sexta-feira, 6 de junho de 2014

Resenha de Filme - Heli

Heli. Violência Mexicana Nua E Crua.
Um filme extremamente violento, de uma crueza e covardia extremas. É o que podemos falar da produção mexicana “Heli”, que ganhou o prêmio de melhor diretor (Amat Escalante) em Cannes do ano de 2013. Ao entrarmos no cinema e presenciarmos o “18” negro ao lado do cartaz, já sabemos que a coisa irá ser barra pesada.
A história fala de um rapaz mexicano chamado Heli (interpretado por Armando Espitia), que trabalha numa fábrica de automóveis e vive com a namorada Sabrina (interpretada por Linda González), seu pequeno filho, a irmã Estela (interpretada por Andrea Vergara), de apenas 12 anos e o pai. Estela namora o soldado Beto, que está envolvido na guerra contra as drogas e conseguiu pegar dois tabletes de cocaína apreendidos pela polícia para vender e fugir com Estela para se casar. Mas ele será descoberto por policiais que são traficantes e a casa de Heli é invadida por eles, já que a droga estava escondida na caixa d’água. Mas Heli descobriu a droga e a jogou fora. O que segue é uma sucessão de cenas de extrema violência, onde a execução de um poodle dado por Beto a Estela, com o policial quebrando seu pescoço, é a cena mais leve. O pai é assassinado a rajadas de metralhadora e vemos a seguir muitas cenas de tortura e o enforcamento de Beto. Heli, depois de muito ser torturado, é deixado vivo. Estela desaparece nas mãos dos policiais e regressará depois de algum tempo, estuprada e grávida, não dizendo uma palavra sequer em virtude do trauma. Heli é interrogado pela polícia, mas ele não conta toda a história, pois teme que a polícia ache que sua família esteja envolvida com traficantes se a história da cocaína na caixa d’água for revelada. Entretanto, a volta dos policiais a sua casa ameaçando-o faz com que ele decida contar toda a história à polícia. Só que Heli ficará decepcionado com a policial, que diz que o processo será moroso em virtude da burocracia e também pelo fato de que a policial está mais interessada nos atributos físicos do rapaz. O trauma que a família de Heli sofreu foi tão grande que até as relações íntimas do rapaz com sua namorada ficarão prejudicadas (Sabrina não quer engravidar de Heli). Nosso protagonista acaba surtando com tamanha pressão e consegue achar um de seus algozes, matando-o estrangulado, assim como consegue voltar a se relacionar com sua namorada, com Estela abraçada ao bebê, totalmente muda, ouvindo tudo na sala ao lado do quarto. Fim.
Ops, aqui nós vemos a mesma sensação mencionada na resenha do filme brasileiro “Entre Vales”. Parece que a história acabou no meio, não? O desfecho não foi satisfatório? Mas o que podíamos esperar? Heli se vingando de todos os policiais, trucidando-os com armas de grosso calibre? Não, este é um filme mais pés no chão, embora Heli tenha matado um de seus algozes estrangulado, e nem vemos o rosto do infeliz. Assim como em “Entre Vales”, nossos personagens sofreram violentos traumas e o filme acabou justamente no momento em que eles apenas começavam a reconstruir suas vidas, pois nem sempre nos recuperamos plenamente de nossos traumas. O fim do filme em tal momento mostra-se extremamente oportuno para dar uma impressão maior de realidade, para que a coisa não pareça ficcional demais. Ainda porque a proposta do filme é denunciar a violência extrema do tráfico de drogas no México de hoje, algo que soa familiar em alguns países da América do Sul que falam português. A diferença que vemos aqui com relação a “Entre Vales” é que a tragédia atingiu mais personagens no filme mexicano, ao passo que, no filme brasileiro, a tragédia atingiu mais um personagem central. O filme mexicano também parece passar uma descrença maior com relação a um bom futuro, ao passo que em “Entre Vales” as perspectivas parecem um pouco mais otimistas.

Para finalizar, o bom filme “Heli” mereceu o prêmio de melhor diretor em Cannes no ano passado e sua maior virtude foi denunciar a violência do narcotráfico no México contemporâneo. Só lamentei profundamente os dois cachorrinhos assassinados no filme. Não suporto violência contra animais...


Cartaz do filme, com a fofíssima Estela (Andrea Vergara).


 Sabrina, Heli e Estela com seu cachorrinho.


Beto e Estela.


Heli sendo ameaçado.


Estela e Heli com o seu diretor...

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