domingo, 26 de outubro de 2014

Resenha de Filme - Um Novo Dueto

Um Novo Dueto. A Pianista E o Eletricista Xaropes.
Outro filme francês. Uma história de amor, como gosta o povo da Marselhesa. Mas uma historinha um tanto xarope, chatinha até. Essa é a impressão de “Um Novo Dueto”, cujo título original é “Uma Outra Vida”. A coisa não empolga muito, mas tenhamos boa vontade.
Vemos aqui a vida da pianista Aurore (interpretada por Jasmine Trinca). A moça tem uma rotina de muitos ensaios e apresentações até que, num momento, a estafa a derruba em pleno palco. Tudo isso seguido pela morte do pai. Com tantos traumas, Aurore se recolhe por dois anos e passa a viver na casa do pai, a contragosto do irmão Paul (interpretado por Stéphane Freiss), uma espécie de agente da moça que quer que ela volte logo a sua rotina de apresentações. Aurore irá conhecer um eletricista, Jean (interpretado por Joeystarr, que nome de artista pornô!). Logo, a moça irá ficar perdidamente apaixonada por sua nova amizade, sendo correspondida. Entretanto, há sempre um probleminha nessas histórias de amor. Jean é casado com uma mulher que, diga-se, é um espetáculo! Muito mais linda que a protagonista! Seu nome é Dolores (interpretada pela estonteante Virginie Ledoyen). Até agora, eu não entendi como ele trocou aquele monumento todo por aquela pianista sem sal! Essa esposa será o elemento mais interessante deste triângulo amoroso cheio de idas, vindas, conflitos e fatalidades.
O filme tem uma cadência lenta, típica dos dramas amorosos. Mas, em alguns momentos, a trama abusa da lentidão, tornando a exibição cinematográfica simplesmente um saco. Entretanto, como em tudo na vida existe um lado bom e um lado ruim, e não procuro só espinafrar os filmes, mesmo quando eles não são lá muita coisa, vamos enfocar os aspectos positivos. Esse triângulo amoroso levanta questões interessantes. Até onde você tem coragem suficiente para amar? Ou seja, no seu desejo por amar e ser feliz, como você magoa e esquece a mágoa que provocou em outra pessoa que te amava? É preciso ser corajoso para buscar a felicidade, magoar o outro e sair sem qualquer peso na consciência. O filme também abordou a questão do amor inter-racial (a pianista era branca, de um alto estrato social, e o eletricista era negro, de uma condição social menor). Mas essa questão racial não é mencionada em momento nenhum da história, seguindo a linha dos defensores da tese de que o racismo só acabará quando ninguém mais notar a cor da pele das pessoas e isso passar despercebido. A diferença social, entretanto, é mencionada pelo próprio eletricista, que considera sua tarefa menor que a da pianista que, com o tempo e as pressões do irmão, voltará a sair em longas turnês internacionais. Um relacionamento aguentará essas longas ausências? Resposta no “écran”.

Questões raciais e sociais. Questões cósmicas sobre o relacionamento a dois. Andamento muito lento. Um certo quê de melancolia no casal protagonista. Essas são as características básicas de “Um Novo Dueto”. Recomendável? Até pode ser. Mas, decididamente, esgote todas as possibilidades melhores antes. E não são poucas. O nosso estimado cinema francês nunca foi tão água-com-açúcar. Ou melhor, água com adoçante...

Cartaz do Filme



Uma pianista melancólica.



Um eletricista melancólico.



Uma esposa e tanto!!!!



Um irmão mais preocupado com a carreira da irmã.



Um relacionamento sem sal.




Mais um triângulo amoroso tortuoso.


Nenhum comentário:

Postar um comentário