terça-feira, 27 de maio de 2014

Resenha de Filme - Yo Yo

Yo Yo. A Magia Do Cinema Se Alia à Magia Do Circo.
Respeitável público! Bem que se poderia começar essa resenha assim. O delicioso filme “Yo Yo” é uma terna homenagem a duas formas de arte que, volta e meia, se encontram: o cinema e o circo. A conciliação dessas duas manifestações artísticas é muito bem orquestrada aqui pelo realizador do filme, Pierre Etaix.
Vemos aqui a história de um multimilionário em 1925, que leva uma vida cheia de mordomias, cercada por criados que fazem tudo para ele. Cabe dizer que, como o filme neste momento se passa na década de 1920, ele é mudo, e o uso da sonoplastia de portas abrindo e fechando de forma acintosa e satírica dá muita graça a este momento do filme. Apesar da vida cheia de luxos e confortos, o milionário tem algo para sofrer. Uma antiga namorada que desapareceu pelo mundo. Um belo dia, um circo passa por sua porta e ele pede uma apresentação particular, onde  redescobre sua antiga amada que tem um filho seu. Com o fim da década de 1920, vem o som no filme e a Grande Depressão, onde milionários falidos se jogavam pelas janelas e você não podia nem andar direito pela calçada sem tomar com um falido na cabeça. Nosso milionário também caiu em desgraça, não tendo nem uma cadeira para subir para se enforcar. Com isso, ele junta seus trapinhos com a antiga amada e faz junto com ela uma trupe mambembe, não sem também levar o filho, que já se vestia de palhacinho. Os anos foram passando e o menino cresceu, tomando um caminho diferente dos pais, tornando-se o grande palhaço Yo Yo. Cabe dizer aqui que tanto o milionário como o menino na fase adulta são interpretados por Etaix. Mas esse talentoso ator fez outros papéis ao longo da história, que é cheia de gags engraçadíssimas, como o redator de gags atrapalhado que não consegue escrever gags mas se atrapalha com seus objetos, ele mesmo fazendo inúmeras gags. Ou então sua interpretação de Hitler que se torna um Carlitos. Não devemos nos esquecer também da cena non sense do soldado no campo de batalha da Segunda Guerra Mundial, que corre por um campo atento ao que parecem tiros, mas na verdade ele está de olho numa bola de futebol que vai em direção ao gol, tentando defendê-la.
Nosso herói passa por inúmeros percalços, mas consegue construir uma carreira de sucesso e até recuperar a mansão do pai, além de iniciar um affair com Isolina, uma amiga de infância e trapezista. Ele se torna um grande ator de TV, levando sua carreira de forma altamente capitalista, esquecendo-se de toda a magia do circo. Numa festa na antiga mansão do pai, Isolina traz seus pais para falarem com ele, mas se recusam a entrar, num claro gesto de reprovação dos rumos altamente voltados para o lucro que seu filho tomou. Yo Yo entende o recado e sai da festa nas costas de um elefante, entrando numa lagoa cuja imagem se funde com a de um picadeiro, dando um desfecho altamente digno para um filme com um humor que muito lembra os besteiróis televisivos da década de 1980. Bom, como o filme é mais antigo (1965), fica fácil saber quem imitou quem.

Dessa forma, “Yo Yo” é uma pequena obra prima do cinema francês que deve sempre ser celebrada, por se tratar de uma comédia muito bem feita, ser muito engraçada e nos dar a certeza de que estamos diante de uma grande produção.

 Cartaz do Filme


Um milionário de vida muito confortável.


Mas que sofria pela ausência da amada.


 Um filho palhacinho.


Mãe e filho, que sairão em trupe com o pai após a depressão.


Yo Yo, já na fase adulta.


Gag. Amor em tempos de guerra.


Gag. Revolução socialista com direito a todos os Marx (inclusive Groucho).


Etaix como Hitler. Muito talento.


Yo Yo e Isolina.


Etaix e seu elefantinho.


O diretor Etaix em ação.

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