sábado, 28 de fevereiro de 2015

Resenha de Filme - Corações de Ferro

Corações De Ferro. Bom Filme De Guerra, Apesar Dos Clichês.
O cinema mais uma vez aborda o tema da Segunda Guerra Mundial. O filme “Corações de Ferro” (“Fury”, 2014) é estrelado por Brad Pitt e enfoca a fase final da guerra, quando as tropas aliadas já haviam invadido a Normandia e chegado ao território alemão. Faltava pouco para o fim da guerra. Mas a situação dos americanos no “front” alemão era contraditória à situação do fim da guerra, já que os tanques alemães eram bem mais fortes e resistentes que os americanos. Somado a isso, estava o fato de que os alemães buscavam rechaçar o ataque aliado em pleno território pátrio, combatendo com muito mais ferocidade. O sargento Don (interpretado por Pitt) comandava cinco soldados que faziam parte da equipe do tanque “Fury”, que avançava bem na linha de frente, evitando que os alemães conquistassem posições estratégicas importantes. A quantidade exagerada de mortes levou um datilógrafo, Roman (interpretado por Logan Lerman) a fazer parte da equipe, depois da morte de um dos membros do “Fury”. Roman terá que se adaptar a toda a violência da guerra e à matança totalmente indiscriminada, para poder sobreviver. Dentre o staff do tanque Fury, ainda temos a presença do militar cujo apelido é “Bíblia”, já que ele sempre lê o livro sagrado e faz pequenas citações no dia a dia. Esse personagem é interpretado por Shia LaBeoulf, o jovem ator problema conhecido por “Transformers”.
Esse é um bom filme, apesar dos clichês. Vemos aqui o soldado sensível que não quer matar, sendo tripudiado por seus colegas e pelo seu superior, muito barbarizados pelas atrocidades da guerra. Outro clichê é o superior, o sargento Don que acaba amolecendo seu coração com o contato com o soldado sensível. O lampejo de amor impossível entre Roman e uma cidadã alemã é algo também um tanto que manjado. Todo filme de guerra também tem aquela coisa de virmos vários personagens que já sabemos que irão morrer como moscas ao final da história, numa situação sem saída.
Um aspecto curioso eram as cenas de combate. Os efeitos especiais para os tiros de balas traçantes e as explosões eram um tanto multicoloridos e, em alguns momentos, parecia que víamos um combate digno de  “Star Wars”. Esteticamente bonito, mas um tanto forçado. Outra curiosidade foi ver Brad Pitt falando em alemão, em contraste ao sotaque caipira de “Bastardos Inglórios”, aquele delírio divertido do Tarantino.
Quais as virtudes da película? Todo e qualquer filme que denuncie os horrores da guerra já é em si algo muito positivo. Embora não tenha o realismo daqueles trinta minutos iniciais de “O Resgate do Soldado Ryan”, o cenário da guerra foi bem reproduzido, onde um ambiente que nutria total desprezo pela existência humana unia aliados e nazistas. São emblemáticas duas situações. Numa delas, Roman limpa o sangue dentro do tanque depois que o corpo de seu antecessor é removido. No meio da poça de sangue, há um pedaço de rosto. A segunda situação mostra um corpo esmagado no meio da lama sendo mais destroçado ainda pelos tanques que passam. O filme também denunciou o uso cada vez maior de jovens nos campos de batalha, quando os exércitos já estavam bem exauridos, seja do lado dos aliados, seja dos nazistas. Os horrores da guerra eram mostrados em ambos os lados. Se os nazistas enforcavam alemães que se recusavam a combater, os aliados matavam indiscriminadamente soldados que já haviam se rendido, cometendo claramente crimes de guerra, embora toda a matança sempre fosse legitimada com a máxima de “matar ou morrer”. Mas o momento mais interessante do filme, que talvez tenha levado a uma reflexão mais profunda, foi a frase do sargento Don a Roman depois de lhe apresentar uma sala com membros da elite nazista que haviam se suicidado: “os ideais são belos, mas a História é violenta”. Uma passagem tocante é a aquela onde os soldados de Don se recordam, cheios de lágrimas nos olhos, que foram obrigados a matar cavalos para que os nazistas não o aproveitassem, enquanto matavam soldados nazistas indefesos às gargalhadas (sobretudo os da SS), exibindo os paradoxos da guerra.

Dessa forma, “Corações de Ferro” é um filme de guerra típico, com todos os clichês que estamos acostumados a ver nessa situação. Mas o filme também tem suas atrações e virtudes como o fato de não recair na dicotomia bem X mal entre aliados e nazistas. Vemos nazistas tomando atitudes nobres e aliados tomando atitudes odiosas, algo que somente nos lembra de como a guerra desumaniza o ser humano, seja de qual lado ele for, mas que também o humano em sua essência pode sobreviver em situações de adversidade total. Vale a pena dar uma conferida.

Cartaz do filme


Don, um sargento extremamente duro


A equipe do "Fury"


Roman e Don. Relação conflituosa


Amor impossível




Nenhum comentário:

Postar um comentário