quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Não deixe de ver na Batata Espacial

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Resenha de Filme - 13 Minutos

Treze Minutos. Por um Triz.
Um excelente filme alemão em nossas telonas. “Treze Minutos” é mais uma das intermináveis películas que abordam a questão da Segunda Guerra Mundial e do Nazismo. Desta vez, vai se falar de um atentado. Um atentado real, ocorrido em 1939, ano de início da guerra. E não é um atentado qualquer. É um atentado contra a vida do próprio Adolf Hitler, planejado por apenas um homem. E um atentado que quase obteve sucesso.
Vemos aqui a história de Georg Elser (interpretado por Christian Friedel), um músico que tem uma vida pacata e mulherenga. Mas tudo isso terminaria com a progressiva ascensão dos nazistas ao poder, com uma escalada de ódio e violência. E aí, todo o mundo prosaico, idílico e tranquilo de Georg cai por água abaixo. Ele tem amigos comunistas que o incitam a ir para a luta armada, mas Georg acha que a violência não resolve nada. Até que ele vê um de seus amigos ser preso e ir para um campo de concentração. Ainda, ele fica extremamente preocupado com a situação da Alemanha no contexto internacional, ao perceber a “blitzkrieg” (guerra relâmpago) de Hitler e as declarações de guerra contra seu país, o que destruiria a Alemanha. Assim, ele resolveu cortar ele mesmo o mal pela raiz e tramou um plano para assassinar Hitler com um atentado, onde explosivos seriam usados. Mas...
O filme é altamente instigante e prende a atenção do espectador do primeiro ao último segundo. Uma película alemã falando de um tema altamente espinhoso para os alemães, onde o tendenciosismo pode ser algo problemático. Se o nazismo é apresentado de uma forma branda, pode-se acusar os produtores de complacência. Se o nazismo, por sua vez, é apresentado de forma extremamente violenta, pode-se acusar os produtores de sentimento de culpa e de se carregar muito nas tintas por isso. Mas podemos dizer que essa é uma história em duas camadas. A primeira se remete ao atentado em si, à prisão de Georg e a longa sessão de interrogatórios e torturas que ele sofre por parte dos nazistas, que não acreditam em sua versão de que ele orquestrou todo o atentado sozinho. E a segunda camada é um “flash back” onde Georg se lembra de sua vida pregressa, lá no ano de 1932, quando tudo era calmo e tranquilo, até que os nazistas começaram a se fazer cada vez mais presentes em sua pequena cidadezinha. Se num primeiro momento, a impressão que se dá é a de que os interrogatórios e torturas são a coisa mais pesada da película, essa ideia se desvanece por completo quando vemos a segunda camada do filme, onde é muito mais assustador ver como o nazismo chega aos poucos, sem despertar alertas mais profundos, e paulatinamente vai envenenando corações e mentes de pessoas de bem, mostrando o verdadeiro perigo dessas ideologias autoritárias. E o pior de tudo: como essa chegada progressiva destrói vidas privadas, como pudemos ver no relacionamento de Georg e Elsa (interpretada por Katharina Schüttler), uma mulher casada que não aguenta mais as inconveniências e agressões do marido beberrão. A ligação do marido com os nazistas e a de Georg com os comunistas somente torna esse conflito ainda mais explosivo e perigoso.  

Assim, “Treze Minutos” é mais um daqueles filmes sobre temas já exaustivamente discutidos, refletidos e apresentados no cinema, que são o nazismo e a Segunda Guerra Mundial, mas que nunca esgotam o interesse. E, desta vez, tivemos vários motivos para ficarmos interessados. Em primeiro lugar, um filme sobre o nazismo feito por alemães, um tema sempre delicado para ser falado pelo próprio povo que o cometeu. Em segundo lugar, é mais uma história real que chega às telonas, sobre uma pessoa comum que pratica sozinha um atentado contra um ditador ainda ao início da guerra, quando o führer ainda era visto como uma figura divina pela maioria da população. E, em terceiro lugar, e talvez o mais importante, mostra como essas ideologias autoritárias são perigosas e envenenam progressivamente as cabeças das pessoas de bem. Um filme para se ver, ter e guardar.

