terça-feira, 21 de outubro de 2014

Resenha de Filme - Trash, a Esperança vem do Lixo.

Trash, A Esperança Vem Do Lixo. Não É De Se jogar Fora...
Um filme que aborda a triste realidade de nosso país, com tudo de ruim que já conhecemos: um oceano de corrupção, miséria exacerbada, violência policial, injustiças de todo o tipo. Num contexto tão familiar para nós, será contada uma história com lances para lá de inusitados. Um thriller de ação que até prende a nossa atenção, mas que tem realmente algumas coisas que não dá para engolir.
Vemos aqui a trama de um homem chamado José Ângelo (interpretado pelo sempre excelente Wagner Moura), que foge da polícia com uma carteira na mão. Antes de ser capturado, José joga a carteira fora do alto de um condomínio e ela cairá na caçamba de um caminhão de lixo a caminho de um aterro sanitário. A carteira vai parar na mão de três menores. Há dinheiro, mas há uma chave. A polícia se encaminha para o lixão, comandada pelo cruel Frederico (interpretado pelo também ótimo ator Selton Mello), que descobrirá que a carteira está na posse dos três meninos. Começará, então, uma feroz perseguição aos garotos, que passarão por muitos riscos e perigos enquanto vão desvendando o mistério da carteira.
O filme tem o bom trunfo de contar com um grande elenco. Além de Wagner Moura e Selton Mello, vemos a presença de Nelson Xavier, José Dumont (apesar de ter sido cometido o sacrilégio de colocá-lo numa ponta, pois esse ator tem talento demais para ser encarado apenas como um reprodutor de estereótipos nordestinos), Stepan Nercessian e as presenças internacionais de Rooney Mara e Martin Sheen. Com um cast dessa magnitude, você já se sente atraído a ir ao cinema para ver o filme. Esperava-se que a trama acompanhasse o bom elenco. Mas não foi o caso aqui. O filme poderia ter tido um roteiro melhor, pois a ideia era boa. Mas há alguns problemas como situações inverossímeis demais até para uma licença poética exacerbada. Outro problema é um certo quê estereotipado do olhar estrangeiro sobre o Brasil, onde se mostra o supra-sumo de tudo o que temos de ruim. Sabemos que nosso país é cheio de problemas, mas sentimos um olhar não de terceiro mundo, mas de oitavo. Todos os defeitos são mostrados da pior maneira possível, sem dó nem piedade. É também de se lamentar que o elenco estrangeiro pareça ter sido menos aproveitado do que a gente deseja. Sempre é legal ver o Martin Sheen e a gente quer mais Martin Sheen. Mas tem um momento do filme em que ele simplesmente desaparece, só reaparecendo ao final. A mesma impressão se dá com Wagner Moura. A história poderia ter sido contada de outra forma para garantir uma maior presença desse excelente ator.

Embora o filme pareça ter esses problemas, “Trash” não é de todo ruim. É verdade que poderia ter sido bem melhor, mas ainda é uma história que dá para curtir. Talvez se o elenco não fosse tão estelar e eficaz, os problemas do filme ficariam mais evidentes e desagradáveis aos olhos. Dessa forma, não espere muito de “Trash”. Mas, se você gosta dos atores citados acima, se você não liga que um filme de ação e suspense seja um pouco óbvio, vá ver sem medo.

 
Cartaz do Filme.


Wagner Moura poderia ter sido mais bem aproveitado.


Selton Mello, um bom vilão.


Lixão como pano de fundo.


Rooney Mara como a professora Olivia.


Um marcante Nelson Xavier.


José Dumont não pode fazer ponta!!!!


Martin Sheen e os protagonistas. Da esquerda para a direita: Eduardo Luís, Rickson Tevez e Gabriel Weinstein.


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