quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Resenha de Filme - Victor Frankenstein

Victor Frankenstein. Mais Uma Releitura.
Mais uma releitura de um clássico da literatura. “Victor Frankenstein” novamente mexe com o mito da criação. Só que, agora, a criatura assume uma posição mais periférica na trama. A história é centrada em Igor, aquele carinha esquisito que é o assistente do Dr. Victor Frankenstein. Os atores que interpretaram os protagonistas foram escolhidos a dedo. Daniel Radcliffe (o amado Harry Potter) interpretou o papel de Igor e James McAvoy (o jovem Charles Xavier de “X-Men”) interpretou o papel do Dr.Victor Frankenstein.
Mas, como se desenvolveu a trama? O pobre do Igor vivia num circo. Ele era corcunda e trabalhava como palhaço, sendo maltratado por todos. O pobre coitado era apaixonado pela trapezista, Lorelei (interpretada por Jessica Brown Findlay) que sofreu um acidente e foi salva pelo corcunda, que estudava medicina como um hobby. Nesse acidente, ele conheceu Victor Frankenstein, que o tirou do circo, depois de muita resistência dos donos do estabelecimento e da morte de um deles. Após escapar do picadeiro, Frankenstein deu uma “recauchutada” em Igor, “curando” sua corcunda (na verdade, era água acumulada nas costas) e uma nova vida para o ex-palhaço. Com o tempo, Igor descobriu que Frankenstein era louquinho de pedra e que ele tinha um projeto ambicioso: trazer as pessoas mortas à vida e, criar um ser vivo a partir de pedaços de corpos mortos montados em um novo corpo. Apesar de uma certa relutância, Igor aceitou a empreitada e a porralouquice de seu protetor. Mas os dois não teriam sossego, pois o inspetor Turpin (interpretado por Andrew Scott) investigaria o imbróglio do circo e perceberia os planos do cientista, tentando evitá-los à todo custo.
Essa nova leitura de Frankenstein do ponto de vista do lacaio do cientista traz alguns elementos interessantes. Com relação a interpretação dos atores, destacamos James McAvoy, que fez um enlouquecido Victor Frankenstein, cheio de trejeitos e risadas insanas. Daniel Radcliffe, por sua vez, fazia um angustiado Igor, mas ficou à sombra de McAvoy. Outro que se destacou foi Andrew Scott, fazendo uma interpretação contida que chegou às explosões emocionais no momento certo.
Um ponto que merece ser citado foi uma nova leitura do velho discurso da história de Mary Shelley: a questão do homem brincar de ser Deus. O que aparece de novo na história (pelo menos nas versões cinematográficas) é um ateísmo latente e declarado de Frankenstein contra uma religiosidade fanática do inspetor Turpin. Victor acha a crença religiosa uma estreiteza de visão, sendo verdadeiros criadores o intelecto e a perseverança humana. Já Turpin vê as pretensões de Victor como uma blasfêmia digna de ser condenada ao inferno. Aliás, essa era a visão de Turpin à respeito da criatura: a de uma possessão demoníaca. É curioso notar que a morte rondava os dois personagens e cada um reagia a ela da sua maneira específica, de acordo com suas visões de mundo.
O desfecho do filme foi alterado, mas ficou em aberto para dar margem à novas perspectivas. Só é de se lamentar tão pouco espaço dado à criatura, colocada de forma totalmente selvagem, um reles defeito de fabricação desumanizado. Mas, desta vez o foco estava em outros personagens. Se bem que a criatura poderia ter interagido um pouco mais com os seus criadores.

Dessa forma, “Victor Frankenstein”, se não é uma película que empolga muito, ainda assim é uma releitura de um grande clássico da literatura já explorado muito pelo cinema, contado do ponto de vista de Igor, o sofrido assistente de Frankenstein e que reavalia o batido “Mito de Frankenstein” do ponto de vista do embate dicotômico entre ciência e religião. Vá, reflita, mas não espere muito.

Cartaz do filme

Igor, uma criatura para lá de sofrida...

Igor, depois de uma recauchutada...

Victor Frankenstein, louquinho de pedra...

Uma união macabra...

Ressuscitando filés...

Experiências mal sucedidas...

Eletricidade para tudo o que é lado...

Criador e criatura... 

Nas filmagens...

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