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Cartaz do Filme

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Georg Elser, um músico que tem sua vida transformada pelo nazismo

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Elsa, a amante

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Amigos comunistas

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Planejando um atentado

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Dias duros na prisão

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Violentas torturas



quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Resenha de Filme - Amnésia

Amnesia. Alemanha De Anteontem, Ontem E Hoje.
Um baita filme em nossas telonas. “Amnesia”, de Barbet Schroeder, pode ser classificada como uma daquelas películas que nos acerta no estômago com muita força. Sim, esse é mais um filme daqueles que aborda a temática da Segunda Guerra Mundial e do nazismo, mas agora sob o prisma alemão. E, em síntese, podemos dizer que a história é um conflito vivo de gerações que passaram pelo trauma de ver seu país gerando um regime extremamente autoritário e assassino.
No que consiste a trama? Vemos aqui a história de Martha (interpretada por Marthe Keller), uma senhora de meia idade que vive numa casa isolada na ilha de Ibiza. Estamos no ano de 1990, um pouco depois da queda do Muro de Berlim. Martha é uma mulher de hábitos, digamos, pouco convencionais. Vive numa casa sem luz elétrica, e recusa qualquer coisa que se remeta ao seu país de origem, a Alemanha, indo desde falar o idioma pátrio até andar em fuscas ou beber vinhos alemães. Obviamente, ela sente vergonha e revolta das atrocidades cometidas pelos nazistas, sendo esse o motivo de sua aversão a tudo que seja de origem alemã. Mas, um belo dia, bate à sua porta o seu novo vizinho, o jovem alemão Jo (interpretado por Max Riemelt), um rapaz que tem como sonho ser DJ de Amnesia, a principal danceteria de Ibiza, numa época em que esse emprego era uma verdadeira novidade. Logo, logo, os dois desenvolverão uma amizade próxima e com muitas afinidades. Mas Jo ficará altamente incomodado com essa repulsa de Martha a toda e qualquer referência alemã, pois ele acredita que sua amiga não pode viver nutrindo esse ódio o tempo todo e que a Alemanha mudou depois do nazismo. Jo, que é de uma geração mais nova, e não vivenciou os horrores da guerra, prefere que seu país olhe adiante e se reconstrua. Martha acredita que isso é varrer o passado para debaixo do tapete. A coisa fica ainda mais interessante quando Jo recebe a visita de sua mãe, Elfriede (interpretada por Corinna Kirchhoff), e de seu avô Bruno (interpretado pelo polivalente Bruno Ganz). Aí, podemos ver três gerações de alemães interagindo: a que vivenciou a guerra e seus horrores, a que vivenciou a reconstrução do pós guerra e a geração mais atual, que não vivenciou tais mazelas. E esse é o momento mais marcante e forte do filme, que os “spoilers” não me permitem entrar em mais detalhes.
É muito interessante notar como essas três gerações estão interligadas e uma afeta a outra, mostrando que o fardo do nazismo é muito pesado para um país carregar. Isso somente reforça a importância de regimes e governos mais democráticos em detrimento dos regimes autoritários, que de tão nocivos, provocam traumas até em tempos de paz e liberdade. Em relação à interpretação dos atores, elas foram razoáveis, mas extremamente contidas, com muito pouca emoção. Os poucos minutos da presença de Bruno Ganz salvaram um pouco a coisa, onde ele transbordou muita simpatia, emoção e, principalmente, despertou comoção em suas memórias sobre o passado. Mas a grande mensagem é a de que, apesar de todas as mazelas que o nazismo provocou, a cultura alemã não é de se jogar fora e nos produziu muitas pérolas, do status de um Goethe, Schiller, Beethoven ou Bach. E o diálogo entre as três gerações de alemães ajuda a resgatar esse sentimento de valorização do povo alemão.

