sábado, 25 de outubro de 2014

Resenha de Filme - Attila Marcel

Attila Marcel. Traumas E Cogumelos.
Um excelente filme francês na área. Do mesmo realizador de “As Bicicletas de Belleville”, o diretor Sylvain Chomet, “Attila Marcel” é um filme de artistas de carne e osso, não menos atraente que a grande animação de alguns anos atrás. Vemos uma história sobre a fragilidade da condição humana. E de como podemos enfrentar tal fragilidade com a ajuda de pessoas muito especiais que cruzam as nossas vidas por alguns momentos e, em seguida, simplesmente desaparecem.
A trama centra-se no jovem Paul (interpretado por Guillaume Gouix), que sofreu um trauma terrível na infância: viu a morte dos pais aos dois anos de idade. Em virtude disso, sofreu um bloqueio que lhe tirou a capacidade de falar. Órfão, foi amparado por duas tias professoras de piano que lhe ensinaram o ofício e cantarolavam numa alegria que beirava um comportamento ansioso e tresloucado. O rapaz, extremamente protegido, era reservado e tímido, como não podia ser de outro jeito. Vivendo num pequeno edifício cercado de figuras muito peculiares, entre elas um cego exímio afinador de pianos, Paul tinha como atividade tocar piano nas aulas de dança promovidas pelas tias para ganhar dinheiro. Até que, um dia, seu amigo cego, que subia as escadas (e afinava até as colunas de ferro do corrimão!) deixou um compacto de vinil cair no chão. Paul pega o disquinho e entra no apartamento em que o cego adentrou. Lá, presencia um cachorrão surdo e um verdadeiro jardim no piso da sala. É o apartamento de Madame Proust (interpretada por Anne Le Ny), uma riponga budista que, em troca de dinheiro, oferece um chá de cogumelos para os clientes que trazem consigo lembranças de seu passado (uma foto, uma carta, um disco, etc.). O chá tem a propriedade mágica de fazer o cliente vivenciar a experiência do passado associada à lembrança que ele trouxe. E, assim, faz-se o milagre de Paul voltar a conviver com os pais durante a sua infância. Paul também vai desenvolver um relacionamento fofo e tocante com a porra louca Madame Proust, vista com preconceito pela maioria dos moradores do prédio.
A história realmente é muito boa e terna. Vemos como Paul vai saindo de seu casulo, de sua disciplina rígida ao piano, e vai se descobrindo, se entendendo, a cada sessão de chá. Madame Proust é fundamental nisso, pois o caos e a visão de mundo aberta e alegre da budista vão impregnando Paul que, pouco a pouco sai de seu estado arredio e descobre o amor numa violoncelista chinesa também tímida, mas bem mais atiradinha que ele. O único problema do filme é um certo preconceito justamente contra os chineses, onde os amigos franceses das tias de Paul criticam uma invasão chinesa à França. Pegou mal, mesmo que a coisa tenha sido exposta com um certo humor.

Dessa forma, “Attila Marcel” é um filme altamente recomendável. Diversão garantida, com direito a um drama bem comovente contado em comédia. Mescla de gêneros. O filme é mais do que promete o “trailer”. A esta altura você, caro leitor, deve estar se perguntado: e quem é Attila Marcel ao final de contas? E Paul? Vai falar ou não? Essas perguntas eu deixo para ti, meu amigo. As respostas estão num cinema pertinho de você.  Ah! E não saiam da sala ao final. Tem cenas pós créditos!!!!


Cartaz do filme.


Paul e as tias. Excesso de proteção.


Uma criatura ansiosa e tímida.


Descobrindo um novo mundo.


Vai um chazinho aí?


Madame Proust e seu ukelelê.


Uma nova e terna amizade surge.


Doidão com o chá.


Alucinações do chá.


Visão da mãe. Alucinações do passado.


Descobrindo o amor.



Quem será esse distinto cavalheiro?

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