segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Resenha de Filme - Tim Maia

Tim Maia. Trajetória Conturbada De Um Gênio.
Às vezes, a vida consegue ser mais criativa que a arte. Isso é o que vemos no excelente filme “Tim Maia”, que conta a trajetória do famoso compositor e cantor. A história de vida do artista que ficou conhecido como “síndico” por causa da música “W/Brasil”, de Jorge Benjor, é algo que beira o surreal. E é muito divertida, pois tira do pedestal alguns símbolos que conhecemos como ícones tais como Roberto e Erasmo Carlos. É um filme que também aborda o tema do racismo e do preconceito e de como um temperamento forte pode destruir uma vida e nos privar de um enorme talento.
O filme começa numa Tijuca antiga e tradicional, onde um menino negro de nome Sebastião estudava numa escola católica e ajudava a mãe no comércio de marmitas, tornando-se conhecido em todo o bairro. Um belo dia, ele passa em frente a uma loja de discos e conhece a música, o que desperta nele o desejo de ser cantor. Sebastião irá então formar seus primeiros grupinhos musicais, fazendo apresentações na igreja. É nessa época que ele conhece Roberto e Erasmo Carlos e formar um grupo para tocar no programa de TV de Carlos Imperial, que vê o grupinho da Tijuca com preconceito e arroubos de racismo, embora os aceite e os leve até para conhecer a bossa nova na zona sul. Mas o programa de Imperial acaba e Sebastião tentará a sorte nos Estados Unidos, onde se envolve com a criminalidade, as drogas e a prisão. De volta ao Brasil e na pior, Sebastião vai a São Paulo, onde as pessoas ganham dinheiro com a música. Roberto Carlos, inclusive, já tem o programa “Jovem Guarda” na tv. Após várias tentativas de falar com Roberto, Sebastião finalmente consegue e escreve músicas para o famoso cantor, enquanto sobrevive cantando em barzinhos. A partir daí, sua carreira como músico e cantor finalmente decola. O agora Tim Maia conhece o estrelato, mas também uma vida muito desregrada, com direito a sexo, drogas e... drogas. Seu comportamento totalmente destemperado afastou todos de sua vida: amores, amigos, integrantes da banda. Ele foi ao fundo do poço... e, praticamente, não mais voltou...
Se o filme tem momentos muito engraçados (o Roberto Carlos estava muito caricato, sendo muito hilário, e a personalidade de Tim Maia também é digna de muitas gargalhadas), a decadência do cantor, exibida de forma nua e crua, expressa muita tristeza. A história tinha mesmo que ser intensa, tal como o protagonista. Entretanto, sempre haverá alguém que vai dizer que conhecia o cantor e que o filme não era nada daquilo, que o comportamento do cantor era muito pior, etc. (esse tipo de comentário apareceu muito no filme “Cazuza”). De qualquer forma, a trama nos dá uma oportunidade de presenciarmos situações de que ouvimos falar.
A questão do preconceito é também algo digno de nota. Com uma história muito datada, o racismo da época, que hoje nos parece muito agressivo, era encarado de uma forma até tolerante naquela época. Claro que havia a indignação, como vemos em algumas falas do personagem de Tim Maia, mas as reações às manifestações de preconceito realmente pareciam mais passivas do que as de hoje. Outros tempos, outras mentalidades.

É um filme para rir, chorar e se impressionar. Um filme brasileiro e tanto, que fala de coisas com as quais nos identificamos rapidamente. Vale muito a pena dar uma conferida.

 
Cartaz do filme


Tim Maia jovem (Robson Nunes)


Tim Maia adulto (Babu Santana, excelente caracterização)


Começo de carreira com Roberto Carlos...

Uma verdadeira caricatura...


Ripongas...


O síndico...

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