Assim, “Amnesia” é um daqueles filmes que não pode se perder, pois ele nos lança à reflexão da interação de gerações que tiveram o fardo no nazismo sobre elas e de como os indivíduos reagem e trocam experiências a respeito de tão complexa temática. Um filme para ver, ter e guardar. Programa imperdível.

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Cartaz do Filme

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Martha e Jo. Uma amizade de gerações

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Martha renega seu passado alemão

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Bruno Ganz arrebentou!!!

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Max Riemelt e Marthe Keller com o diretor Barbet Schroeder numa coletiva de imprensa

Inaugurando um Site

Olá a todos. Quero passar aqui rapidinho para dizer que estou inaugurando um novo site, o Batata Espacial. Será um outro espaço para tratar de temas culturais em geral, com uma ênfase maior em cultura nerd, mas também com espaço para literatura, crítica literária e cinematográfica, música, quadrinhos e notícias de cultura em geral. Já o Yoshiwara´s World vai continuar com a mesma pegada cinematográfica de sempre. Se você quer participar do Batata Espacial como colaborador, entre em contato com o e-mail lohseuruguai@gmail.com . Estarei esperando. Por hora, convido vocês a visitarem o site. Ele ainda está em construção, mas já funcionando. Acessem www.batataespacial.com.br . Aguardo vocês lá! Um abraço!!!


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Resenha de Filme - A Banda Prometida (The Promised Band)

Festival do Rio 2016. A Banda Prometida. O Que Importa Menos é a Música.
O Festival do Rio exibiu mais um bom documentário, sacramentando de vez a sua tradição em nos presentear com boas películas do gênero. “A Banda Prometida” é uma produção um tanto inusitada. Um filme feito por mulheres, com um muro intransponível no meio, que é novamente a questão árabe-israelense. É muito interessante perceber como esse tema é uma fonte inesgotável não somente para documentários, mas também para filmes de enredo.
Nesta película, temos uma produtora americana de tv que decide realizar algo curioso: formar uma banda musical com mulheres israelenses e palestinas, como uma espécie de símbolo para a paz. Ela teve essa ideia depois de conhecer um alpinista palestino que escalou o Everest com o objetivo de divulgar a paz. Só que juntar essas mulheres não será uma coisa tão fácil, já que existem algumas áreas nos territórios ocupados onde a presença israelense é proibida, assim como há a proibição, por parte de Israel, da presença palestina em território israelense. Tais questões espinhosas acabam colocando a carreira musical do grupo em segundo plano. Aliás, do grupo de mulheres que queria formar a banda, somente uma tinha alguma formação musical e percebemos que a banda é apenas um pretexto para aproximar israelenses e palestinas, divulgando tudo isso num filme e mostrar que a paz ainda é possível naquela região tão belicosa.
É realmente um documentário muito bem realizado, mesmo que tenha havido tantas condições adversas. As restrições que as vigilâncias de fronteira dos dois países impuseram foram muitas e acabaram impedindo a participação de outras pessoas no filme. O tal alpinista palestino, por exemplo, foi impedido de se encontrar com a banda feminina (ele faria parte dela) por ter sido barrado na fronteira. O medo era algo constante também, provocado por uma desconfiança inicial, além da grande diversidade cultural como, por exemplo, o caso da moça árabe que vivia em Israel, ou o caso do rabino ortodoxo americano que tinha excelente formação musical, mas que não podia ouvir mulheres cantando, pois a sua visão da religião não o permitia, o que acabou provocando um desfalque sério no grupo. Contdo, tivemos exemplos muito positivos, como o caso da ex-militar israelense que se comoveu com a questão palestina e a palestina que largou a Cisjordânia e o marido para começar vida nova em Israel. Pode-se dizer que a interação entre essas mulheres provocou mudanças profundas na vida de algumas delas, o que foi algo muito legal de se ver, assim como foi também muito instigante perceber como as mulheres superaram medos e preconceitos, tornando-se amigas muito sinceras.
O documentário ainda teve a grande virtude de explicar, através de mapas, gráficos e muitas imagens, toda a complexa geopolítica local, mostrando, por exemplo, que a Cisjordânia não é uma área de dominação exclusivamente palestina, mas que há uma parte sob controle israelense, outra sobre controle israelense-palestino e uma última parte (a menor, diga-se de passagem) sob controle exclusivamente palestino. Era lá que vivia a palestina, numa área completamente proibida para os israelenses.

