quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Resenha de Filme - Amor, Plástico e Barulho

Amor, Plástico E Barulho. Ascensão E Queda De Um Grupo Brega.
Filme brasileiro de 2013 que só passou nas telas há pouco tempo. “Amor, Plástico e Barulho” conta, de forma fictícia, uma situação que pode ser encarada como bem real: as bandas de música brega no Nordeste e de como são efêmeras em sua existência. Vemos como pessoas simples do povo veem na carreira artística a única chance em suas vidas. E como essas chances se desmoronam como castelos de cartas. Uma fama descartável e rapidamente consumível para uma queda cruel no ostracismo.
O filme se centra em duas personagens. A jovem Shelly (interpretada por Nash Laila) tem como grande sonho ser uma cantora de um grupo brega. A moça, praticamente menina, se inspirará em Jaqueline (interpretada por Maeve Jinkings), a vocalista principal do grupo que faz parte. As relações humanas são altamente turbulentas, baseadas em interesses, onde as protagonistas fazem favores sexuais em troca de mais chances de participações em grupos, ou até de apenas fazer um bom vídeo na internet para divulgação. Favores sexuais que depois provocam divergências entre as aspirantes de cantoras e dançarinas. O sonho das protagonistas é estar no programa local de música brega e ter uma agenda de shows, algo que não se mantém por muito tempo. Nas palavras de Jaqueline, a fama é frágil como um copinho de plástico, que se rasga enquanto se está bebendo e que depois ainda é amassado.
É uma história muito triste, em virtude do dilaceramento de corações e mentes. E mais triste ainda em saber que ela pode ser mais real e cruel do que se imagina. Fruto de um povo criado e formado de jeito totalmente displicente, abandonado pelo Estado, onde as perspectivas de futuro são muito sombrias. Tudo é dança, mídia, showbiz. Um conto de fadas entortado, que provoca dor, sofrimento, humilhação e até doenças, como a labirintite de Jaqueline em virtude do contato com o barulho excessivo das caixas de som dos shows. E, quando não se está mais em evidência na mídia, simplesmente se descarta. E resta afogar as mágoas nos frágeis copinhos de plástico cheios de cerveja, a indignação ao ser comparada com uma garota de programa e o sonho acordado no ônibus, que se torna uma grande festa regada a muita purpurina.
Enquanto no submundo se destroem sonhos, logo ali ao lado sobem espigões e shoppings ultramodernos, alheios à miséria. Mas a legião de desfavorecidos não quer se sentir excluída. É sintomática a inauguração do shopping center, onde hordas de população mais pobre invadem o prédio, chegando a destruir as portas de acesso. É o choque de classes sociais numa relação conflituosa.
No mais, resta o desabafo de Jaqueline, que quer mostrar todo o seu talento como cantora numa passagem de som dentro de um clubeco onde se cantará em playback. Apesar de ser um esforço completamente sem sentido, Jaqueline procurou se portar da maneira mais profissional possível. Nunca um “chupa que é de uva” assumiu tons tão melodramáticos.

Dessa forma, “Amor, Plástico e Barulho” é um verdadeiro tapa em nossa cara no que se refere a mostrar de forma nua e crua a destruição de perspectivas e sonhos dos menos favorecidos no Brasil, deixando-os num beco sem saída. Um filme que dói e deve ser visto.


Cartaz do filme


Jaqueline. A estrela que ascensão e queda rápidas...


 Shelly. Buscando um lugar ao Sol.


Curto estrelato


Conflitos na busca pelo sucesso...


Um arremedo de conto de fadas. Muito pouco para uma vida sofrida...


Decadência. Humilhação em pleno palco...


Confundida com garota de programa...


Resta apenas o sonho acordado no ônibus...


Promovendo um filme essencial...



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