domingo, 1 de março de 2015

Resenha de Filme - Caminhos da Floresta

Caminhos Da Floresta. O Conto De Fadas Do Disney Doido.
Um filme fofo que resgata o gênero musical nas telonas. “Caminhos da Floresta” é inspirado numa peça da Broadway escrita por James Lapine e que mistura histórias de contos de fadas numa deliciosa intertextualidade. Podemos ver aqui personagens como Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, Cinderela, João do Pé de Feijão , primeiro cada um em sua história original, para depois interagirem em novas possibilidades. Tudo isso tendo como pano de fundo uma floresta encantada, onde príncipes, princesas, crianças pobres e uma bruxa se relacionam, numa película produzida pela Disney.
O elenco conta com umas caras novinhas como Anna Kendrick, que interpreta a Cinderela, passando por James Corden (de “Apenas uma Chance”), Emily Blunt, até nomes consagrados como Johnny Deep, que faz o Lobo Mau, sendo uma pena que ele atuasse tão pouco, Chris Pine (o nosso Capitão Kirk), interpretando o príncipe da Cinderela (isso mesmo, aquele que acha o sapatinho) e a magistral presença de Meryl Streep, a bruxa má que interage com todos os personagens, mas originalmente é a bruxa de Rapunzel. É claro que Streep é A atriz do filme, o carro chefe do elenco, dando a maior credibilidade a todo o cast. Como foi dito no início desse texto, a Disney teve o mérito de resgatar nesse filme o gênero musical. Mas, infelizmente, de uma forma cada vez mais recorrente hoje em dia quando falamos de musicais. Não é um musical escrito especificamente para o cinema, mas mais uma adaptação cinematográfica de peça da Broadway. Esses musicais com gosto de teatro filmado, do estilo de “Os Miseráveis” e, em tempos mais pretéritos “Evita”, até alegram os amantes do gênero, tão carentes desse tipo de filme hoje em dia, mas se comparados com os verdadeiros musicais antigos, dos tempos da RKO e Metro, dos tempos de Gene Kelly e Fred Astaire, Leslie Caron ou Maurice Chevalier, não esquecendo de Jeanette McDonald e Nelson Eddy, com  números de canto e dança preciosamente filmados, os musicais de hoje obviamente deixam a desejar. O cinema é uma arte maior que um mero teatro filmado. Há até nesse filme os elementos cinematográficos que estamos acostumados como os efeitos especiais. Mas quando um filme é inspirado numa peça de teatro, usar de uma certa liberdade poética sempre é bom para se ampliar os horizontes cinematográficos da coisa.
A grande virtude de “Caminhos da Floresta”, entretanto, é o seu texto. Ele toma como base as histórias de contos de fadas clássicas, textos muito conhecidos. Mas a forma como os textos são imbricados e novas possiblidades apresentadas são fatores que dão grande qualidade à história. Temas inimagináveis como adultério, divórcio e morte mostram com grande eficiência que a máxima “E eles viveram felizes para sempre” nem sempre funciona. Aliás, a história é marcada por pequenas e grandes tragédias pessoais. E presenciamos personagens desamparados que até se agarram a uma vida comunitária para buscar forças e apoio uns nos outros. Esse foi um curioso elemento, uma espécie de “choque de realidade” no mundo dos sonhos.

Portanto, se “Caminhos da Floresta” ainda tem uma cara de peça de teatro como tem ocorrido com os musicais de cinema mais recentes, ele ainda é um filme que vale a pena ser assistido, pois conta com um bom elenco, trabalha com historinhas que recaem sobre o afetivo do grande público e consegue retirar delas novas perspectivas e possibilidades, tornando a coisa mais próxima de nosso mundo real. Uma intertextualidade muito criativa. Uma competente tensão entre a paráfrase e polissemia. Uma brincadeira literária que deu certo, resgatando o gênero musical, outrora tão amado, e que merecia um pouco mais de voz nos dias atuais.

Cartaz do filme


Um lobo mau performático


Cinderela e seu príncipe.


Que bruxona, hein?


Rapunzel, com tranças e tudo




Nenhum comentário:

Postar um comentário