Assim, “A Banda Prometida” é mais um daqueles documentários que fala da realidade do conflito árabe-israelense e que tem o mérito de abordar o universo feminino nesse contexto. Fica aqui novamente a torcida de que esse filme tenha lançamento comercial por aqui. E não deixe de ver o trailer depois das fotos.

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Cartaz do Filme

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Uma produtora de tv (a loura)

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Uma palestina.

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Uma israelense

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Nas manifestações pela causa palestina...

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Dando um rolé por aí...

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Amigas...

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Gravando uma música...

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Resenha de Filme - De Palma

Festival do Rio 2016. De Palma. A Trajetória de Um Incompreendido.
Pois é, o Festival do Rio 2016 acabou, mas ainda há a rebarba da “Última Chance”. Esse ano, um dos cinemas onde pudemos ter um gostinho extra do Festival após o seu término foi o Roxy, de Copacabana. E lá tivemos a oportunidade de se assistir o excelente documentário “De Palma”, sobre o conhecido diretor de cinema norte-americano. Esse filme, dirigido por Noel Baumbach (de “Francis Ha”) e Jake Paltrow tem uma estrutura muito simples. Vemos o próprio Brian De Palma narrando toda a sua trajetória desde a infância, passando por sua família, pelas primeiras experiências cinematográficas, chegando até ao estrelato de diretor consagrado, mas muito contestado e, por que não, um pouco maldito. O documentário é uma joia para os amantes do cinema em geral, pois Brian De Palma é de uma geração de cineastas que engloba Coppola, Spielberg, Lucas, Scorsese e por aí vai. Ainda, o início da carreira cinematográfica do diretor coincide com o início da carreira cinematográfica de Robert de Niro. É exibido no filme trechos dos primeiros filmes em que eles trabalham juntos, tornando-se uma grande curiosidade dessa película. Mas há muito mais. Ele fala de detalhes da produção e curiosidades de filmes como “Carrie, a Estranha”, “Scarface”, “Vestida para Matar”, “Dublê de Corpo”, “Os Intocáveis”, “O Pagamento Final”, “Pecados de Guerra”, “Missão Impossível”, etc., sendo essa a parte mais deliciosa do filme. É falado também da repulsa, por parte do público e da crítica, a seus filmes, que tinham às vezes um conteúdo muito violento e chocavam muito. Reclamava-se muito de cenas onde mulheres eram vítimas de uma violência extrema ou então de conteúdos altamente eróticos, coisas que sacudiam na cadeira os tradicionais WASPs americanos. Sua veia iconoclasta e desafiadora não tinha limites e De Palma chegou a fazer teste com uma atriz pornô para um filme que falava de uma prostituta, o que deixava indignados os executivos dos grandes estúdios. Foi ainda lembrado no documentário que Brian De Palma fez parte de uma geração de diretores que experimentou um breve momento de autonomia e liberdade com relação aos grandes estúdios, o que acabou levando à produção de grandes filmes. Só que logo os estúdios retomaram o controle da situação e impuseram sua vontade novamente, para a decepção do diretor, que muito reclama da interferência dos grandes estúdios em seus filmes, em virtude de seu viés altamente polêmico.
Outro ponto interessante dessa película é que De Palma, ao falar sobre seus filmes, falava também das influências de outros diretores e outros gêneros cinematográficos, como Hitchcock ou a Nouvelle Vague, sobretudo Godard. E aí a montagem do documentário é primorosa, pois imagens de seus filmes são comparadas com imagens de suas influências, como no caso de “Os Intocáveis”, onde a sequência do tiroteio na escadaria da estação de trem é comparada com a sequência da escadaria de Odessa de “Encouraçado Potemkim”, de Sergei Eisenstein, influência direta e confessa do diretor em suas próprias palavras.

