segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Resenha de Filme - Malala

Malala. Exemplo De Vida, De Educação E De Formação.
Mais um interessante documentário nas telonas. “Malala” à primeira vista pode parecer entediante. Ok, a menina lá da pequena cidade de Swat no Paquistão ficou famosa por ter a atitude louvável de desafiar o talibã para poder apenas ter o direito de estudar na escola como qualquer garota comum. O mundo inteiro entrou em comoção quando soube que ela foi alvejada na cabeça por um membro dos talibãs. E mais comovido ainda ficou quando soube que ela sobreviveu. Assim, a carinha simpática da moreninha paquistanesa inundou a mídia no mundo inteiro. Já estava enchendo o saco um pouco. Confesso que até ia passar batido pelo documentário. Mas é nessa hora que temos que encarar nossos preconceitos e estreitezas de visão de frente e ir lá a sala para dar uma conferida.
E o filme, foi chato e entediante? Não! Muito pelo contrário! Em primeiro lugar, vemos que a película, dirigida por Davis Guggenheim, foi muito bem feita, pois soube trabalhar com equilíbrio dois momentos da coisa. O primeiro foi mostrar a trajetória da menina e de sua família, bem ao estilo de um documentário tradicional, o que foi algo realizado com uma mestria e narrativa cativante. A história realmente prende a nossa atenção principalmente porque Malala não é a única protagonista como pode parecer. Sua família também é muito interessante, a começar pela relação da menina com o pai, que na mocidade era gago e filho de um grande orador. Ao conseguir proferir um discurso com muita vivacidade e energia, o jovem garoto engrenou na vida e chegou até a construir uma escola para ensinar, o que fez a jovem Malala ter, desde o início, uma atração pela educação, pelos livros e pelo estudo. O segundo momento foi o uso de uma animação de extremo bom gosto e ar lúdico que ilustrava situações descritas por Malala que iam desde a lenda que criou o seu nome (a menina Malalai, que liderou um exército afegão contra a dominação inglesa e que foi morta em combate), passando pelos bons tempos remotos da infância, momentos da história de sua família e chegando à opressão talibã. Esse elemento da animação é a grande vedete do filme, conferindo-lhe todo um charme especial.
O documentário se preocupa em mostrar a dupla vida da jovem de 17 anos que, simultaneamente encontrava-se com estadistas de um porte de um Barack Obama ou a Rainha Elisabeth II da Inglaterra, visitava campos de refugiados sírios, ou alertava para as meninas nigerianas sequestradas pelo Boko Haram, além de visitar muitas escolas, sobretudo no Terceiro Mundo, para compartilhar suas experiências. Mas Malala é também uma estudante que tem que fazer suas lições de casa e que tira boas notas em algumas matérias e notas apenas razoáveis em outras. Uma coisa fica bem clara na película: Malala teve uma excelente base familiar, com um pai que a orientou desde cedo ao estudo e à leitura, com uma mãe que não avançou nos estudos, mas que também sentimos que amparou a menina com muito amor e dois irmãos amorosos, apesar dos cascudos que tomavam da menina. É uma família com a qual a gente simpatiza de cara e percebemos que não é nada forçado ou simulado. O semblante deles é leve, alegre, sem mágoas ou ressentimentos, apesar de todas as adversidades que passaram sob o domínio do talibã, e tal leveza ajuda em muito a desmistificar certos preconceitos em que os ocidentais mergulham os muçulmanos.

Dessa forma, “Malala” não é algo chato, piegas ou maçante, mas sim um documentário feito com muita competência, seja na parte mais tradicional da coisa, seja na inovação da animação. E ainda temos a grata surpresa de não ter apenas a menina como protagonista, mas sim toda uma família de quem gostamos de graça e que serve de exemplo para muitas famílias conflituosas que temos por aí.

Cartaz do filme.

Essa carinha inundou o mundo!!!

Com o pai, uma união comovente!!!

Sempre ao lado dos oprimidos...

Imagem chocante. Se recuperando do tiro no hospital. 

Família unida nos momentos difíceis.

Nunca perde a oportunidade de dar o seu recado!

A frase mais bonita dita por ela. Quem sabe um dia...

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