terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Resenha de Filme - No Coração do Mar

No Coração Do Mar. A Vingança Da Baleia.
Estreou nos cinemas a película “No Coração do Mar”, dirigida pelo lendário Ron Howard e estrelado por Chris Hemsworth, conhecido por interpretar o Thor no Universo Marvel, além de Ben Whishaw (o novo Q dos últimos filmes do James Bond). Esse filme se baseia numa história real que inspirou o escritor Herman Melville (interpretado no filme por Whishaw) a escrever o conhecido livro “Moby Dick”. Melville procurou Tom Nickerson (interpretado por Brendan Gleeson) para convencê-lo a contar uma história de um navio baleeiro de nome Essex, que naufragou no ano de 1820 e teve poucos sobreviventes. O motivo do naufrágio foi inusitado. Uma enorme baleia atacou e destruiu a embarcação. Os sobreviventes passaram muitos dias em alto mar sendo, inclusive, perseguidos pela baleia, passando pelas situações mais desesperadoras e encarando todos os limites da resistência e moral humanas. Tom não queria contar a história de jeito nenhum, em virtude de detalhes altamente escabrosos e traumáticos, mas foi convencido pela esposa a desabafar. Ele era apenas um jovem tripulante nesse baleeiro que era capitaneado por George Pollard (interpretado por Benjamin Walker, o Abraham Lincoln caçador de vampiros) e que tinha como primeiro imediato Owen Chase (interpretado por Hemsworth).
Qual é o grande mérito do filme? Ele conta a história verídica que inspirou parcialmente o livro “Moby Dick”. Muito mais interessante que o ataque da baleia, foi a situação extrema do naufrágio onde os sobreviventes tiveram que escolher entre a vida ou a moral, chegando ao cúmulo do sacrifício. Outro detalhe interessante era a parte histórica do filme, que falava da importância do óleo de baleia para a iluminação pública, para a indústria e até para a construção civil, amplamente usado aqui no Brasil antes do cimento. Assim, a caça à baleia era um negócio altamente lucrativo durante o século XIX, e não é à toa que hoje as bichinhas correm severo risco de extinção. As cenas de caça à baleia despertavam dois sentimentos. Um deles era de curiosidade, pois não havia lançadores de arpão e os tripulantes deviam caçar os animais em botes, lançando os arpões amarrados em cordas manualmente e acompanhando-os nadando feridos até a morte. O outro sentimento era de angústia e pena por ver os bichinhos sendo mortos. Num determinado momento, podíamos, inclusive ver um sentimento de pena no semblante do próprio Chase, mas a coisa pareceu anacrônica e forçada, já que os homens daquela época viam o óleo de baleia como dinheiro e eles tinham que cumprir uma meta de dois mil barris de óleo.
Outro momento histórico importante estava no embate entre o capitão do Essex e seu primeiro imediato. Pollard só conseguiu o comando do baleeiro por ser um homem nascido em boa família, já que não tinha qualquer experiência no comando de navios. Essa valorização das famílias influentes em detrimento da competência era prática corrente no Antigo Regime e, como pudemos atestar na película, ainda dava o ar de sua graça em pleno século XIX numa sociedade liberal como a americana. Chase, por sua vez, já tinha estado em alto mar e cumprido, inclusive com eficiência, metas de produção de coleta de óleo de baleia. Mas, apesar de toda a sua competência, tinha origem humilde e camponesa, perdendo o posto de capitão para o aristocrático Pollard. O filme também faz uma crítica à ganância dos grandes empresários do comércio do óleo de baleia, ganância essa mais ligada à sociedade liberal que tolerava o lucro livre à qualquer custo, pois esses empresários queriam desvirtuar toda a verdade sobre o naufrágio para que os negócios não ficassem prejudicados.

Dessa forma, “No Coração do Mar” é um “blockbuster” altamente recomendável, já que conta a história que inspirou um grande clássico da literatura americana e, ao mesmo tempo, tem um interessante “background” histórico. Vale a pena dar uma chegadinha ao cinema e conferir.

Cartaz do filme

Melville, em busca de uma história. 

Tom, revirando o passado...

Chase, o primeiro imediato de origem humilde

Pollard, um aristocrático capitão inexperiente...

Conflitos entre o capitão e seu imediato

Baleia detonando geral!!!




2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. O elenco parecia muito cheio. Em suma, "No Coração do Mar " é um espetáculo visual muito interessante que recebe cenas específicas com força suficiente. Além disso, o filme também adiciona duas reflexões interessantes: em primeiro lugar, com Melville como eixo sobre o ato de escrever, sobre o medo de nossa própria incapacidade ea luta interna entre revelando e inventar, entre a transmissão da verdade e da captura da essência; ea segunda, sobre os interesses comerciais eternas e a tirania do dinheiro.

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