terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Resenha de Filme - Irmã Dulce

Irmã Dulce. Trajetória De Uma Legítima Cristã.
Um excelente filme brasileiro paira nas telas. “Irmã Dulce” tem a grande virtude de fazer uma radiografia da vida de uma brasileira que fez boas coisas para o povo de nosso país. Nós, que estamos saturados de ver muitos de nossos compatriotas cometendo os famosos “malfeitos”, nos emocionamos profundamente quando vemos uma brasileira de coração puro lutando por uma causa justa e nobre. Uma brasileira que era capaz de encarar de frente todas as adversidades para fazer o bem.
O filme começa na infância da freira, marcada pela morte da mãe. A religiosidade da moça a levou para um convento de freiras que seguia rígidas regras de claustro, com horários bem estabelecidos para tudo. Nossa jovem Irmã Dulce (interpretada por Bianca Comparato com maestria) nunca respeitava os horários, por estar na rua ajudando os necessitados. Ela chega a invadir uma casa abandonada para abrigar as levas de miseráveis que encontra pelas ruas, o que vai provocar sérios problemas com os poderosos locais, inclusive o prefeito da cidade. Sem escolha, a freira leva os enfermos para o convento, onde convence a madre superiora a transformar o galinheiro num hospital para acolher os pobres. Uma coisa que fica muito enfatizada no filme era a perseverança de Irmã Dulce para conseguir recursos para ajudar os pobres e a imensa lábia que ela tinha para convencer as pessoas, principalmente políticos, em quem ela colava para obter apoio. Mas ela enfrentaria sérios problemas com a Igreja Católica, pois, apesar da freira estar se portando como uma verdadeira cristã, segundo ela mesmo “amando aos outros como a si próprio, com grifo no si próprio”, não sendo essa afirmação sendo feita da boca para fora, mas sim para valer, a cúpula da Igreja ainda não aceitava as violações das rígidas regras do convento, impondo represálias à freira. Ela chegou a ser boicotada na escolha dos religiosos católicos da Bahia selecionados para cumprimentar o papa João Paulo II na sua passagem à Salvador, em ocasião de sua visita ao Brasil em 1980. Mas o clamor popular venceu a perseguição religiosa e Irmã Dulce foi autorizada a cumprimentar o papa. Outra grande virtude da película é o encontro de Irmã Dulce com Mãe Menininha do Gantois, numa mostra do sincretismo religioso brasileiro, muito forte na Bahia. As conversas que ela tinha com a imagem de Santo Antônio, indignada com a pobreza e miséria "e você (santo) não fazendo nada", também são memoráveis e engraçadas.
O filme é uma interessante cinebiografia, cheia de emoção, que se pauta totalmente na personalidade de Irmã Dulce e sua história, contada de uma forma emocionante. A encenação da trajetória da freira ainda é reforçada por tocantes imagens de arquivo ao final, aumentando ainda mais a qualidade do filme, que tem um excelente elenco. Além de Bianca Comparato, Regina Braga também interpreta Irmã Dulce, na casa de seus quarenta e cinco anos. Temos ainda as presenças de Glória Pires, como a mãe de Irmã Dulce, a ótima interpretação de Gracindo Jr. como o pai da freira, Zezé Polessa, como a irmã da protagonista, Irene Ravache, como a Madre Provincial e Luís Carlos Vasconcelos como Dom Eugênio Sales.

Dessa forma, “Irmã Dulce” é uma bonita homenagem a essa grande figura brasileira, tendo inclusive sido indicada para o Prêmio Nobel da Paz de 1988. É um filme para ver, se emocionar e conhecer melhor essa grande figura humana conhecida como “O Anjo Bom da Bahia”. Um bom filme brasileiro, definitivamente, que vale a pena ser assistido. Deem uma chegadinha ao cinema, pois o filme merece um bom público.

Cartaz do filme


Quando criança, já tinha contato com a miséria


Desde cedo, Irmã Dulce cuidou dos mais necessitados


Prática que ela levou por toda a sua vida.


 Sempre do lado dos menos favorecidos.



Irene Ravache representando a opressão da Igreja Católica



Luís Carlos Vasconcelos como Dom Eugênio Sales. Mediador...



Bianca Comparato, Regina Braga e Amaurih Oliveira (fazendo o fictício personagem João).


Impossível não se comover com tal semblante. Beatificada pela Igreja Católica, Irmã Dulce pode se tornar a primeira santa brasileira.



E ainda tocava acordeão!!!



Com Madre Teresa de Calcutá.




Imagem mais emocionante de Irmã Dulce. Papa João Paulo II visita a freira já muito doente. Ela chorava de tanta emoção.

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