domingo, 21 de junho de 2015

Resenha de Filme - A Lição

A Lição. Como Sair De Um Beco Sem Saída.
Uma co-produção grega e búlgara chega às nossas telas. “A Lição” nos atenta para o fato de que nossas vidas aparentemente em ordem podem, de uma hora para outra, atravessar violentas turbulências, chegando a nos levar a situações insolúveis. E aí, ou a gente usa muita cabeça fria ou toma atitudes inusitadas alimentadas pelo desespero.
Temos aqui a história de uma professora de inglês numa cidadezinha da Bulgária (interpretada por Margita Gosheva), que se comporta de forma extremamente austera e tem um problema com seus alunos pré-adolescentes em sala de aula. Um deles roubou dinheiro do colega e, agora, a professora usa de todos os meios para descobrir o autor do delito. A professora quer porque quer usar a oportunidade para mostrar aos alunos que nenhum crime fica impune (pelo menos lá na Bulgária). Seu marido (interpretado por Ivan Barnev) é um desempregado que procura reformar o trailer da família para vendê-lo e, assim, arrumar algum dinheiro. Mas o marido é um tremendo mané e usa o dinheiro destinado a pagar algumas contas para comprar uma transmissão para o trailer. Assim, um belo dia, um oficial de justiça bate à porta da casa da família com uma ordem judicial para leiloar a casa deles. Agora, a nossa destemida professora precisará arrumar essa grana em apenas dois dias para evitar o leilão. E isso a conduz a caminhos mais tortuosos e perigosos do que ela imaginava, levando-a a praticamente um beco sem saída. Se ela vai conseguir sair dessa fria? Como? Paremos com os spoilers...
É um filme que vale a pena dar uma conferida, pois prende nossa atenção o tempo todo. A sucessão de dificuldades que a professora vai ter que enfrentar para salvar a casa onde mora é angustiante e compartilhamos todo o desespero da personagem (dava para escutar no escuro da sala de cinema os suspiros e as pequenas interjeições de preocupação e tensão que o público emitia a cada situação escabrosa que aparecia). E nós torcemos para que a personagem tenha sucesso em sair daquele rolo. O que mais assusta é que o filme mostra uma situação cotidiana que pode acontecer com qualquer um, ou seja, uma dívida inesperada. E, pior, como o sistema bancário, na sua ânsia por lucros, é extremamente cruel e insensível a qualquer tragédia pessoal, sendo muito curioso perceber como uma produção que tem um antigo país socialista do leste europeu, que queria provar a “liberdade” do capitalismo, agora se compromete justamente a fazer uma película que aponte as agruras desse sistema que, já estamos carecas de saber (ainda mais num país como o nosso!), é extremamente vil e cruel. O que mais dói no filme é que aquela situação inusitada que lá aparece não é tão inusitada assim e que pode acontecer com qualquer um de nós, nos dando um gosto de “leve desespero”.

Dessa forma, “A Líção” é um excelente produto cinematográfico, pois nos estimula a ter todas essas reflexões e, ao mesmo tempo, é uma grande obra de entretenimento, obviamente dentro dos parâmetros de interpretação dos atores do leste europeu, um pouco mais rígidos para a nossa cultura. Mas isso não atrapalha em nenhum momento, já que temos um bom roteiro aqui. Dê uma chegadinha ao cinema, pois vale a pena.

Cartaz do filme

Uma austera professora de inglês

Problemas em sala de aula

O marido (ao seu lado), a colocará em situações difíceis e humilhantes...


Agora, ela precisa correr sozinha contra o tempo para salvar sua casa...

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