sábado, 12 de abril de 2014

Resenha de Filme - Refém da Paixão

Refém da Paixão. Síndrome de Estocolmo Levada Às Últimas Consequências.
Às vezes, as joias mais fulgurantes não brilham tanto. Passam quase despercebidas, mas possuem todo um frescor especial. Estão lá, escondidinhas, mas, quando descobertas, se abrem a nós em todo o seu esplendor. E tocam. E emocionam. É isso que podemos falar do ótimo filme “Refém da Paixão” (“Labor Day”, dirigido por Jason Reitman).
A história gira em torno de Henry (interpretado por Gattlin Griffith) e sua mãe Adele (interpretada pela sempre maravilhosa Kate Winslet). Eles vivem sozinhos depois que o marido (e pai) os abandonou. Henry sentia muito a vida melancólica da mãe, que havia desistido do amor. Ele tentava cobrir a mãe de todos os mimos, sendo “marido por um dia”, mas faltava “aquilo”. Um dia, nas monótonas compras do mês no supermercado, eles encontram Frank (interpretado por Josh Brolin), um fugitivo da prisão com uma incisão de uma apendicite aberta. Frank precisava se esconder da polícia e descansar para se recuperar de seu ferimento, o que deixou mãe e filho apavorados. Mas Frank pouco a pouco conseguiu acalmá-los e foi conquistando a confiança de Adele e Henry assim como também a sua afeição, num caso típico de síndrome de Estocolmo, onde sequestrador e sequestrado iniciam um relacionamento que os aproxima cada vez mais. É interessante notar que tudo isso acontece apesar de alguns contratempos, como o fato de Henry e Adele descobrirem que Frank cumpre pena de dezoito anos de prisão por assassinato e o fato de Frank amarrar Adele para “simular” um sequestro caso a polícia chegue a casa, já que manter voluntariamente um foragido da justiça é considerado crime e Frank não quer prejudicar a família que o esconde espontaneamente. Aos poucos, Frank se torna o marido e pai que Adele e Henry não tinham: conserta o jardim, o carro, limpa a casa e até cozinha. A sequência mais bonita do filme é o preparo de uma torta de pêssegos, onde toda uma linguagem corporal entre Frank e Adele mostra como a dona de casa ressuscita seu gosto pelo amor. O envolvimento entre os três fica cada vez maior e Adele e Henry não querem mais que Frank vá embora. Um ciúme em Henry por ver Frank se aproximando da mãe também aparecerá e será alimentado por uma amiguinha de Henry. Mas o ciúme que poderia ter sido mais desenvolvido no roteiro não passou muito de um sentimento vago, pois uma crise entre o trio Adele-Henry-Frank ficaria fora do contexto, já que o filme se ampara muito na forte química entre os três personagens. Adele e Frank resolvem fugir para o Canadá e levar Henry junto (que pensava que ia ficar para trás, daí a crise temporária de ciúme), mas, aos poucos, Henry vai sendo descoberto por amigos e vizinhos e termina preso, não sem antes amarrar Adele e Henry para protegê-los de qualquer incriminação. Se antes, mãe e filho eram amarrados num clima de medo provocado por um estranho, agora eles eram amarrados também num clima de medo, mas medo pela perda iminente de um ente querido. Paralelamente a essa trama, vemos no desenrolar do filme a história pessoal de Frank e porque ele cometeu assassinato. Ele era um bom pai, com esposa e filha pequena. Mas a esposa o traiu e, enquanto enchia a banheira com a criança dentro, Frank escuta a esposa chegando a casa. Ele pergunta se o bebê é dele e não de outro homem e recebe um sorriso sarcástico da esposa. Irritado, ele a empurra, a moça perde o equilíbrio e bate a cabeça acidentalmente no aquecedor de ferro, morrendo em seguida. Ao mesmo tempo, o gotejar no teto indica a banheira transbordando com o bebê já afogado no banheiro, que está na parte de cima da casa. Assim, Frank tinha uma família que ficou destroçada, da mesma forma que Adele e Henry. Na verdade, Frank e Adele eram ambos fugitivos. Frank, de seu passado sombrio e da justiça; e Adele, de sua melancolia provocada pela separação que, por sua vez, é o resultado da fuga do ex-marido de Adele, que não aguentou a tristeza dela por não poder mais gerar filhos. Assim, vemos o filme como um loop de fugas que provocam mais fugas, tal como num efeito dominó. O próprio Henry se afastará da mãe após a prisão de Frank para poder seguir com sua vida adiante. Entretanto, apesar do filme mostrar muitas situações tristes e, aparentemente sem saída, That´s Hollywood e o happy end salva o dia. Não sem antes Tobey Maguire, que narra o filme, fazer uma ponta como o adulto Henry em seu final. Quanto ao desfecho do filme, só vou falar que a torta de pêssegos desempenha um papel crucial novamente.

“Refém da Paixão” é, então, uma história muito envolvente. Uma história de redenção. Uma história que mostra que todos nós merecemos uma segunda chance. Uma história de esperança. Vejam, tenham e guardem.

Lindo cartaz do filme.


Adele, Henry e Frank no supermercado. Tensão.


Simulação de sequestro.


Sequência da torta de pêssegos: a mais bonita do filme.


Frank e Adele se aproximam


Ensinando beisebol.


Intimidade entra Adele e Frank encuca Henry.


Prisão de Frank. Amor já revelado. Dor da nova separação.


Tobey Maguire, nosso eterno Homem-Aranha, como Henry em sua idade adulta.

3 comentários:

  1. Pft esse filme... S´tenho a agradecer...

    ResponderExcluir
  2. Gente como foi o final a sky saiu do ar bem na hora da loja de torta do rapaz

    ResponderExcluir
  3. Eu adorei esse filme. Para todos saberem que enquanto há vida, há esperança de encontrar a felicidade. Eu estou vigiando em assistir filmes de madrugada.

    ResponderExcluir