domingo, 13 de abril de 2014

Resenha de Filme - As Grandes Ondas.

As Grandes Ondas. Transmitindo Cravos e Revoluções.
Imagine você presenciar uma revolução ao vivo. Uma revolução que é a apologia da liberdade, onde não há praticamente derramamento de sangue. Uma revolução rápida, louca e que ficou marcada em você pela experiência única. Essa é a impressão de “As Grandes Ondas” (Les Grandes Ondes), uma produção da França, Suíça e Portugal de 2013 dirigida por Lionel Baier, inspirada numa história real.

Estamos em abril de 1974, na Suíça. Em uma rádio, vemos a conversa entre o responsável por sua programação e um executivo. Há um clima de tensão, pois o responsável pela programação, Philippe de Roulet (interpretado por Jean-Stephane Bron), está preocupado em fornecer  programas de conteúdo ideológico e politizados, ao passo que o executivo quer uma programação baseada em entretenimento e amenidades. Assim, de Roulet envia a Portugal uma pequena equipe para obter notícias que entretenham a audiência e mostrem as contribuições da Suíça àquele país. Essa equipe é formada pela feminista Julie Dujonc-Renes (interpretada pela bela Valérie Donzelli), pelo repórter Cauvin (interpretado por Michel Vuillermoz), um veterano repórter de guerra que perdeu a memória imediata, tendo que gravar toda hora suas lembranças em um grande e pouco prático gravador, e pelo técnico de som Bob, próximo à sua aposentadoria (interpretado por Patrick Lapp). O filme é uma deliciosa comédia onde vemos nossos protagonistas se embananando todo o tempo com as grandes contribuições suíças a Portugal: um relógio suíço para uma escola, um conjunto habitacional que não saiu do papel, etc. Cauvin pensava que falava português e mal se comunicava com os gajos locais (ele dizia que tinha aprendido português brasileiro, daí a dificuldade de comunicação), até que nossos radialistas encontraram o jovem Pelé (interpretado por Francisco Belard), que sabia francês, pois seu pai era projecionista de cinema e aprendeu a falar francês com os filmes. Pelé, então, se tornará o intérprete do grupo. Mas as matérias encontradas por nossa trupe são um desastre, sobretudo a entrevista com o português racista, muito hilária. Fracassada a missão, a equipe retorna a Lausanne, Suíça, mas se perde no meio do caminho (Cauvin esqueceu o caminho de volta e não sabia nem sair de Portugal). Foi aí que eles se depararam com uma equipe de rádio da Bélgica, que lhes informou que a Revolução dos Cravos estava em pleno andamento, com os militares eliminando os últimos resquícios de salazarismo (o equivalente ao fascismo em Portugal) e colonialismo. Sem praticamente disparar um tiro, a revolução era uma apologia à liberdade, com muita celebração na rua, beijos na boca e surubas aqui e ali, num verdadeiro Woodstock lusitano, onde nossos protagonistas se divertiram muito (Pelé até perdeu sua virgindade!), à exceção de Cauvin, que assistia a um discurso de um militar português e, ao ser descoberto que era suíço, foi também colocado para discursar com seu português macarrônico que ninguém entendia, mas que achavam maravilhoso, sendo outro momento engraçadíssimo do filme. Ao final, vemos o real destino de nossos protagonistas. Bob se aposentou, Cauvin morreu num acidente automobilístico, Julie continuou trabalhando na rádio e Pelé se tornou ator de filmes eróticos. A Kombi onde viajava nossa trupe acabou exposta num museu da rádio. Assim, o filme “As Grandes Ondas” é uma comédia muito interessante de se ver por tratar dessa inusitada história real onde a vida foi mais imaginativa que a arte.

Nossa simpática equipe.


Cauvin, Julie e Bob.


Cauvin no meio da revolução.


Julie enfrentando um tanque português.


Pelé e Cauvin.


Discurso de Cauvin. Parte hilária do filme.


A beleza de Julie é estonteante!


Revolução dos Cravos. Triunfo da liberdade e do amor.

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