quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Resenha de Filme - Violette

Violette. A Salvação No Ofício De Escritor.
O turbulento relacionamento entre Simone de Beauvoir e Violette Leduc. Esse é o tema do filme “Violette”, que se situa no pós-Segunda Guerra. Um filme em que vemos dois temperamentos completamente diferentes. Simone é firme, dura e disciplinada. Violette (interpretada por Emmanuelle Devos) é frágil, insegura e extremamente carente. A história é mais centrada na figura de Violette, como o próprio título do filme dá a entender. Violette começa como aspirante a escritora e está refugiada na zona rural da França, sendo abandonada por seu companheiro, o que a deixa em total desespero. Filha bastarda, ela sofre de um sério complexo de rejeição. A moça acha que ninguém a ama ou a quer. Sozinha, ela volta à cidade e ganha a vida comercializando mercadorias no mercado negro, em virtude da guerra, que ainda ocorre. Mas, ao mesmo tempo, ela escreve seu livro e procura Simone de Beauvoir (interpretada por Sandrine Kimberlain) para que a famosa escritora possa ler seu manuscrito. Simone percebe que Violette tem talento e a encoraja a seguir na carreira. Só que o caminho até o estrelato será muito tortuoso e seu primeiro livro mal está à venda nas livrarias, por ela ser uma escritora considerada menor. Sem dinheiro, amor ou reconhecimento, Violette só tem o seu complexo de rejeição cada vez mais aumentado, o que prejudica a sua saúde e a leva à internação numa clínica psiquiátrica. Esse será apenas um dos muitos sofrimentos da protagonista que vamos presenciar na história.
Apesar do tom altamente agônico da trama, “Violette” é um excelente filme. Nós realmente compartilhamos todos os momentos de dor da moça já quarentona que quer ser escritora e sofre a cada desprezo que o mundo lhe dá. Desesperada, ela escuta de Simone que a única forma de mudar isso é continuar a escrever, perseverar sempre, não desistir. Essa, inclusive, é a grande mensagem do filme. Às vezes, investimos num projeto e não vemos retorno a curto prazo. O retorno só vai acontecer se você não desistir e continuar a tentar. Desistir significa fracassar. E Violette perseverou. É verdade que ela teve um pequeno empurrãozinho de um pedreiro que lhe deu uma noite de amor, mas não podemos negar que ela teve também grande mérito em seu esforço. A relação entre Violette e Simone também é peculiar. O comportamento bissexual e inseguro de nossa protagonista e a tendência glacial de Simone em matéria de relações humanas tornou a coisa muito complicada no início, mas de uma forma ou de outra houve uma aproximação entre as duas, que ocorreu lenta e gradualmente. 
A produção literária de Violette Leduc teve a grande característica de expressar livremente os seus sentimentos mais íntimos, algo inconcebível para uma mulher de sua época. Por ter tal ímpeto e coragem, Simone de Beauvoir acabou encorajando-a em seus momentos mais difíceis, mesmo que fosse de uma forma extremamente fria. 

Dessa forma, “Violette” é um filme altamente recomendável, pois nos dá a lição de vida da perseverança e a afeição imediata com a personagem principal, onde os espectadores compartilham todo o sofrimento da protagonista, com a qual nos identificamos e simpatizamos por ser uma figura altamente sensível e quebradiça. Todos nós temos nossos momentos de fraqueza, que nos fazem sofrer. E, no caso de Violette, tal dor é muito aguda, sentida por todos nós. Típico filme onde vestimos a camisa do personagem. Vale a pena dar uma conferida.

Cartaz do filme.


Violette e Simone. Aproximações e afastamentos.


Uma escritora dedicada.


No início, foi abandonada pelo companheiro


Decepção ao não ver seu livro à venda


Interagindo com a intelectualidade da época.


Volta ao campo, sua antiga prisão, foi o lugar onde, ironicamente, teve paz de espírito para trabalhar e, finalmente, alcançar o sucesso.


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