terça-feira, 3 de junho de 2014

Resenha de Filme - X Men: Dias de um Futuro Esquecido

X-Men, Dias De Um Futuro Esquecido. Evolução Equivocada.
O novo filme dos X-Men nos contou uma boa história. Para criar um elo entre o filme do X-Men original e o filme “Primeira Classe”, a única alternativa seria a viagem no tempo, uma velha fórmula conhecida em tantos filmes de aventura e ficção científica. Sentinelas altamente desenvolvidos e adaptáveis às mutações destruíam impiedosamente todos os mutantes (alguma semelhança com os temíveis borgs de Jornada nas Estrelas, A Nova Geração?), praticamente levando o planeta à extinção. E aí, a única alternativa seria uma viagem ao passado para justamente evitar a morte do cientista anão Bolívar Trask, criador dos sentinelas e que fora assassinado por Mística em 1973. A morte de Trask levou ao medo contra os mutantes e ao desenvolvimento do programa dos sentinelas. Como a viagem no tempo poderia provocar danos violentos ao corpo do viajante, a tarefa ficou a cabo de Wolverine, cujo corpo se regenera dos ferimentos. Assim, nosso unhudo personagem terá a tarefa escabrosa de convencer um beberrão professor Xavier a voltar para os trilhos e ainda uni-lo com Magneto, que cumpre prisão pelo assassinato de John Kennedy, para evitar o primeiro homicídio de Mística e alterar o futuro.
Realmente, o enredo da história atrai e o resultado é um bom filme. Mas há algumas incoerências, sendo que a maior de todas é: como Patrick Stewart retornou ao filme, depois de ser totalmente picotado pela Fênix? Ele havia estabelecido um elo com um paciente, lembramos bem, para manter sua mente em outro corpo. Mas como esse corpo se transformou em Patrick Stewart? Essa inquietante incoerência pode ser um gancho para outros filmes, é a única explicação que me vem à cabeça agora. Magneto também havia perdido seus poderes de atrair metais. E, ao final de X-Men 3, ele atraía plástico (quando, num parque na cena pós créditos, ele movia uma peça de xadrez de plástico no tabuleiro). Mas agora, Ian Mckellen volta atraindo metais de novo. E aí? Como fica isso? É uma situação um tanto complicada se esquecer do que aconteceu no final do terceiro filme e começar uma continuação com esses reboots. Espera-se uma explicação em continuações futuras.
Outro detalhe altamente inquietante está na relação entre as espécies consideradas “normais” e as mutantes. O processo evolutivo é colocado como uma guerra entre uma espécie mais evoluída, nascida com mutações e considerada uma espécie “melhor” e a espécie “pior”, ou menos evoluída, sem as mutações. Quando nos lembramos da teoria da evolução das espécies de Charles Darwin, percebemos que esse maniqueísmo evoluído (melhor) X não evoluído (pior) é altamente implausível, pois as mutações genéticas ocorrem ao acaso e se elas estão mais adaptadas ao meio ambiente, elas sobrevivem; se não estão adaptadas, elas morrem. O mesmo acontece com as espécies sem mutação. Logo, é o processo de seleção natural que determina qual espécie sobreviverá ou não e não uma guerra entre elas. Pressupor evolução como melhora (algo que todo mundo faz) é uma ideia equivocadíssima. Evolução significa sim mudança e adaptação. Se a espécie sofreu mutação e ficou adaptada ao meio, isso significa que ela somente se adaptou. Se, no futuro, o meio sofrer alguma modificação e essa espécie não se adaptar, ela morrerá. Logo, a ideia de mudança e adaptação mais se adequa à ideia de evolução do que a ideia de melhora. Devemos nos lembrar que a ideia de evolução como melhora já provocou muitas desgraças no passado. Os europeus, ao usarem a teoria da evolução como melhora, justificaram as invasões imperialistas aos continentes asiático e africano com o pretexto de que a ”raça” europeia branca era mais evoluída e melhor que as “raças” negra e amarela. Os branquinhos europeus, mais desenvolvidos, civilizados e inteligentes, levariam o progresso e a civilização aos primitivos e atrasados africanos e asiáticos, quando os branquinhos queriam, na verdade, abiscoitar as riquezas desses continentes. Essa forma racista de usar a teoria da evolução é conhecida como “Darwinismo Social” e tem como base a ideia de evolução como melhora, o que provocou muitas mortes e empobrecimento na Ásia e África. Mas a coisa foi pior do que se imagina, pois o racismo do darwinismo social não foi utilizado somente no processo do imperialismo, mas também fez parte da ideologia nazista que, bom, todo mundo já sabe o que fez. Logo, é algo preocupante entender a questão da evolução no filme como uma guerra entre espécies mais ou menos evoluídas. Nosso querido professor Charles Xavier tem razão ao procurar a convivência pacífica entre humanos e mutantes, mas creio que essa questão poderia ser melhor discutida no filme, pois quem determina a sobrevivência ou a extinção de uma espécie não é uma guerra entre elas, mas sim a própria natureza.

De qualquer forma, apesar das ressalvas, “X-Men, Dias De Um Futuro Esquecido” é mais uma boa produção da Marvel, pois utiliza atores consagrados, indo desde medalhões como Ian McKellen e Patrick Stewart, passando por um grande nome como Michael Fassbender, indicado ao Oscar, e chegando até vencedores do Oscar (com destaque para Jennifer Lawrence e Halle Berry, subaproveitadíssima!!!), além de criar mais ganchos para novos filmes, aproveitando o amplo universo da HQs (Apocalipse vem aí).

 Cartaz do Filme.


A nova geração.


 Fera neném...

Magneto na pele do excelente Michael Fassbender

 E na pele de Ian McKellen


Wolverine não podia faltar.


 Mística, interpretada por Jennifer Lawrence.


Patrick Stewart e Omar Sy como Bishop.

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