terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Resenha de Filme - Uma Longa Viagem

Uma Longa Viagem. Até Onde Vale A Pena A Vingança?
Um excelente filme nas telas. “Uma Longa Viagem” é baseado numa história real de se tirar o fôlego, carregada de lições para nós, que pensamos que nossa vida é complicada demais no dia-a-dia. É um filme que contém um baita elenco. Colin Firth, Nicole Kidman, Stellan Skarsgard.
Vemos aqui a história de Eric Lomax (interpretado por Firth), um veterano inglês da Segunda Guerra Mundial, apaixonado por trens e ferrovias. Numa de suas viagens, conhece Patti (interpretada por Kidman). Os dois se apaixonam e se casam. Mas Eric tem vários traumas de guerra e transforma seu casamento num tormento sem fim para Patti. Ela vai, então, procurar a Associação de Veteranos Ingleses da Segunda Guerra Mundial e conversa com um dos amigos mais próximos de Eric, Finlay (interpretado por Skarsgard), onde descobre parte do passado do marido. A moça fica sabendo que os ingleses em Cingapura se renderam em 1942 para as forças japonesas e foram submetidos a violentos trabalhos forçados e torturas, sobretudo Eric, que conseguiu construir um rádio com várias peças em poder dos soldados ingleses. Por causa disso, foi severamente torturado, onde um de seus algozes era justamente o intérprete Takeshi Nagaze (interpretado na velhice por Hiroyuki Sanada). Eric jamais superou tal trauma. Mas Finlay tem uma surpresa. Ele descobre que Nagaze ainda está vivo, trabalhando de guia num museu da guerra no local exato onde Eric foi torturado. Fica então a dúvida se Eric se vingará de Nagaze pelo que ele sofreu na guerra.
É uma história definitivamente fascinante. E real, o que torna a coisa mais incrível ainda. Sem querer cair nos spoilers, lanço a pergunta para ti, leitor: o que você faria? Mataria seu algoz depois de muitos anos, se vingando? Ou deixaria o passado enterrar tudo? Realmente, é muito difícil dar uma resposta definitiva a essa pergunta. Os mais assépticos diriam que a vingança não leva a nada, é a arma do otário, etc. Mas, por outro lado, não é fácil colocar uma pedra em cima do seu passado numa guerra, ainda mais se você foi torturado barbaramente. E isso é justificativa para uma vingança?
Para qualquer resposta que você queira dar a esse dilema, temos apenas uma certeza: tal situação testa os limites extremos da condição humana, onde qualquer decisão vai te levar a uma dolorosa experiência, que será única. Impossível não sair sem cicatrizes profundas de tal imbróglio. E aí, o humano como um todo deve ser analisado em todas as suas matizes. Uma outra dúvida surge: numa situação de guerra, qual é a melhor atitude a tomar, principalmente num contexto onde, para você sobreviver, você de repente precisa matar e cometer atrocidades? O que é certo ou errado dentro dessa lógica? Talvez haja apenas uma certeza nisso tudo: o contexto da guerra é profundamente degradante em todos os sentidos.

“Uma Longa Viagem” é, definitivamente, um filme importantíssimo. Um filme que prende tua atenção. Um filme que emociona. Um filme que mostra de forma nua e crua, o que é ser verdadeiramente um ser humano. Um filme que põe à prova convicções que pareciam muito claras, mas que numa análise mais meticulosa, não parecem ser tão claras assim. Novamente arte que imita a vida. Um filme essencial. Um filme obrigatório.

Cartaz do filme


Eric e Patti. Amor atormentado pelo passado.


 
Segunda Guerra. Eric como prisioneiro dos japoneses.

Conhecendo os trabalhos forçados.



Seus algozes não lhe saem da cabeça.


Ajustando contas com o passado.


Como olhar para o futuro?


Os verdadeiros Eric Lomax e Takeshi Nagaze



E os dois, em tempos mais recentes. Ambos já são falecidos.


Eric Lomax e Patty na vida real.

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