Olá a todos. Vamos dar sequência a nossa série iconográfica
Blog Mantido por Carlos Eduardo Lohse Rezende. Aqui serão feitas algumas reflexões e tentativas de se escrever alguma coisa que preste ou faça sentido. Me perdoem se eu não conseguir...
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Tesouros do Início do Século XX (1) - Série Iconográfica
Estou iniciando também, além das já tradicionais poesias, uma série iconográfica onde colocarei imagens (dizem que elas falam mais que mil palavras). Para um amante do cinema e da fotografia como eu, faltava algo assim nesse blog. A materialidade visual pode ser algo muito impactante. Para iniciarmos essa série, colocarei alguma coisa da minha coleção de postais antigos. Eles são verdadeiras jóias do início do século passado, quando a imagem de um ser humano era mais valiosa que a de uma paisagem (boas heranças renascentistas e iluministas, meus caros). Mas esse é apenas o primeiro tipo de assunto que colocarei em imagens. Outros temas virão por aí. Por agora, espero que tais visões sejam agradáveis. As poesias retornarão em breve. Comentários são sempre bem vindos. Até a próxima!!!
Charlot, o Gênio Vagabundo (à Charles Chaplin) - Série Cinematográfica
Ele nasceu na Inglaterra.
Teve uma infância muito difícil.
Sua mãe, louca cantora cuja carreira encerra,
obriga o jovem menino a fazer o impossível.
Logo mostrou seus dotes artísticos
para ajudar a sustentar a família.
Recebendo o auxílio dos deuses místicos,
para os Estados Unidos ele foi mostrar seu talento a cada milha.
Na América, começou a trabalhar em cinema.
Em 1914, na Keystone, fez dupla com Mabel, a pequena.
Mas ele queria o controle total da situação
e, em poucos anos, montou seu próprio estúdio, fruto de sua ambição.
Conseguiu poder e muitas amantes.
Para ele, nada mais era como antes.
Mas sua grande conquista, que o tornou conhecido no mundo
foi o seu personagem, um pobre vagabundo.
Seus filmes eram mais que comédias.
Falar da injustiça do mundo fazia parte de suas ideias.
Por isso, foi implacavelmente perseguido.
Ao viajar para a Europa, foi tratado como criminoso fugido.
Teve que viver na Suíça em exílio,
sem que ninguém fosse em seu auxílio.
Desta forma, viveu anos amargurado,
pois foi da América injustamente desterrado.
No fim de sua vida, teve autorização para aos Estados Unidos retornar.
Humilhado, ele chegou a refutar.
Mas à América ele retorna
para receber um Oscar pelo conjunto da obra.
Na cerimônia, ele foi justamente homenageado.
Tudo isso o deixou profundamente emocionado.
Era o reconhecimento de seu talento afinal
e a confirmação de um gênio mundial.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
A Paixão de Rick (à Humphrey Bogart) - Série Cinematográfica
Eram duas da manhã.
Uma noite fria em Casablanca, de esperança vã.
Surge à minha frente, o Rick's
como um monumento soturno
adequado ao malogrado ambiente noturno.
Decido lá entrar
para do frio da noite escapar
e da lembrança da guerra me desgarrar.
Dentro do night club, tudo é depressão.
Bêbados caídos, prostitutas em desilusão.
O Sam está ao piano
tocando melodias mundanas.
É um ambiente de total desengano,
a tristeza parece perdurar por semanas.
Mas o que impressiona meu imaginário
é lá no fundo, um vulto solitário.
Eu caminho em direção a ele,
Eis que a surpresa me vem a flor da pele.
É o próprio Rick, chorando!
É uma imagem que fica me intrigando.
Rick é um sujeito forte.
Tem carisma em seu porte.
Sempre de dedo em riste
jamais o reconheceria triste.
De repente, uma mão puxa meu braço.
É o Sam, com seus cigarros de maço
que busca me tornar consciente
porque Rick estava deprimente.
O pianista conta que seu patrão
foi abandonado por sua amada.
Se mudou para Casablanca cheio de decepção
e agora não acredita em mais nada.
A Rainha de Gales (à Bonnie Tyler)
Eram onze e meia da noite.