Assim, o documentário “De Palma” só confirma o que já foi dito aqui: que o Festival do Rio deste ano conseguiu manter a sua tradição de trazer ao público excelentes documentários sobre os mais variados temas. E a coisa torna-se mais atraente ainda quando o documentário fala justamente do grande amor de provavelmente boa parte do público do Festival, que é o cinema. Um programa imperdível. Torçamos para que esse documentário seja lançado comercialmente por aqui.

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Cartaz do Filme

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O homem explica tudo...

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Belas fotos de arquivo, como essa com Spielberg...

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Uma turma da pesada...

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Dirigindo Al Pacino em "Scarface"

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Violências extremas...

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Dirigindo Robert De Niro em "Os Intocáveis".

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Carrie, de dar medo!!!!

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Um grande diretor...










domingo, 16 de outubro de 2016

Resenha de Filme - Inferno

Inferno. Fazendo Uma Limpezinha.
Tom Hanks está de volta mais uma vez. Como é bom ver um grande talento do cinema trabalhando bastante e deixando sua carreira cada vez mais prolífica. Só que, desta vez, ele faz um personagem que já interpretou outras duas vezes: o conhecido Dr. Robert Langdon, personagem de Dan Brown, dos não menos conhecidos livros “O Código da Vinci” e “Anjos e Demônios”. Essas duas histórias foram adaptadas para o cinema e, obviamente, o terceiro livro da série, “Inferno”, também foi parar nas telonas, requisitando mais uma vez os serviços de Hanks. E o homem veio bem acompanhado no elenco: Felicity Jones, Omar Sy, Irrfan Khan e Sidse Babett Knudsen. Isso sem falar da direção de, simplesmente, Ron Howard, que já nos brindou com filmaços como “Uma Mente Brilhante”, “Rush”, “Apollo 13” e os próprios “Código da Vinci” e “Anjos e Demônios”.
Neste filme, Robert Langdon terá que desvendar uma conspiração orquestrada por um milionário tresloucado, Bertrand Zobrist (interpretado por Ben Foster), que defendia a ideia de que a humanidade estaria extinta em poucas décadas em virtude da superpopulação mundial. Qual seria, então, a solução? Lançar um vírus letal que dizimasse boa parte da humanidade, matando os pecadores, ao bom estilo do inferno de Dante Alighieri, aquele de deu a noção de Inferno que  cultura ocidental tem hoje. Mas nosso milionário piradinho se suicida no início do filme depois de sofrer uma perseguição. E Langdon está no hospital com um traumatismo craniano e sem memória. Ele é atendido pela médica Sienna Brooks (interpretada por Felicity Jones), que o salva de ser morto por uma policial. Sem saber o que está acontecendo, Langdon foge com a médica e precisa, ao mesmo tempo, saber o que aconteceu com ele e evitar que um vírus acabe com a metade da humanidade. Ufa, que dia cheio!
 O grande barato desses filmes inspirados nas boas histórias de Dan Brown é que podemos presenciar, na medida certa, vários elementos que prendem muito a nossa atenção. Em primeiríssimo lugar, temos aqui um blockbuster de ação. Só que esse não é um filme de ação comum, pois Langdon é perseguido por um monte de pessoas, mas ele simplesmente não se lembra de quem são os mocinhos e os bandidos. E, com toda a sua destreza em decifrar enigmas, ele vai descobrindo quem é quem ao longo da película, junto com o público. É bem interessante notar como esses filmes em que o personagem protagonista não tem conhecimento de uma situação pregressa e descobre isso aos poucos faz com que a ligação entre o personagem e o público fique mais íntima. Compartilhamos com o protagonista as descobertas, surpresas e decepções, o que torna o filme mais delicioso, e abraçamos assim o personagem muito mais facilmente. A forma como são montados os enigmas e a busca pelas soluções é algo muito instigante nesse filme, ainda mais porque o pano de fundo é de uma nobreza extrema: a cultura europeia renascentista. É muito estimulante você desvendar, junto com o protagonista, enigmas que tenham como elementos Leonardo da Vinci ou Dante Alighieri. E algumas informações de cultura geral vêm como brinde, como a origem do termo “quarentena”, por exemplo. Isso sem falar nas lindas locações usadas no filme, como Veneza, Istambul, Budapeste e Florença.

