sábado, 20 de junho de 2015

Resenha de Filme - Ai Weiwei, sem Perdão

Ai Weiwei, Sem Perdão. Lutando Contra O Autoritarismo.
Um bom documentário passou quase que esquecido por nossas telas. “Ai Weiwei, sem Perdão”, contra a trajetória do artista plástico chinês Ai Weiwei, que se tornou uma espécie de símbolo contra o autoritarismo da China Comunista, por ter renome internacional (foi ele quem projetou o estádio Ninho de Pássaro, das Olimpíadas de Pequim em 2008). E ele usa sua fama para combater abertamente toda a censura imposta em seu país. Ele foi um dos primeiros chineses a ir estudar nos Estados Unidos, depois da abertura promovida pelo governo chinês e teve contato com tudo o que ocorria em Nova York no que se refere à arte contemporânea. Tal experiência mudou a sua visão de mundo e o tornou um artista renomado mundialmente, sempre buscando falar da liberdade e da opressão em suas obras. De espírito muito desafiador, Weiwei já passou por mal bocados por causa disso, sofrendo inclusive agressões físicas por parte da polícia e sendo impedido de testemunhar a favor de um dissidente num julgamento. Muito lhe chocou a morte de crianças em escolas num terremoto que a China sofreu há alguns anos e a falta de transparência do governo em contabilizar os mortos. Weiwei, por conta própria, viajou até a região do terremoto e ele mesmo fez esse trabalho, indo de porta em porta, para podermos ter uma noção do número de alunos mortos. E ele chegou a pouco mais de cinco mil crianças, entre as 70 mil vítimas fatais da tragédia. Weiwei questiona as autoridades chinesas no que se refere à construção dos prédios das escolas. O excessivo número de mortes de estudantes provocado pelo desabamento das escolas teria alguma relação com algum esquema que levou essas escolas a serem construídas com material de má qualidade? Essa é apenas uma das questões que Weiwei levanta ao criticar o governo chinês, que, diga-se, de passagem, também reagia, primeiro tirando seu blog do ar, depois enchendo sua rua e casa de câmeras. Weiwei não se deu por vencido e continuou a manifestar-se no twitter. Tal postura do artista obviamente chamava a atenção dos países capitalistas ocidentais que começaram a dar espaço a ele na mídia, o que foi tornando o artista conhecido em todo o mundo e até dentro da própria China, onde passou a ter fãs e pessoas que estavam dispostas a participar das manifestações que ele promovia na internet.
O documentário destaca, ainda, e como não podia deixar de ser, sua obra artística, onde, por exemplo, ele usou, na fachada de um museu na Alemanha, mochilas coloridas para fazer um painel onde uma frase em chinês dos pais de uma criança que morreu no terremoto dizia que eles só queriam se lembrar dos sete anos felizes que a filha havia tido. Ou então, das 130 milhões de sementes de girassol artificiais confeccionadas por ele e espalhadas pelo chão de uma exposição, que foram pintadas à mão uma a uma, para simbolizar que, numa coletividade, há individualidades.
Toda essa ousadia de Ai Weiwei lhe custou caro. As autoridades chinesas o prenderam e mantiveram seu paradeiro desconhecido por 81 dias. Ele só foi libertado, pois houve muita comoção mundial e dentro da própria China, com manifestações pipocando em toda a parte. Weiwei foi libertado, mas devidamente amordaçado. Ele não pode dar qualquer entrevista ou declaração, sob pena de voltar à prisão, além de ter todo e qualquer acesso à internet bloqueado. Ou seja, praticamente vive em prisão domiciliar.

Todos esses fatos ocorreram em meados de 2010 e 2011. E só agora chegam a nós. De qualquer forma, ainda há grupos na internet e no twitter que tentam dar alguma voz a Ai Weiwei. O artista tem uma filmografia lançada na internet, que é o seu território de manifestação. Cabe verificar se as autoridades chinesas não bloquearam alguma coisa de seu trabalho na grande rede. Mas fica a sugestão para garimpar por aí. E o documentário é um programa obrigatório, pela importância do assunto envolvido e pela importante figura cultural e política que é Ai Weiwei. 

Cartaz do filme
O superpolêmico Ai Weiwei em seu ateliê cheio de cachorros e gatos
Câmera como instrumento de denúncia
Girassóis. Coletividade é formada de indivíduos. 130 milhões de sementes artificiais pintadas à mão
Pintando os girassóis junto com sua equipe
Desafiando a polícia num simples jantar em mesa de rua...
Desafiador a níveis extremos!!!!
Agredido pela polícia quando ia testemunhar a favor de um dissidente.
Desafiando as autoridades policiais.
Registrando a destruição de seu ateliê por ordem do governo chinês.
Fachada de museu na Alemanha com mochilas...
Estádio Ninho de Pássaro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário