terça-feira, 1 de setembro de 2015

Resenha de Filme - Ato, Atalho e Vento

Ato, Atalho E Vento. Mais Uma Colcha De Retalhos de Marcelo Masagão.

Todo mundo se lembra do filmaço de Marcelo Masagão “Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos”, realizado lá na virada do século 20 para o 21, justamente uma história do século 20 em imagens que ilustravam pequenas histórias fictícias que nos ajudavam a entender o que tinha ocorrido ao longo do “breve” século 20. E parece que Masagão novamente lançou mão de tal receita com “Ato, Atalho e Vento”. Usando fragmentos de 143 filmes realizados em todo o mundo, mais algumas fotografias, Masagão procura fazer uma pequena radiografia das ideias do livro “O Mal Estar da Civilização”, de Sigmund Freud. O autor defende a tese de que o homem não consegue ser feliz em sociedade no que se refere a alcançar o prazer. A felicidade é, justamente se afastar do desprazer. A civilização é contrária às necessidades humanas que incluem o prazer. A necessidade de trabalho penoso e sofrimento, aliada à canalização de impulsos sexuais para o trabalho tornam o homem infeliz, ainda mais numa sociedade cuja moral reprime os impulsos sexuais. Daí o mal estar da civilização. Entendeu? Eu, mais ou menos. E  Masagão fragmentou a montagem a ponto de exprimir esses conceitos. Podíamos ver uma sexualidade aflorando, seja em closes de atrizes consagradas ou imagens de mulheres nuas. Sentimentos agônicos também estavam presentes, como no caso do homem que esfolava a própria mão no muro ou pessoas se debatendo na cama em noites mal dormidas, ou ainda em imagens de trancas que eram forçadas a se abrirem sem sucesso. É o tipo de filme que merece um estudo mais aprofundado, com Freud debaixo do braço e a análise das mensagens subliminares proporcionadas pela montagem. É uma colcha de retalhos cheia de mensagens implícitas. É curioso perceber como cenas que remetem ao sexo estavam interligadas a cenas que expressavam uma repugnância, bem ao estilo da tese defendida pelo famoso médico e escritor. Nos créditos finais, vale a pena analisar todo o material usado pelo diretor, principalmente os amantes do cinema, que identificaram, na materialidade das imagens, os títulos de alguns filmes mas outros apenas nos créditos. E, o mais curioso. Há uma cena pós créditos que é, pura e simplesmente, o filme todo repassado numa velocidade muito alta, onde as imagens de toda a película ficam impressas em nossa memória, bem ao estilo das mensagens subliminares. É uma experiência muito curiosa assistir a esse filme, principalmente se você tem uma noção do que se trata “O Mal Estar da Civilização”. Agora, só se lembre de uma coisa: o filme é altamente experimental, sem um fio narrativo tradicional. Mergulhe na materialidade das imagens e nas mensagens implícitas que a montagem provoca. E viaje na maionese com gosto. Essa é a melhor forma de curtir essa película inusitada.

Cartaz do filme. Uma colcha de retalhos.

Várias referências...

Corra, Lola! Sexualidade...

Repudiando o sexo

Sexualidade aflorada

Mensagens subliminares para todos os gostos...

Repressões???

O "fofo" (????) do Freud...



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