Assim, “Inferno” é mais um filmaço em que Tom Hanks participa, baseado numa história de um grande escritor, que é Dan Brown, e dirigido por um grande diretor, que é Ron Howard. Esse é garantido e vale muito a pena que você saia de casa para pegar um cineminha à tarde. Programa imperdível! E não deixe de ver o trailer após as fotos.

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Cartaz do Filme

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Robert Langdon está de volta!!!

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Um suicídio...

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Quem são os mocinhos ou os bandidos?

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Dante Alighieri, um personagem ilustre.

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A verdadeira máscara mortuária de Dante. 

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Ron Howard e Omar Sy

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Ron Howard, Tom Hanks e Felicity Jones.

sábado, 15 de outubro de 2016

Resenha de Filme - Austerlitz

Festival do Rio 2016. Austerlitz. Tour Macabro.
E o Festival do Rio 2016 botou o seu bloco na rua. Mesmo que eu não possa acompanhar mais o Festival como fazia há alguns anos atrás, ainda assim dá para ver algumas coisinhas e escrever umas linhas. Um dos filmes que me chamou a atenção, dentro do cardápio de 250 películas foi “Austerlitz”, realizado por Sergei Loznitsa nesse ano de 2016. Esse documentário de 94 minutos nos traz uma questão altamente inquietante. Ele mostra a visita de turistas ao campo de concentração de Austerlitz. O diretor fez uma opção um tanto inusitada, lançando mão de longuíssimos planos onde víamos, em vários locais do campo, grupos intermináveis de turistas, numa verdadeira enxurrada humana, com personagens e tipos dos mais variados. Todo mundo caminhando numa expressão descontraída e alegre, em contraste com os terríveis fantasmas do passado que pairavam no malogrado local. E aí é que vem a grande questão do filme: o que é mais apavorante? Escutar a narração dos guias turísticos de todos os horrores e atrocidades cometidas no interior daquele nefasto campo, onde 41 mil pessoas perderam a vida das mais variadas formas, ou a indiferença da massa de turistas a todo aquele horror, fazendo o tour como se estivesse na Disneylândia, com direito a “selfies” com fornos crematórios? Nesse ponto, o diretor não buscou ler qualquer imagem, não procurou dar diretamente qualquer opinião sobre as tomadas e sequências que captava. Ele simplesmente as colocou lá, e deixou que o espectador tirasse suas próprias conclusões do que via. E, realmente, fica muito difícil de dizer o que é mais aterrorizante dentre as duas opções apresentadas. Entretanto, o filme cumpre novamente a função social de denúncia do cinema e apresenta as cenas reais de um lugar onde ocorreu um verdadeiro genocídio, cujas explanações dos guias turísticos são o único momento em que as imagens são narradas. Por mais batido e exaustivo que seja o tema, a questão do holocausto deve ser jamais esquecida e sempre relembrada, ainda mais em tempos de ascensão de intolerância e de ódio que temos vivido em nosso país, onde ideias puramente fascistas ganham cada vez mais força e se tornam uma verdadeira ameaça à democracia, já tão combalida ultimamente.

O filme, por seu aspecto excessivamente descritivo, não agradou muito ao público da sala e várias pessoas saíram durante a exibição, fatigadas daquele fluxo enorme e interminável de pessoas, sem uma narração sequer e com esporádicos momentos em que os guias tinham voz na película. Mas ainda assim, “Austerlitz” é um filme digno de nota, pois mostra a indiferença de quem não passou pelos horrores do holocausto de uma forma bem contundente. Um filme realmente feito para refletir.