Entrei no pub
muito ordinário para um night club.
No bar, um rosário de venenos cobiçados
que iam desde a cerveja até o absinto
tornando os bêbados irados
e, nos mais comedidos, acirrando o instinto.
Mas eu estava lá por outro propósito.
Esperava por minha rainha naquele ambiente inóspito.
Nascida Gaynor, Bonnie imortalizada,
toda semana cantava aqui minha amada.
Seu show começava à meia noite
num pequeno palco lá no fundo.
Eu sempre sentia um impacto, como num açoite,
quando ela surgia para todo o mundo!
Finalmente, ela aparece na ribalta.
Seus cabelos louros e olhos azuis, tudo isso me exalta!
Ela traja um negro vestido de veludo.
Sua boca vermelha e seus brilhantes me deixam mudo.
Mas a plateia bate palmas morna.
É uma turba idiota que insensível se torna
aos talentos infinitos de minha deusa
artista notória de origem galesa.
Ela começa a cantar.
Escolhe "He's the King" como a primeira música a interpretar.
Olha para a plateia de jeito formoso.
Volta e meia, me joga um sorriso gostoso.
Às vezes, parece que ela me conhece há mil anos.
Há a impressão de que nos amamos.
Mas eu sei que sou apenas um súdito inglês
dessa eterna rainha do povo galês.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
A Entropia (à Mário Peixoto) - Série Cinematográfica
perdidos num pequeno barco, em pleno mar.
Oh! Que angústia tudo isso pode dar!
Duas mulheres e um homem em desespero profundo,
isolados de tudo e de todos, do resto do mundo.
Vemos, aqui, a condição humana
limitada pela natureza soberana
que leva nossos heróis a uma mentalidade insana.
A primeira mulher era uma criminosa
que, fugida do cárcere, foi perseguida de forma insidiosa.
A segunda mulher era muito frágil
que fugiu do marido alcoólatra de forma ágil.
O homem era amante de uma mulher casada
que, pela moléstia da lepra, foi vitimada.
Três histórias tristes e desesperadas.
Três humanos em fugas desvairadas.
Agora, no barco, eles veem a ameaça da entropia.
Vinda do mar, a desorganização desafia.
Ela quer destruir o humano, essa estrutura bem construída,
sem dó nem piedade e de forma dolorida.
A primeira mulher luta
mas a outra mulher desiste e o homem reluta.
Ao surgir um pequeno objeto no mar
o homem mergulha para não mais voltar.
Começa, então, a tempestade!
O mar finalmente o barco invade.
Ao final, tudo desaparece,
tudo perece.
Exceto a primeira mulher
que morre aos poucos como o mar quer.
É a vitória do amorfo, do indiferenciado
que tripudia do humano ao seu agrado.
O Sol
Nossa fonte de luz própria.
Tudo o que sei
é que ele possui energia sóbria,
pois ela permite a existência da vida
no nosso pequeno planeta.
E, em todo o Universo, de nossa ida,
a maioria das estrelas não mostra tal faceta.
Ele é uma estrela de quinta grandeza,
mas a dez parsecs de distância,
pois se considerarmos a magnitude em sua pureza,
a menos de vinte e seis negativos ela vai sem relutância.
Para nós, mortais, nosso Astro é descomunal.
Grande fonte de força e energia.
Mas, em termos de Universo, é apenas uma estrela normal,
na sequência principal do diagrama da astronomia.
O que faz nosso Sol brilhar?
É a conversão de hidrogênio em hélio,
resultante de uma fusão nuclear.
Isso precisa de muita temperatura - falo sério!
de cerca de milhões de graus.
Tal transformação dura bilhões de anos.
Sorte para nós, seres tão frágeis e maus
que podemos continuar a viver cometendo atos insanos.
Esse é o nosso Sol, uma estrela anã.
Ele gera a vida
e não a torna vã.
Produz nossa comida
e nos dá o afã
de viver de forma não sofrida.
Mas o homem não aproveita a chance o bastante
e com guerras e intolerância tenta acabar com si próprio num instante.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
A Afeição
Nascida para adorar.
Nascida para amar.
