sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Resenha de Filme - Uma Promessa

Uma Promessa. História de Amor Em Tempos De Guerra.
Uma típica história de amor. Mais um triângulo amoroso. Mas, qual é o diferencial de “Uma Promessa”? Em primeiro lugar, é baseada num livro de Stefan Zweig. Já é um belo cartão de visitas. Outro detalhe interessante é que a história se passa na Alemanha da Primeira Guerra Mundial, que dá um tom a mais nesse romance.
Vemos aqui o personagem Friedrich Zeitz (interpretado por Richard Madden), uma espécie de menino prodígio que começa a trabalhar numa siderúrgica, comandada pelo sisudo e austero Karl Hoffmeister (interpretado pelo sempre excelente Alan Rickman). O presidente da siderúrgica encontrará o jovem funcionário fazendo serão, o que chamará a sua atenção. Uma doença grave, entretanto, levará Herr Hoffmeister para um repouso forçado em casa e Friedrich será o eleito para relatar tudo o que acontece na fábrica, assim como também para ditar as ordens do patrão para os empregados. Isso forçará Friedrich a frequentar a casa dos Hoffmeister, onde ele conhecerá a bela esposa de Karl, Lotte (interpretada por Rebecca Hall). O convívio com os Hoffmeister fará com que Friedrich se torne cada vez mais íntimo da família e o inevitável triângulo amoroso surgirá, num cenário conturbado com a Alemanha prestes a entrar na Primeira Guerra Mundial, algo que irá afetar os relacionamentos dos três protagonistas.
As características que mais chamam a atenção no filme são várias. Em primeiro lugar, a ótima caracterização de época, com excelentes figurinos e locações. O filme visualmente é muito elegante, principalmente quando vemos a mansão dos Hoffmeister. Mas há miséria também, seja no sótão sombrio de Friedrich, seja na siderúrgica, onde o proletariado alemão aparece com toda a sua força. Com relação à interpretação dos atores, Alan Rickman deu um show à parte. Sua interpretação contida e levemente sarcástica era cheia de entrelinhas, mostrando as suas suspeitas do affair entre Friedrich e Lotte. Deu gosto de ver o trabalho desse ator que geralmente interpreta vilões. O filme também chama a atenção por um voyeurismo total. Friedrich vê Lotte às escondidas, Karl vê Lotte e Friedrich às escondidas. Lotte vê o sótãozinho miserável de Friedrich às escondidas. Karl e Friedrich espreitam Lotte ao piano. Toda essa situação voyeur atiça desejos implícitos nos personagens, alimentando possíveis situações de conflitos que não chegam a se concretizar na sua forma mais explosiva. Do ponto de vista técnico, o filme também mostra pequenos movimentos de câmara levemente vertiginosos. Os enquadramentos não são estáticos. Sempre há algum movimento de câmara, discreto, mas que se faz notar, incomodando a percepção do espectador. Esses movimentos de câmara ficarão muito intensos quando o pequeno filho dos Hoffmeister, Otto, desaparece num parque de diversões para o desespero de Friedrich e Lotte. O desespero dos dois está manifesto nos bruscos movimentos de câmara que simulavam a busca do menino pelo casal.

A história não empolga muito, embora ela fique mais angustiante no período da guerra. O final poderia ter sido mais bem trabalhado e menos óbvio. Mas parece que a intenção foi fazer algo meio água com açúcar aqui. De qualquer forma, o filme tem os méritos citados acima. E, para quem gosta de um drama amoroso típico, esse filme é um prato cheio.


Cartaz do filme.


Lotte e Friedrich. Um amor às escondidas.


Karl, o esposo e patrão austero.


 
Mais um triângulo amoroso no cinema...

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