quando do momento em que ele interpretava todas as alucinações que o artista sofria ao consumir éter. Uma coisa para lá de louca e, se me permitem um leve anacronismo, até bem psicodélica.

Dessa forma, “Pablo Picasso e o Roubo da Mona Lisa” é um filme que, se engana por seu título e trailer, ainda sim é instigante, pois se centra no grupo de artistas do qual Picasso fazia parte, destacando a vida boêmia e malandra de seus integrantes. A pretensa comédia mais se revelou um drama divertido e uma pequena radiografia que nos tornou um pouco mais íntimos de alguns ícones das artes. Mas não foi nada mais além disso. Vale pela curiosidade.

Cartaz do filme

Um grupo de artistas tentando se afirmar na Paris do início do século XX...

Pablo Picasso. Envolvido num roubo???


Avaliando um futuro ícone da arte universal.

Les Demoiselles d'Avignon!!!

Picasso e Apollinaire...

Georges Braque (de cigarro), uma excelente aquisição para o grupo...




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