Em seu coração, não existe espaço para ódio,
a raiva vive em ócio,
o desprezo não é o seu negócio.
Só cultivar o carinho,
prática que vem desde o ninho.
Ela gosta porque confia
nos seus amigos todo o dia.
Essa é a base da amizade,
acreditar no seu amigo com vontade.
Sem medo da traição
você pode abrir seu coração,
amar com convicção,
e se dedicar ao próximo com devoção.
Para ela, tudo é maravilhoso.
Na humanidade nada há de horroroso.
O ser humano usa o racional
para domesticar e aprimorar o emocional.
Ela só ouve os votos dos renascentistas
e as preces dos iluministas,
criaturas extremamente otimistas
que ignoram as vozes dos pessimistas.
Quem é essa dama tão ingênua?
Tão tola e despreparada?
Tão tresloucada?
Ela é a afeição!
Dona de tanta emoção!
Mas ela parece tão feliz!
É, parece que ela fez a escolha certa.
Conseguiu escapar do mal por um triz!
Mudo e Falado (Debate Interminável) - Série Cinematográfica
Filme mudo ou falado,
filme falado ou mudo,
eis um debate acalorado,
eis um debate que explica tudo.
Os amantes da tecnologia preferem o falado,
os amantes do cinema preferem o mudo.
O som! Atrapalha ou ajuda a imagem?
Que dúvida paira nessa nossa viagem!
Nos primórdios não havia o som.
A pantomima era uma constante,
a linguagem se baseava na imagem
de forma elaborada e nada pedante.
Em terras tropicais houve uma tentativa
de se levar o som à nova arte imaginativa
atores e atrizes de revista ficavam atrás da tela
cantando em plenos pulmões uma melodia singela.
Anos depois, chegou o vitaphone.
Grava-se o som no disco
e coloca-o no gramofone.
Pronto! O som chegou ao cinema!
Mas a sincronia ainda não era um estratagema!
Tal problema só foi resolvido
quando o sistema movietone os técnicos haviam conseguido
e finalmente o som foi estabelecido.
Desde então o debate começou.
Criticam o som Vinícius e Charlot.
Cinema falado como teatro filmado
só podia dar errado.
Mas o som conquistou o seu espaço,
a tecnologia entra fria como aço,
o som explica a materialidade visual
e o cinema nunca mais foi igual.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
O Expressionista
da forma mais intensa e aguda possível.
Sofro muito!
Quero gritar!
Sinto dores!
Grito!
Choro!
A agonia me corrói!
Minha angústia existencial
distorce o mundo à minha volta.
Não enxergo a realidade objetivamente.
Tenho alucinações.
De repente, me lembro de meus amigos,
mortos no campo de batalha.
Mortos por uma máquina de Estado,
minha arte luta contra os poderosos!
O Expressionismo oscila, portanto,
entre o pessoal e o social,
entre o subjetivo e o objetivo,
entre o claro e o escuro,
antíteses postas,
herdadas do Barroco e do Romantismo,
colocadas de forma extremamente anti-natural,
para expressar fortes sentimentos interiores.
Meus quadros são feitos com tintas fortes.
Minhas poesias com exclamações agudas.
Minhas peças teatrais com fortes maquiagens.
Meus filmes com fortes contrastes.
Caligari foi minha inspiração.
Nosferatu foi meu pai.
Fausto foi meu filho.
Metrópolis é minha alma!
O Herege
Eu não creio em Deus,
repudio todas as religiões.
Repudio a fé.
Nego o sacrifício de Cristo.
Não vejo diferença entre o Salvador e Lúcifer.
Abomino o clero e sua ostentação.
Me revolto com a pompa dos cardeais
e o ouro dos papas ancestrais.
Por que todo o meu ódio contra a fé?
Porque a fé emburrece.
A fé reprime!
A fé diminui!
A fé aliena!
Vejam, meus caros, que paradoxo!
Como o fato de se acreditar em algo tão amplo
estreita a visão de mundo dos mortais desde Eudoxo!
A vida delimitada por regras rígidas,
por dogmas frios e irracionais,
por homens de batina que dizem o que você deve fazer,
a quem você deve obedecer,
a quem você deve desmerecer.
A palavra religião não significa religar?
