quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Resenha de Filme - A Entrevista

A Entrevista. Muito Barulho Por Nada.
O fim da picada. É o melhor que a gente pode falar do polêmico “A Entrevista”, estrelado por James Franco e Seth Rogen. Só para recordarmos, o filme ficou muito em evidência na mídia, pois retrataria o assassinato do líder da Coreia do Norte Kim Jong-um. É óbvio que o pessoal da Coreia do Norte não ficou nem um pouco satisfeito com isso e o site da Sony, que produziu o filme, passou a ser atacado por hackers e sofrer ameaças. Isso fez com que a empresa adiasse a estreia do filme, fazendo isso com toda a cautela possível, o que despertou críticas dos defensores da liberdade de expressão. O efeito prático de tudo isso ao fim das contas foi que o filme ganhou um marketing e tanto. E todos correram para ver.
E o que é esse filme? Vemos a história de um apresentador de TV, Dave Skylark (interpretado por Franco), que entrevista celebridades em pautas altamente vazias. Esse programa é produzido por Aaron Rapaport (interpretado por Rogen), que almeja fazer algo mais profissional e jornalístico. Surge, então, a ideia de entrevistar o líder máximo da Coreia do Norte, que naquele momento ameaçava a costa oeste americana com ogivas nucleares. Os dois vão para lá e Dave começa a se identificar com o ditador coreano, que dá uma de bom moço, com o objetivo de manipular o apresentador. Ao mesmo tempo, os americanos são obrigados pela CIA a cumprir um plano para assassinar o ditador.
Sinceramente, até que não é uma má ideia para um filme. Uma boa comédia poderia ser produzida a partir daí. Só que não foi isso que foi visto. Em primeiro lugar, as piadas são cheias de expressões idiomáticas e gírias americanas, que ficam difíceis de ser compreendidas por públicos de outros países, em virtude do contexto. As legendas ficavam sem sentido e a coisa perdia a graça, ficando até idiota. Um filme feito apenas para o nicho dos Estados Unidos. Eu me lembro que algo semelhante ocorreu com a turma do Casseta e Planeta, pois, provenientes do Rio, eles faziam piadas que, às vezes, soavam familiares somente para os cariocas, como parodiar ao comercial da Refrigeração Cascadura na chamada das Organizações Tabajara. Isso não tinha a mesma graça para um paulista, mineiro, baiano ou gaúcho. E aí, os cassetas tiveram que rever isso, momento em que surgiram muitas sátiras à novelas da Globo, de abrangência mais nacional. Como eu já disse em outros carnavais, fazer humorismo não é coisa fácil.
Mas, voltemos ao filme. Além do sério problema das piadas culturalmente restritas a apenas um local, as piadas mais “abrangentes” eram de baixíssimo calão, tornando-se enjoativas e forçadas. Toda hora aparecia alguém enfiando alguma coisa no cu de alguém. Era um horror... o relacionamento entre Skylark e Rapaport também era algo complicado, onde Skylark fazia referências doentias à Trilogia “Senhor dos Anéis” para insinuar um homossexualismo entre os dois. Não era engraçado. Era de dar nojo. A galera LGBT se sentiria ultrajada em ver aquilo, pela idiotice da coisa. Aliás, a idiotice é o carro-chefe do filme. Os personagens principais são todos imbecis de carteirinha, a começar pela dupla de protagonistas. A idiotice de Skylark beira a insanidade. Rapaport consegue ser mais imbecil, pois é enrolado por Skylark. O ditador chora com músicas da Kate Perry. É difícil, meus amigos, é difícil.
O único momento de lucidez do filme está num trechinho da entrevista onde Skylark, fingindo agradar o líder, pergunta a ele se acha justo os Estados Unidos, que têm milhares de ogivas nucleares, não querer que a Coreia do Norte tenha as suas. E só. Muito pouco.

Um desperdício de celuloide esse filme. Nem as comédias americanas mais bobinhas são tão idiotas assim. E era uma boa ideia. Era...

Cartaz do filme


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Duas bestas

Amizade com o ditador


Sofrível...

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