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Um campo de concentração e muitos visitantes...

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Fluxos humanos em locais de genocídios

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Locais onde se depositavam corpos...

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Fornos crematórios. Vamos tirar uma selfie???

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O diretor Sergei Loznitsa 

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Resenha de Filme - Comboio de Sal e Açúcar

Festival do Rio 2016. Comboio de Sal e Açúcar. Guerra e Condição Humana.
Dentro do Festival do Rio 2016, um interessante filme é “Comboio de Sal e Açúcar”, dirigido por Licínio Azevedo. Essa é uma película com um certo quê hollywoodiano, mas que retrata um tema que é tipicamente de Terceiro Mundo: a guerra civil em Moçambique. Um trem (o tal comboio) é guardado pelas forças militares do governo socialista, transportando carga e passageiros que não pagam um tostão sequer pela viagem, sendo esse o único jeito que eles têm de se locomover a grandes distâncias. A guerra civil tornou raros os carregamentos de sal, mas principalmente os carregamentos de açúcar, fazendo-o um produto muito raro e caro. Os carregamentos de sal e açúcar que o comboio leva o convertem numa verdadeira mina de ouro ambulante, cobiçada pelos guerrilheiros anticomunistas liderados por Xipoco, que trata seus inimigos de forma sanguinária, com direito a decapitações e tudo. Assim, o trem era, em vários momentos, alvejado pelos guerrilheiros, com os militares acastelados nas composições revidando o fogo inimigo e o povo que viajava ficando no meio do fogo cruzado. Como se nada mais bastasse em termos de desgraça, os militares ainda tripudiavam dos civis do trem, com direito a estupros e abusos de toda a parte.
Quando eu digo que o filme tem um quê hollywoodiano, é porque a película foi muito bem feita. Temos uma ótima fotografia, onde as montanhas altamente escarpadas de Moçambique muito impressionam por sua altura, majestade e formas poligonais altamente exóticas. O figurino bem acabado dos militares, dos maquinistas do trem e das roupas multicoloridas das mulheres era outro fator que chamava muito a atenção. Os atores também estiveram muito bem, com interpretações sóbrias, contidas e convincentes.
Mas a grande virtude da película é a de expressar os horrores da guerra. Fica lançada uma grande questão: os civis indefesos têm mais medo de quem? Do inimigo que empreende emboscadas violentas ao comboio a todo momento ou dos próprios militares que os protegem, que se acham no direito de estuprar civis a seu bel prazer e no momento que quiserem? Essa é uma situação que realmente podemos chamar de sinuca de bico ou de ficar entre a cruz e a caldeirinha. A situação de guerra desvirtua completamente o Estado imposto e o sistema de leis, onde as liberdades e proteções ao indivíduo caem totalmente por terra. E, aí, somente os mais fortes sobrevivem e muitas covardias acontecem. Esses foram elementos que a película conseguiu captar com muita maestria e que mostram o quanto o nível do ser humano pode abaixar. Tudo isso com uma interpretação sóbria e contida dos atores, não deixando a coisa piegas ou apelativa.

Dessa forma, “Comboio de Sal e Açúcar” se tornou uma grata surpresa vinda de Moçambique diretamente para o Festival do Rio desse ano. Um filme muito bem acabado, com uma história cativante, bons atores, boa fotografia, e uma mensagem que mexe com nosso íntimo e nos faz pensar na responsabilidade que um ser humano tem para com o seu próximo nas situações mais desfavoráveis. Realmente um excelente filme.


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Cartaz do Filme

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Um comandante muito casca grossa

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Um militar com boa educação e formação

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Muitos civis indefesos...

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Um militar estuprador...

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Disputando uma mulher

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Uma decapitação...

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...e combates sanguinários...

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O diretor Licínio de Azevedo