Por que, então, semeia tanta discórdia?
Tanta intolerância que não se pode suportar?
Por isso, sou o herege.
Odeio do fundo do meu coração os fiéis e os crentes,
cegos e intolerantes,
espalham a violência com fortes ditos entre os dentes.
Dizem que amam o próximo,
mas desde que o próximo concorde com suas palavras eternas,
pois, caso contrário,
condenam o pobre indivíduo às trevas.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
O Guerreiro
Luto por minha pátria.
Tudo o que importa é a minha terra,
minha cultura e meu povo.
O inimigo quer nos destruir.
Mas não vou deixar.
Quero destruir! Quero matar!
Aqueles que nos querem um fim dar.
Vou de cabeça erguida
ao campo de batalha.
Com um ímpeto de combate,
olhando nos olhos do inimigo,
para dar-lhe medo.
Mas também estou com medo.
Entretanto, não posso arrefecer!
O inimigo é que tem que me temer!
A batalha começa!
Mato um, dois, três, dez, mil!
Com minha metralhadora!
Não deixo um em pé!
Mas, de repente,
sinto falta de minha mãe,
de meu pai, de meus irmãos,
de minha amada...
Súbito, sinto uma pancada.
Caio ao chão.
Estou mortalmente ferido.
Não me resta muito tempo.
Olho para o céu negro.
Nunca mais verei minha mãe, meu pai, meus irmãos!
E minha amada não terá mais o casamento que queria comigo.
Ela se casará com outro homem e me esquecerá.
Esse é o preço de se defender a pátria...
Minha amada pátria!!!!!
O Fugitivo
Lamentamos informar, mas não conseguimos a foto do fugitivo. Ele foi mais rápido que nós...
Eu sou o fugitivo.
Vivo fugindo.
Fujo de meus temores,
fujo de minhas angústias,
fujo de meus pavores,
fujo de meus desesperos,
fujo de minhas ânsias.
Minha covardia é pequena.
Fujo, também, de minhas responsabilidades,
fujo de meus riscos,
fujo de minhas paixões,
fujo de minhas tentativas,
fujo de minhas esperanças,
fujo daquilo que eu poderia ser
mas que jamais serei.
Minha covardia cresce.
Essa é a vida do homem em fuga.
O medo o congela,
o medo não o impele a ir adiante,
o medo o desgraça.
O único impulso que o medo dá
é o impulso que leva o homem a fugir
para cada vez mais longe, mais distante.
Minha covardia é grande.
Por isso, fujo. Apenas fujo.
Corro até ao infinito,
até a muito longe de todos
por medo e por vergonha.
Fujo, fujo e fujo.
Minha alma está em frangalhos.
Sou totalmente dominado pelo medo.
Minha covardia é infinita.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Comentários já ativos...
Para quem interessar, modifiquei o set up dos comentários e acho que agora eles já podem ser postados. Quem quiser, sinta-se à vontade para comentar. Um abraço...
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Poesia de Rodoviária
As pessoas vêm, as pessoas vão.
Quantos sonhos,
quantas desilusões,
quantas mágoas e frustrações.
Quantas esperanças,
quantas sabedorias,
passam à minha frente, numa torrente de emoções.
Quantas histórias de vida!
Bons exemplos e maus exemplos
fechados dentro de cada ser.
Para onde vão?
De onde vêm?
À trabalho, diversão?
Para sempre ou pendularmente?
Tudo isso me dá aflição.
É, a vida é assim,
milhares de pessoas aqui passam todos os dias,
todas juntas mas, ao mesmo tempo,
todas separadas.
Por mais estranho que isso possa parecer,
quanto mais gente há,
mais indiferente o ser fica
mais egoísta o humano se torna.
Por isso que eles apenas caminham,
compenetrados, fechados em si mesmos,
pensando em suas vidas, em seus problemas,
sem olhar para o próximo ao lado.
E eu, que daqui a pouco
também entrarei nessa torrente
tiro, numa rima pobre, apenas uma conclusão:
as pessoas vêm, as pessoas vão.
Mário (à Mário Peixoto) - Série Cinematográfica
muito recluso, muito fechado.
