sábado, 22 de novembro de 2014

Resenha de Filme - O Juiz

O Juiz. Drama De Pai E Filho Apimentado No Tribunal.
Um bom filme americano. “O Juiz” consegue conciliar dois temas com maestria: o filme de julgamento e o drama familiar. Filmes de julgamento sempre exigem muito do espectador, pois nós temos que ser muito atenciosos às argumentações e linhas de raciocínio da acusação e defesa, algo que já torna a história em si muito fascinante. “O Juiz” tem o mérito de ser um bom filme de julgamento. Mas há outras virtudes como, por exemplo, o pesado drama familiar, muito intrincado, que afeta o andamento de todo o processo criminal exposto na história.
Vemos aqui a história de Hank (interpretado por Robert Downey Jr.), um advogado valentão que ganha todos os casos que pega, baseado no seu forte conhecimento da justiça e poder de argumentação. Acostumado a defender somente gente que não presta e muito rica, Hank tem uma vida confortável, uma bela esposa e uma filhinha sensacional. Mas seu casamento está em crise, pois Hank não é um marido presente, totalmente envolvido no trabalho. A vida do advogado vai sofrer uma enorme reviravolta com a notícia da morte da mãe, que o faz retornar à sua cidadezinha natal, pacata e de interior, após vinte anos de ausência. Lá, ele vai reencontrar sua família. O irmão mais velho, Glen (interpretado por Vincent D’Onofrio), era uma promessa do beisebol, mas um acidente inutilizou a sua mão. O irmão caçula, Dale (interpretado por Jeremy Strong), tem um retardamento mental e é fissurado em filmadoras antigas e projeções da família nos dias de infância dos filhos. E o pai, Joseph (interpretado pelo ótimo Robert Duvall), é o juiz da cidadezinha, que sempre baseou sua carreira na retidão e na ética. Essa família logo se mostrará cheia de conflitos altamente emaranhados cujos detalhes fugirão do universo dos spoilers. O filme ficaria apenas no âmbito do drama familiar, não fosse por um detalhe. O juiz só será acusado de atropelar e matar um criminoso que ele condenou a vinte anos de prisão. Assim, Hank usará de todas as suas habilidades para absolver seu pai no julgamento. Mas Hank terá que enfrentar um promotor à altura de seu talento, o advogado Dwight Dickham (interpretado por Billy Bob Thornton).
A família de Hank, os Palmer, como vimos, é cheia de conflitos. O juiz e o filho advogado serão o epicentro da crise familiar. O pai sempre teve um comportamento muito frio e rígido com o filho do meio, algo que não era aceito pela finada mãe e esposa. O afastamento por um longo tempo de Hank da família só piorou as coisas. Tanta acidez familiar só era aliviada pelo filho “especial” e suas projeções de um passado familiar feliz, onde todos os filhos eram ainda crianças, sendo vistos com nostalgia pelos membros familiares, agora carcomidos por crises e mágoas. Só que, infelizmente, esses breves momentos de saudade não são suficientes para conter a ebulição, que vai afetar inclusive a estratégia de defesa do julgamento, para total desespero de Hank, que não consegue lidar com as teimosias do pai.

Apesar do tema do julgamento ser muito atraente no filme, não podemos deixar de falar que o grande objeto de “O Juiz” é realmente o conflito familiar, e de como é difícil fechar feridas tão profundas. Definitivamente, as mágoas familiares são as piores de se curar, demorando até anos para que isso ocorra e, às vezes, essa cura ocorre apenas parcialmente. É o tipo de filme que nos faz olhar para dentro de nós mesmos e encaramos nossas mágoas e ressentimentos adormecidos que nos envenenam aos poucos. Sempre nos identificamos de uma forma ou de outra com um filme desse tipo. “o Juiz”, por isso, é mais um filme que merece uma atenção especial.


Cartaz do filme.


Joseph e Hank Palmer. Conflitos entre pai e filho num julgamento.


 
O irmão mais velho Glen. Promessa no beisebol carreira destruída num acidente.


O irmão caçula Dale. Paixão pelo cinema.


O hábil promotor Dickham


Pai e filho em caminhos opostos.

Um comentário:

  1. Este filme recebeu críticas mistas, alguns não tão bons e alguns excelentes. Agora eu vi O Juiz , eu encontrei uma produção emocional que leva você pela mão, sem deixar pontas soltas. Às vezes parecia monótono, mas o resultado é interessante. Eu recomendo-lo.

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