Muito ligado à avó,
que, na adolescência foi estudar na Inglaterra.
Lá, teve contato íntimo com o cinema.
Se apaixonou pelos filmes alemães.
Mas sofria muito com a frieza do povo inglês
e, por isso, teve como amigos filhos do Império japonês.
De volta ao Brasil,
tinha como amigos estudiosos do cinema
que fundaram um periódico
cuja função era estudar o cinema teoricamente.
Ele via tudo à distância,
mas buscava um enredo para um scenario
do fundo de sua alma
onde a teoria vinha apenas como um apoio.
Logo escreveu o scenario.
Entregou-o para um diretor de cinema
e para outro.
Qual foi a conclusão dos dois?
O próprio menino franzino deveria dirigi-lo.
O scenario era complicado demais.
E todos aqueles que militavam pelo cinema
logo começaram a ajudá-lo.
De todo esse esforço
saiu um filme único, maravilhoso.
Um filme que explorava
a limitação da condição humana
perante o Universo.
Onde toda a angústia do ser
era exposta de forma fria e crua,
uma reflexão de até onde nós podemos ir em nossas vidas.
domingo, 21 de novembro de 2010
Dançando no Paraíso (à Fred e Gene) - Série Cinematográfica
- Gene!
- O que foi, Fred?
- Está na hora do ensaio.
- Humm, OK, vamos lá. O que vai ser hoje?
- Sapateado, ué...
- De novo? Não fizemos ontem?
- Por seu amigo, Gene.
- Tá certo, Fred, tá certo.
- Então vamos lá. Aqueles mesmos passos de ontem. Um, dois, três, quatro, um, dois, três, quatro, um, dois, opa!
- O que foi, Fred? Fiz errado de novo?
- Não que você tenha feito errado, mas a sincronia das batidas dos nossos pés não ficou perfeita.
- Que ouvido, hein? Às vezes acho que você escuta demais.
- Tem que ser perfeito, Gene.
- É por isso que a Ginger reclamava tanto de você.
- Ela era meio preguiçosa, né, Gene?
- Sei lá, só sei que ela era a namoradinha de muita gente. De todos os que assistiam a nossos filmes.
- Tempos bons da RKO e da Metro, não?
- Ô, nem fale. Fizemos a alegria de muitas pessoas totalmente desesperançadas.
- Que não tinham emprego, dinheiro, que passavam fome.
- Foram tempos muito difíceis.
- Ás vezes me pergunto, Gene. Por que o homem tem essa natureza tão dúbia?
- Como assim?
- Ora, veja só. Aquela crise toda foi produzida por tanta ganância e, ao mesmo tempo, procurávamos dar um pouco de alegria àquelas pessoas.
- Sabe-se lá porque, Fred. Mas que também ganhamos muito dinheiro, nós ganhamos.
- Sente-se culpado?
- Sei lá, Fred! Você està muito filosófico hoje!
- Acho que é toda essa atmosfera etérea que nos envolve.
- Bom, vamos continuar?
- Vamos lá!
- Comece.
- Um, dois, três, quatro, um, dois, três, quatro, opa!
- Ah, não. De novo, Fred?
- Agora quase foi. Faltou um tantinho!
- Quem é o coreógrafo e bailarino aqui? Não sirvo para sapatear?
- Tem que ser...
- Perfeito, já sei.
- Sabe, Gene...
- O que é, Fred?
- Às vezes me pergunto. Fizemos o certo?
- Como assim?
- Não alienamos as pessoas com nossos filmes? Não desviamos a atenção do verdadeiro foco dos problemas delas?
- Não seja duro com você mesmo, Fred. É como diz aquele sul-americano: ser firme, mas sem perder a ternura.
- Você virou revolucionário?
- É claro que nâo! Só digo que precisamos ser responsáveis, mas com uma pequena dose de irresponsabilidade.
- E os irresponsáveis somos nós aqui, né?
- Claro que sim! Como eu poderia fazer aquela sequência com a Cyd Charisse em "Cantando na Chuva" sem ser irresponsável? Eu tinha que ousar! Mas havia responsabilidade também! O trabalho era muito detalhista, meticuloso, assim como o seu sapateado.
- É, Gene, agora você me tirou um peso das minhas costas,
- Sempre às ordens, Fred. Vamos continuar?
- Sim, mas antes uma pergunta.
- O que é?
- O que vamos fazer amanhã?
- Ensaio de canto com o Frank.
- Isso é covardia! Ele nos exige sempre o máximo das nossas cordas vocais!
- Não reclame, Fred. A minha tarefa, que será fazê-lo dançar na próxima semana, será bem pior.
- Precisávamos reunir a turma toda da RKO e Metro novamente.
- Por que?
- Para fazer um grande musical
- Com qual intuito?
- O de alegrar pessoas tristes, como nos velhos tempos. Vir para cá de uma hora para outra é um grande choque para qualquer um.
- É o curso normal da vida, Fred. Mas podemos pensar num musical sim. Vamos juntar a turma na semana que vem, OK?
- OK. Vamos retomar o ensaio então?
- Vamos lá.
- Um, dois, três, quatro, um, dois, três, quatro. Opa! Olha a falha na sincronia de novo!
- Ai...
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Penumbra
Eu sou a penumbra.
Aquela que está entre o claro e o escuro,
entre o amor e o ódio,
entre a alegria e a tristeza,
entre a tolerância e a intolerância,
entre a afeição e o desprezo.
Sou a linha tênue que une as dicotomias.
Estou espremida entre forças opostas.
Eu sou muito desfocada
e tento separar coisas bem definidas,
ou tento unir coisas bem definidas?
Essa indefinição me angustia,
essa indefinição me indefine.
Sou o sim ou sou o não?
O mais ou menos não me satisfaz.
De que lado estou?
Ou será que tenho uma função mediadora?
Tenho aversão aos extremos?
Tenho aversão aos exageros?
Serei, então, um ponto de equilíbrio?
Tenho função de acalmar forças tão opostas?
Oh, que tarefa ingrata
dada a alguém tão delicada, fina e tênue como eu!
Por que me foi dado tão pesado fardo?
Talvez eu tenha recebido esse malfadado trabalho
justamente por ser tão frágil
para que todos se lembrem
que os equilíbrios são muito instáveis
à medida que os extremos se tornam tão violentos.
Por isso, sou tão fina,
tão quebradiça e tão delicada,
sucumbindo à ignorância dos exageros.
Talvez eu tenha recebido esse malfadado trabalho
justamente por ser tão frágil
para que todos se lembrem
que os equilíbrios são muito instáveis
à medida que os extremos se tornam tão violentos.
Por isso, sou tão fina,
tão quebradiça e tão delicada,
sucumbindo à ignorância dos exageros.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Eclipse (ensaio da primeira poesia)
Era uma e meia da manhã.
O eclipse da Lua atingia seu auge.
Quase todo o disco lunar na umbra.
Apenas um pequeno filete de Lua nova,
metade azul, metade vermelho,
por efeitos da atmosfera terrestre.
Mesmo azul e vermelho
dos extremos do espectro visual.
De forma fantasmagórica,
mares e crateras ficavam translúcidos
na estreita penumbra.
O frio e a escuridão desses monumentos geológicos
me tocam profundo na alma.
Trazem serenidade e tranquilidade
sentimentos iguais aos nomes de mares lunares
que imperam no vazio de nossas imaginações.
Queria eu estar lá,
no frio cortante das profundezas abissais das crateras,
queria eu estar lá,
nas superfícies planas de areia fofa dos mares,
onde a solidão se estende por 360 graus.
Pois lá eu poderia refletir profundamente
o que tenho feito da minha vida,
escondido de tudo e de todos.
Todos nós às vezes
precisamos desses mares e crateras,
desses frios cortantes solitários e plácidos,
para que possamos refletir
até que ponto mergulhamos a vida dos que nos cercam,
dos que nos amam e estimam,
dos que nos valorizam,
num profundo eclipse da alma...
O eclipse da Lua atingia seu auge.
Quase todo o disco lunar na umbra.
Apenas um pequeno filete de Lua nova,
metade azul, metade vermelho,
por efeitos da atmosfera terrestre.
Mesmo azul e vermelho
dos extremos do espectro visual.
De forma fantasmagórica,
mares e crateras ficavam translúcidos
na estreita penumbra.
O frio e a escuridão desses monumentos geológicos
me tocam profundo na alma.
Trazem serenidade e tranquilidade
sentimentos iguais aos nomes de mares lunares
que imperam no vazio de nossas imaginações.
Queria eu estar lá,
no frio cortante das profundezas abissais das crateras,
queria eu estar lá,
nas superfícies planas de areia fofa dos mares,
onde a solidão se estende por 360 graus.
Pois lá eu poderia refletir profundamente
o que tenho feito da minha vida,
escondido de tudo e de todos.
Todos nós às vezes
precisamos desses mares e crateras,
desses frios cortantes solitários e plácidos,
para que possamos refletir
até que ponto mergulhamos a vida dos que nos cercam,
dos que nos amam e estimam,
dos que nos valorizam,
num profundo eclipse da alma...
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Reflexão...
Olho para o céu. Vejo todo um Universo a minha volta. Estrelas, planetas, nebulosas, galáxias, todas muito simples. Estruturas com a entropia relativamente baixa mas não extremamente complexas. São lindas, coloridas ou invisíveis. Um deleite para o estudo das formas abstratas ou esféricas. O homem sempre quis alcançar o inalcançável, o espaço profundo...estar a milhões, bilhões de anos-luz de distância da Terra. Mas, mais maravilhoso do que essa imensidão, está no fato de que estamos aqui e podemos percebê-la e a nós mesmos... além de sermos estruturas infinitamente mais complexas do que as estrelas ou nebulosas. Somos vida consciente. Somos humanos. Criamos o amor, o ódio, a pena, a autopiedade, o egoísmo e o altruísmo. Teremos criado o próprio Deus? Somos infinitamente complexos, Podemos ser maravilhosos, mas também repugnantes...
O que fazemos com nós mesmos? Por que às vezes temos uma sanha destrutiva? Por que às vezes temos prazer em magoar aqueles que nos estimam e consideram? Por que não usamos plenamente o nosso pensamento racional para purificar o emocional e usá-lo somente para promover o bem e não mergulhar em joguinhos perversos com doses de ternura e uma pitada de perfídia? Por que temos medo e magoamos, provocando o afastamento, o sofrimento e a tristeza?
Volto a olhar para o Universo, imenso e indiferente a nós. Invejo a sua simplicidade, pois o complexo humano pode até ser maravilhoso em alguns aspectos, mas pode também ser muito doloroso por outros. Assim, proponho um abandono momentâneo à natureza humana e um brinde a simplicidade das galáxias, que giram em torno de seus centros espirais, ou das estrelas, que são bolas incandescentes de gás... grandes quantidades de energia, limpas, plácidas, disruptivas mas inofensivas, perto do grande estrago que uma mágoa ou decepção humana faz... o ser humano deve buscar injetar um pouco mais de simplicidade na sua complexidade, com o fito de ser feliz e de sofrer menos. Que escutemos a sabedoria que o Universo tem a nos dar...
Postando no redshift
Aqui estou em um dos meus locais de trabalho... Rio Dourado, a 150 km do Rio de Janeiro. Trabalho como professor de História e, confesso, não vejo perspectiva de melhora em nada. Estou muito descrente sobre tudo aquilo que vejo. Falta de interesse dos alunos, acima de tudo... estou muito desanimado... a única coisa que me faz continuar é a necessidade de pagar as contas, manter uma casa e dar segurança e apoio a minha esposa. Isso, mais do que nunca é o fundamental... a praticidade é tudo na vida de professor... ideologicamente, estou mortalmente ferido e decepcionado com a natureza humana, que é mais vil do que uma lâmina de aço cortante... que eu tenha forças para continuar...
domingo, 7 de novembro de 2010
Iniciando um blog
Olá a todos! Meu nome é Carlos Eduardo Lohse e começo hoje a fazer um novo blog. Tenho muitas ideias para começar a postar. Quero falar de temas atuais, História, Astronomia, Cinema (Minhas especialidades) e outras coisas mais. Espero que todos que acessarem este novo blog (e talvez outros futuros) gostem. Um grande abraço a todos!!! Carlos...